Grandeza imensurável


29 de Novembro de 2016, às vésperas daquele que seria o maior jogo da história do clube mais querido para os brasileiros, ocorre uma tragédia aérea que abalou não só a nação, como todo o mundo. Não foram apenas os apaixonados pelo futebol que sentiram a dor de uma perda que jamais poderá ser reparada. Todas as vozes do planeta clamaram pelas mais de 70 vidas que se foram, pela Chapecoense e por toda a esperança na humanidade. Homenagens por todo o mundo, tanto feitas por futebolistas quanto mostradas nos monumentos ícones de cada país, mostram que todos os bons corações se tornaram alviverdes. Porém esse texto foi feito para homenagear outro alviverde, que merece todos os aplausos do mundo.

O maior e mais popular time da Colômbia, uma das maiores e mais vencedoras equipes de toda a América, um dos clubes mais clássicos da história reconhecido pela FIFA, com tantas lendas como a de Pablo Escobar e ídolos conhecidos por todo o mundo como o folclórico René Higuita. Esse é o Club Atlético Nacional de Medellin. Mas, apesar de toda a grandeza esportiva, mostrou-se nesse episódio ser enorme também fora das quatro linhas. 

Atuais campeões da Copa Libertadores, os colombianos estavam a um passo de se tornarem novamente parte da história, onde conquistaram não só o maior torneio nacional como a Copa da Colômbia e são os favoritos para a conquista do Campeonato Colombiano. Também eram os favoritos a levar o título da Copa Sulamericana, onde disputariam com a Chapecoense até acontecer o que todos infelizmente sabemos. Mas com um gesto de solidariedade, o primeiro a ser tomado após o lamentável fato, o clube abdicou do título que seria inédito para declarar como legítimo campeão o time de Chapecó. Uma homenagem bastante simbólica e que demonstra uma enorme compaixão pelas vítimas, mas que não para por aí.

Aos cantos de “Que escutem em todo o continente, sempre recordaremos o campeão Chapecoense!”, a torcida verdolaga provou o seu tamanho desde a terça-feira, prestando homenagens às vítimas e ao clube catarinense. A diretoria do time formalizou o pedido de uso da camisa da Chapecoense para o clássico contra o Millonarios, pediu aos torcedores para que doassem sangue aos hospitais onde estão os sobreviventes e o próprio presidente foi auxiliar o resgate das vítimas. 52 mil torcedores vestidos de branco e segurando velas lotaram o Estádio Atanasio Girardot, onde prestaram o minuto de silêncio e cantaram músicas bradando a equipe de Santa Catarina. “Recordaremos ao Campeão”, “Vamos, Vamos Chape!”, “De nossa parte e pra sempre, Chapecoense campeão da Copa Sulamericana de 2016” e outros tributos foram gritados por vozes trêmulas em contraste com o choro da tristeza. 
Sem bola ou jogadores: a maior partida do ano.

O agradecimento massivo dos brasileiros, tanto pelas redes sociais como representadas pelo Ministro de Relações Exteriores José Serra foi o reflexo de tamanha dignidade prestada pelo clube e pela torcida, que mostrou ao mundo que o futebol não é apenas um esporte. 

Gigante, Imenso, Grandioso, Extraordinário. Palavras que descrevem com perfeição o digníssimo clube colombiano. Os gestos de bondade vindos de Medellín provam à todos que no campeonato da Humanidade, o Atlético Nacional se sagrou campeão com folga.
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