A nova safra de craques que surge no quintal de casa


Após o vexame da copa do mundo de 2014, a palavra da vez foi “renovação”. Era consenso que nosso futebol precisava de uma reformulação, e, sobretudo, de novos jogadores. Muito se falou da escassez de novos talentos, da dificuldade de encontrar peças chaves para suprir as carências da seleção mais vitoriosa do mundo. Hoje, mais de um ano após a tragédia, será que o problema é mesmo a nova safra?

Talvez um dos maiores problemas enfrentados por torcedores e pela própria crítica esportiva seja a inevitável comparação com craques do passado. Hoje todos querem, de imediato, um lateral como Roberto Carlos, centroavantes como Ronaldo, Romário e essa carência de ídolos nos faz ser imediatistas a ponto de desprezar os bons nomes que temos, uma geração promissora que ainda poderá fazer-nos voltar a sorrir.

Atualmente, só aqui no Brasil, podemos citar jogadores que podem, em breve, resgatar o brilho e respeito que a seleção merece. Podemos montar um time apenas com jovens jogadores e o mais importante, que atuam nos nossos domínios, o que é um fator determinante para que sejam melhor observados para eventuais convocações para seleções de base, no intuito de adquirir experiência. Poderíamos ter os seguintes titulares num 4-3-3:



Para o gol, podemos citar Alisson, do Internacional, que já vem sendo convocado e é muito novo para um goleiro.

Nas laterais também estamos bem servidos. A dupla que se destacou no mundial sub-20 deve presenciar em breve as listas da seleção principal. Jorge e João Pedro chegam facilmente ao ataque, e embora tenham que trabalhar muito a parte defensiva, são regulares na hora de marcar.

A defesa não fica para trás, Jemerson, do Atlético MG, já figura as listas dos melhores do Brasil há algum tempo, e Marlon, que mesmo novo, comanda a defesa do Fluminense. Defensores, altos e rápidos, características interessantes para o futebol atual.

Para o meio campo, teríamos dois volantes de maior marcação, mas com excelente saída de bola. Walace e Otávio são o que chamam de "volante moderno", função de carência na seleção atual, e imprescindível na maioria dos esquemas táticos. À frente deles, Gerson, do Fluminense, pode fazer o papel de armador, também ajudando na recomposição. Esse já está vendido para a Europa, mas ainda tem alguns meses de Brasil.
Walace cresceu demais com Roger Machado, o futuro é muito promissor


No setor ofensivo talvez tenhamos nossos jogadores mais talentosos. Luan vem sendo o principal responsável pelo alto rendimento gremista. É muito técnico, oscila o normal para a idade, mas tem muita capacidade e margem de evolução. Ao lado dele, Gabriel Jesus e Gabriel Barbosa dariam o toque diferente ao nosso time. O palmeirense atuando aberto ou até mesmo pelo meio tem a capacidade de quebrar qualquer defesa, enquanto o santista é o "nove moderno", que cai pelos lados e se posiciona muito bem para finalizar com extrema facilidade.

Além desse time, poderíamos facilmente citar outros jogadores de até 25 anos e que ainda podem render muito pela seleção, tais como os já firmados na Europa: Neymar, Philipe Coutinho, Lucas Moura, Rafinha e Marquinhos.

O trabalho de observação requer cuidado, e principalmente paciência. Muitas das nossas promessas deixaram de deslanchar por se iludirem com um sucesso momentâneo causado pelo furor feito pela mídia e até mesmo pelos torcedores. Além de tudo, é preciso ter pé no chão. A evolução deve ser gradativa e passa por um processo complexo de blindagem, que é cada vez mais atrapalhado pelo ego inflado dos nossos jovens talentos, cada vez mais sedentos por fama e mídia.
A fama e a mídia têm sua parcela de culpa no fracasso de Adryan

Acompanhados cuidadosamente de perto, nossa safra poderá render bons frutos. É necessário bem mais do que talento para vingar no futebol, isso é verdade sabida. Técnicos, profissionais dos clubes, e até mesmo a família tem papel primordial nesse processo que é árduo, porém benéfico para todos.

O Brasil clama por novos talentos e já temos um roteiro certo a ser seguido. A receita do bolo é simples e deve ser seguida à risca. Se contrapondo às opiniões muitas vezes infelizes sobre uma safra ruim produzida pelo país conhecido por revelar os melhores jogadores para o mundo, nossos meninos surgem em silêncio no nosso quintal, para, em breve, fazerem barulho com o tão esperado grito de hexacampeão.

Texto com colaboração de Andrew Sousa
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