Tata Martino assumiu a Albiceleste logo após o fim da copa do mundo de 2014. Seu antecessor havia feito trabalho brilhante, criando um bom sistema defensivo (mesmo com nomes questionáveis) e levando até a final uma seleção que estava destruída fisicamente. Messi vinha aparentemente um pouco acima do peso e vindo de uma temporada de lesões, Higuain também havia sofrido uma lesão pouco antes da copa, assim como Aguero que se contundiu novamente no torneio. Além do trio ofensivo, Dí Maria vinha de um esgotante fim de temporada no Real que resultou na sua lesão durante as quartas de final. Junte a isso duas prorrogações ao longo do torneio e a seleção de Sabella só caiu no fim de outra prorrogação.
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| Dí Maria se contundiu nas quartas da copa de 2014 e foi desfalque importante na reta final |
Tendo em vista o bom trabalho do antecessor, o correto seria manter o que foi feito e aperfeiçoar alguns pontos. Não para Tata Martino. Ele abdicou do extremamente letal jogo de contragolpes para apostar num estilo de posse bola. Porém, vários dos nomes utilizados não se enquadram nessa proposta. O 4-3-3 implantado isola quase sempre o centroavante da equipe, já que nenhum dos meio campistas se aproxima da zona de definição ofensiva, ficando quase sempre armando o jogo de trás. Além disso, os pontas utilizados não costumam fazer a diagonal para se aproximar do centroavante (exceto Messi), dificultando mais o seu trabalho. Messi quando joga pelo lado, não costuma ter a aproximação de quem vem da esquerda para o centro, se limitando a tabelar com Aguero ou o não tão refinado tecnicamente Zabaleta, já que Pastore costuma ficar muito recuado. Na copa América, não foram poucos os casos em que ele realizou inversões para Dí Maria, partia para o centro e não recebia de volta (o que já é bem comum acontecer no Barcelona com Neymar). Os laterais costumam jogar sempre muito à frente, mesmo sem características para isso, vide os zagueiros Rojo e Roncaglia que por vezes jogaram assim. A defesa antes sólida com Sabella vem tendo rendimento abaixo do esperado mesmo com a grande ascenção de Otamendi. Seus erros já custaram o título da Copa América (quando a Albiceleste era favorita), derrotas em amistosos e um fiasco já na estreia das Eliminatórias (primeira derrota na história para o Equador dentro da Argentina).
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| Agüero é o artilheiro da seleção na era Tata, mesmo jogando num esquema que o prejudica |
Quanto as convocações, algumas escolhas são questionáveis. O bom e jovem goleiro Rulli ainda não recebeu oportunidades na seleção, enquanto Guzman e o titular (com méritos, porém não confiável e por vezes reserva em seus clubes) Romero são praticamente unanimidades. Outro não aproveitado é o também jovem Mauro Icardi, artilheiro do último campeonato italiano com 22 gols. O erro se torna mais grave quando ele é preterido por Carlos Tévez.
A última frase pode soar estranha, na qual você deve estar pensando: "Poxa o Tévez é um craque, jogador melhor que o Icardi, jogou muito pela Juventus". A afirmativa é verdadeira, mas quando se analisa o rendimento de Carlitos na seleção se entende o motivo da crítica. Normalmente chamado de "Craque do povo", em função de sua origem, de ser ídolo da maior torcida do país e por ser um jogador raçudo com qual a torcida se identifica, tem um desempenho totalmente contrastante com o status recebido. Dedicação não lhe falta, mas é talvez o excesso de vontade que o prejudica. Parecendo sempre afobado, Tevez erra passes, toma decisões equivocadas, tenta dribles e arrancadas sem espaço e finaliza com força excessiva, normalmente sem pontaria. Ontem diante da defesa do Equador (que passa longe de ser excepcional), novamente perdeu todos os lances. As poucas chances claras da seleção surgiram quando Agüero ainda estava em campo. Quando se analisa as estatísticas comparadas com outros jogadores ofensivos (incluindo o questionado Gonzalo Higuain e Angel Dí Maria que não é bom finalizador por característica) fica ainda mais claro o baixo rendimento do Apache:
Sérgio Agüero: Jogos: 68 Gols: 32 Média: 0,47
Gonzalo Higuaín: Jogos: 52 Gols: 25 Média: 0,48
Lionel Messi: Jogos: 105 Gols: 49 Média: 0,46
Ángel Dí Maria: Jogos: 67 Gols: 15 Média: 0,22
Carlos Tévez: Jogos: 75 Gols:13 Média: 0,17
Protagonista de fiascos, causador de problemas do elenco e ainda com péssimo rendimento. Tévez já deveria ser carta fora do baralho da Albiceleste. Entretanto Tata parece não olhar muito para o passado. Por enquanto ele se mantém, apenas com o que faz pelo clube e com o título de "Craque do Povo".
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| Tévez passa longe de justificar a alcunha dada a ele |




