Paulista - Ferroviária


A Ferroviária entra no Campeonato Paulista com a missão de surpreender. Após 2016 movimentado, a busca pela manutenção na elite estadual ainda é o objetivo principal da equipe, que também almeja uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro. Existe uma linha tênue separando o sucesso do fracasso no estadual. A própria Locomotiva provou disso, tendo início brilhante no campeonato passado e queda vertiginosa poucos jogos depois, quase culminando no rebaixamento da equipe.

O técnico Antônio Picolli, que assumiu o comando da equipe após a demissão do português Sérgio Vieira, conseguiu ótimos resultados na Copa do Brasil e também na Copa Paulista. O elenco montado em sua maioria por empréstimos e contratos curtos se desmanchou dias antes da equipe grená enfrentar o Fluminense pelo torneio nacional. Apesar disso, do placar adverso de dois gols, pênalti perdido e de um jogador a menos, a Ferroviária buscou a virada e conquistou um excelente empate em 3 a 3 com o clube carioca. A eliminação viria no jogo de volta, mas nada que apagasse a ótima partida da equipe.

No torneio estadual, disputado geralmente por equipes sem divisão no cenário nacional, a equipe da Ferroviária foi montada às pressas, formada em sua maioria por garotos. Apesar disso, a campanha foi muito boa. Após atropelar quem via pela frente nas duas fases de grupo, eliminou Nacional e São Caetano, realizando a final contra o XV de Piracicaba. Derrotada fora de casa por 2 a 0, buscou o placar adverso em casa em um épico 3 a 1. No entanto, os pênaltis coroaram o time piracicabano, que se classificou para a Série D. Para a Locomotiva, o sonho adiado por pelo menos mais um ano. De consolação, a chance de disputar novamente a Copa do Brasil, enfrentando o Asa de Arapiraca.

A diretoria manteve Picolli para a disputa do Estadual e montou o elenco sem medalhões ou jogadores badalados. A parceria com o Atlético-PR, que cedeu vários jogadores à equipe no ano passado, perdeu a força e a Ferroviária precisou buscar alternativas em um mercado extremamente desfavorável. A derrota na final da Copa Paulista frustrou algumas negociações, que apenas aguardavam a concretização do título grená e a vaga na Série D do Brasileiro.
Time preparado para a disputa do Paulistão.

Para o gol a Ferroviária manteve os goleiros Matheus e Tadeu, que disputaram a Copa Paulista. Matheus, inclusive, grande destaque da equipe e melhor goleiro do campeonato. O goleiro César, emprestado pelo Flamengo, chega para disputar a titularidade com Matheus. Na defesa, Luan, Patrick e Raniele foram mantidos no elenco após o torneio estadual. Leandro Amaro, ex-Guarani, deve ser o parceiro de Luan no time titular. O volante Rafael Castro também pode atuar na posição.

Para a lateral direita foi mantido Willian Cordeiro, um dos destaques da Copa Paulista. Do CRB chegou Jonathan Bocão que, a princípio, deverá ser titular. Na lateral esquerda o prata da casa Sávio deverá disputar posição com Zé Mário, contratado por empréstimo vindo do Internacional. O também prata da casa Ian Souza também atua na posição, apesar de ter atuado como volante nos treinamentos recentes.

São muitas opções para volantes. Rafael Castro, Renato Xavier, Kaio Fernando e Fábio Souza foram mantidos no elenco. As chegadas de Claudinei (América-MG), Flávio (Vitória) e Matheus Bertotto (Internacional) esquentam a disputa pela titularidade na equipe. Os dois últimos são tidos como boas promessas e foram emprestados por seus clubes para ganhar experiência.

Flávio tem apenas 20 anos e foi a revelação do Campeonato Baiano de 2016. Já Bertotto, de 23 anos, atuou algumas vezes na equipe principal do Inter, mas perdeu espaço em uma sequência de lesões.

Na parte ofensiva, a Ferroviária repatriou o velho conhecido e ídolo grená Alan Mineiro, um dos grandes responsáveis pelo acesso, vindo em empréstimo do Corinthians. O nome de Juninho, um dos destaques do Audax na campanha do vice-campeonato estadual em 2016 também é uma novidade, com o jogador podendo atuar no meio ou na ponta. O veterano Fernandinho, de 36 anos e revelado na própria Ferroviária, veio do Japão para reforçar a equipe.

Nas pontas, Kelvy e Elder Santana continuam no elenco da Locomotiva. O segundo chegou a jogar a Flórida Cup pelo Atlético-MG, mas foi novamente emprestado. O jovem ponta esquerda Capixaba, que atuou pelo Galo na competição junto com Elder Santana, também reforçará o setor ofensivo grená vindo por empréstimo do clube mineiro.

O comando de ataque traz duas polêmicas. Bruno Lopes não é uma delas. O experiente atacante que chegou já na segunda fase da Copa Paulista agradou bastante e segue na equipe, brigando por titularidade. Uma das polêmicas é velha conhecida do clube e torcedores. O atacante Tiago Marques, que acumula duas passagens pela Locomotiva, retornou ao clube araraquarense.

A polêmica se passa na última transferência do jogador. Logo após o Campeonato Paulista do ano passado, Tiago Marques se transferiu ao Botafogo-SP, um dos rivais da Ferroviária. A transação e alguns comentários do atacante não agradaram parte da torcida grená, que não perdoou o retorno do jogador.

A outra polêmica gira em torno do experiente atacante Leonardo, do Atlético-MG. O rodado centroavante de 34 anos está a dois anos sem atuar em nenhuma partida e sofre com incontáveis lesões que atrapalham seu desempenho. Seu último jogo ocorreu em 2014, quando ainda atuava no Sport. A idade de Leonardo, as insistentes lesões e o tempo sem atuar geraram muita desconfiança nos torcedores.

Um elenco que mescla juventude com experiência, sem grandes nomes e dependendo demais do encaixe tático da equipe. Ainda não há esboço do time titular, sendo a única pista até agora um amistoso realizado contra a equipe do Barretos. A base da equipe deve ser: Matheus (César), Jonathan Bocão, Leandro Amaro, Luan e Sávio (Zé Mário); Claudinei (Rafael Castro), Flávio, Bertotto (Fábio Souza), Alan Mineiro e Juninho; Bruno Lopes (Tiago Marques). Picolli aparenta treinar a equipe titular em um 4-3-2-1, mas a tática ainda é uma indefinição.

Apesar da perda do título da Copa Paulista e de escapar do rebaixamento apenas na última rodada, a Ferroviária teve um 2016 positivo. Fez frente ao Corinthians e venceu o Palmeiras em pleno Allianz Parque logo em seu primeiro ano na elite (depois de 19 anos). Empatou heroicamente com o Fluminense e fez uma Copa Paulista praticamente impecável. Problemas extra-campo contribuíram muito para a queda brusca de rendimento da "Barcelona do Interior", como era chamada no estadual passado. Hoje os holofotes são outros, mas a vontade de vencer e a tradição serão sempre as mesmas.
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