Estrelas secundárias #05 - Claude Makélélé


Makélélé foi um guerreiro. Em campo e fora dele. O volante nasceu e passou parte de sua vida na pobreza que havia na República Democrática do Congo. Mudou-se para a França ainda jovem. Revelado pelo Nantes, passou cinco anos no clube, onde chegou a ser campeão francês. Desde jovem mostrava fôlego interminável e a excelente capacidade de proteção da zaga.

A campanha pelo Nantes foi marcante, a equipe chegou a ficar 32 jogos invicta e Makélélé, na época em função mais ofensiva, ajudava a comandar a intensa pressão sem a bola do ultra ofensivo time do técnico Jean-Claude Suaudeau. Por outro clube francês, o Olympique de Marseille, o sucesso não foi tanto e de lá ele se transferiu para o Celta de Vigo.

A adaptação foi rápida e Makélélé formou uma ótima dupla com Mazinho. Foi no Celta que ele se consagraria definitivamente como um “carregador de piano”. Sempre incansável, era o responsável por equilibrar o ofensivo time da Galícia.
No Celta ele "se descobriu" um carregador de piano.

O destaque na Liga Espanhola não passaria despercebido. O Real Madrid, que podia contar cada vez menos com seu grande meio campista dos anos 90, resolveu vender o craque Fernando Redondo para o Milan. Tarefa árdua, seria praticamente impossível propiciar a mesma qualidade com a bola. Porém, o francês compensou a sua maneira. Se multiplicando em campo era preciso ao desarmar, apesar de não apelar para carrinhos, e conseguia realizar isso com grande frequência já que parecia estar sempre correndo atrás dos adversários.

Makélélé não foi nem de longe um Fernando Redondo, mas sua importância foi notada. Numa equipe com craques como Zidane, Figo, Raúl e Roberto Carlos, foi o ponto de equilíbrio para a conquista da Champions League diante do Leverkusen.

Porém, Florentino Pérez, em sua forma megalomaníaca, tinha sede por um esquadrão imbatível: Os Galáticos. Ronaldo seria o primeiro contratado. Mas vale lembrar que Makélélé não era craque. Com isso foi se tornando menos valorizado pelos dirigentes madridistas. O aumento salarial requisitado não seria atentido e em 2003, o jogador fechou sua transferência para a potência em ascensão e então “novo milionário” Chelsea. O Real também tinha perdido o ídolo Hierro, mas a única contratação foi David Beckham. Craque, porém não era o que a equipe necessitava. O sintoma de sua importância foi passado, com a eliminação na Champions League para a Juventus (Makélélé não jogou, ele seria em tese o marcador de Pavel Nedved, que em grande atuação, foi decisivo contra o Real). A equipe entrou em colapso. Mudanças de comando e um frustrante terceiro lugar no espanhol, perda do título da Copa do Rei para o Zaragoza e eliminação para o Mônaco na Champions, com direito a gol de Morientes, outro “renegado” no projeto dos Galáticos.
Desvalorizado entre os galáticos, o francês acabou indo defender as cores de um "novo milionário".

Já no Chelsea e recebendo o dobro do que ganhava em Madri, o estilo intenso da Premier League fez bem ao francês. Já não era nenhum garoto, porém para muitos foi lá que ele viveu o seu auge como jogador. Makélélé era menos discreto com a bola nos pés, porém tão imprescindível quanto nas ações defensivas. Ao lado de Lampard, Tiago (depois Essien), foi novamente peça importante. Com ele, o Chelsea conquistou os primeiros títulos da “Era Abramovich”.

No período pelo Chelsea, uma competição importante no meio do caminho pela seleção. De grande Copa do Mundo em 2006, ao lado de Patrick Vieira, colaborou para que Zidane tivesse o último e intenso brilho de sua carreira. A seleção francesa foi a responsável por eliminar a seleção brasileira que contava com Kaká, Ronaldinho, Robinho, Ronaldo e Adriano. Todos em bons momentos na carreira, porém num dia em que o meio campo francês foi dominante e esses nomes pouco produziram.

Com seis conquistas pelo Chelsea, Makélélé ficou até 2008 e deixou o clube como ídolo. Pelo PSG ainda conquistou uma Copa da França antes de se aposentar em 2011. Se não era um craque capaz de driblar três ou quatro marcadores ou de acertar lançamentos de 50, 60 metros com frequência, Claude Makélélé Sinda deixou sua marca na sua maneira. Incansável, dedicado e combativo. Suor derramado para que outros craques decidissem.
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