Padre Adilson da Rocha é o segundo em pé da esquerda para a direita (ao lado do maior jogador do time). |
O futebol é, sem sombra de dúvidas, o esporte mais popular do mundo. A paixão pela modalidade acomete grande parte do planeta. Não há distinção de cor, região, poderio econômico, profissão. Quando a bola rola, milhões viram um só. São doutores abraçando professores, pedreiros abraçando banqueiros e estudantes abraçando padres. Sim, padres.
Quando se fala de futebol em meio aos representantes religiosos muito olham com estranheza, porém, a Clericus Cup mostra que a prática é bem normal para eles. Prova disso são os 404 padres de 66 nacionalidades diferentes que participam da competição, que, apesar de contar com 18 times, não é um campeonato profissional, como conta o Padre Adilson da Rocha, da arquidiocese de Pouso Alegre, em Minas Gerais:
“O principal objetivo é a confraternização, a amizade entre os colégios de diversas nacionalidades e congregações religiosas. O benefício para os participantes e para quem acompanha é o do lazer, da diversão, da amizade. Não é um campeonato profissional. O que mais vale é a participação.”
Alguns fatores diferenciam a copa dos demais torneios. O tempo de jogo é um deles. São duas etapas de trinta minutos. Além dele, outra diferença bastante notável é a existência do cartão azul. Ele serve como uma advertência e o jogador punido têm de ficar fora de campo por cinco minutos. Isso, pois, mesmo pregando a união, é normal que, dentro de uma partida, aconteçam desentendimentos.
“Também temos os nossos momentos de impaciência. Às vezes nos estranhamos dentro do campo com o adversário e cobramos algo do companheiro de time. Mas tudo fica dentro do campo. Sempre pedimos desculpas ao colega por qualquer coisa que não saiu de acordo com o principal objetivo”
Partida disputada próximo a Basílica de São Pedro. (Foto: Divulgação Clericus Cup) |
Mesmo com algumas desavenças, nada de violência. A copa dos padres também tem esse objetivo, passar uma mensagem de paz no esporte, sem brigas dentro e fora do gramado. “A violência trai o objetivo de qualquer esporte. Quem a pratica não entende o que é o futebol”, afirma o padre Adilson.
Durante o torneio, é normal que as arquidioceses, rivais dentro de campo, confraternizem fora dele. As conversas muitas vezes são em torno da paixão em comum que todos cultivam: o futebol. Os brasileiros se destacam, é claro, por conta de toda nossa relação histórica com o esporte.
“Não temos tanto tempo de acompanhar o futebol do Brasil daqui. Estudamos muito e o futebol para nós é um momento de lazer. Mas cada um acompanha as notícias do seu time preferido. Quanto a seleção estamos sempre ligados. Além de trazer na memória os bons momentos vividos pelo nosso futebol. Tudo isso é matéria de assunto entre nós. Somos padres e brasileiros. Essa paixão também nos acompanha.”
A equipe brasileira, capitaneada pelo Padre Carlos Gomes, ex-goleiro do Goiás que deixou a carreira para entrar no seminário, venceu a seleção belga na estreia da Copa do Mundo dos Sacerdotes Católicos. A partida terminou 2-1 para o Colégio Pio Brasileiro, representante do Brasil em Roma. Depois disso, mais uma vitória e uma derrota.
Entre padres, jovens ou qualquer pessoa, a intenção de uma partida de futebol devia ser a mesma, afinal, todos somos apaixonados pela mesma coisa. A mensagem da Clericus Cup é gigantesca por isso. Não há fronteiras para o futebol, um esporte que devia unir e ensinar muito. Boa sorte aos padres brasileiros e todos os participantes. O que menos importa nesse caso é o troféu. Todos são campeões.
“Obrigado pela oportunidade! Deixo um abraço aos amigos que estão nos acompanhando e torcendo por nós! Deus os abençoe.”