Longe dos Holofotes #14 - Roger Bernardo


Filho de um ex-jogador profissional de futebol com uma jogadora de basquete e irmão de uma atleta do vôlei, Roger Bernardo não poderia seguir outro caminho não fosse o esporte. Com todo o apoio para ingressar em qualquer dos meios esportivos, o garoto de cinco anos optou por seguir os passos do pai, ingressando, então, numa escolinha, a Juventus de Rio Claro. Sem passar por peneiras, dali rumou para as categorias de base do União São João.

Depois de passar por alguns times pequenos, mas muito importantes para a sua formação como atleta, o volante chegou a um dos maiores clubes do país, o Palmeiras. A passagem, apesar de boa, teve suas dificuldades, e ele acabou não conseguindo se firmar:

 “A chegada ao Palmeiras foi um baque, por ser um clube grande, de ponta. Mesmo assim, a adaptação foi tranquila e graças a Deus pude mostrar meu futebol. Creio eu que não pude me firmar por imaturidade, como acontece para muitos jogadores com 20 anos. Porém, isso foi fundamental para minha carreira, assim pude aprender muitas coisas com esse ponto negativo”.
No Palmeiras, faltou-lhe experiência para se firmar. Serviu de aprendizado.

Passada a experiência no clube paulista, uma dura rotina se instaurou na carreira de Roger: a mudança de clubes. Entre 2007 e 2008 foram quatro mudanças, passando por Ponte Preta, Juventude, Guarani e, enfim, o Figueirense, onde conseguiu fazer melhor trabalho.

“Atrapalha por que você não consegue ter sequência boa. Sempre mudam os trabalhos, acho que fica difícil e, claro, que prejudica. Mas foram momentos na minha vida que me serviram de motivação, porque eu sabia que tinha potencial para ir mais longe”.

Em Santa Catarina, as coisas começaram a acontecer. A sequência enfim veio, amparada por uma boa estrutura e muito apoio psicológico, bastante necessário na época. Por conta disso, conseguiu se destacar, sendo, inclusive, capitão do alvinegro de Florianópolis.

“O que sinto pelo Figueira é uma coisa sem explicação. Foi o clube que me devolveu a alegria de voltar a fazer o que mais amo na vida. Claro que não foi fácil. Cheguei acima do peso, demorei para entrar em ritmo. Graças a Deus, me tornei capitão da equipe e eu só tenho que agradecer de coração. A estrutura já era boa em 2009 mais agora deve estar muito melhor”
Roger Bernardo nos tempos de Figueirense, clube do qual guarda muito carinho.

A boa fase providenciou a Roger a primeira chance de ir para fora do Brasil. Era mais uma mudança na vida do brasileiro, mas dessa vez, bastante comemorada. O sonho da maioria dos jogadores daqui é ir par ao futebol europeu, e ele, depois de tantas dificuldades, enfim conseguia rumar ao exterior. O destino foi o Energie Cottbus, da segunda divisão alemã na época. Apesar da felicidade da transferência, a adaptação obviamente não foi fácil.

“Minha mudança para a Alemanha também não foi fácil. O clima, a cultura, a língua, mas a adaptação no futebol não tive problemas. Graças a Deus, nós brasileiros conseguimos dar um jeito (risos). A minha esposa, Thaís Bernardo, foi comigo para lá. Estamos casados há quase dez anos. Ela é minha guerreira, que sempre me motiva nas horas que mais preciso”.

A equipe, de estrutura bastante modesta, é muito querida pelo brasileiro, assim como o Figueirense, por ter lhe abrido as portas no velho continente: “Sou muito grato, foi o clube que me abriu as portas na Alemanha. Hoje na quarta divisão está passando por um momento muito difícil, infelizmente”, lamenta o volante.

Três anos depois, era hora de dar o próximo passo na carreira. Com 27 anos, o brasileiro aceitou uma proposta do Ingolstadt, a época com oito anos de idade e da segunda divisão nacional. Apesar disso, a estrutura era de outro nível: “é como nas equipes de ponta, temos tudo que precisamos no centro de treinamento”, conta o jogador.
Mais experiente, o brasileiro aceitou o desafio no novíssimo clube alemão.

Agora com treze anos desde sua fundação, o Ingolstadt já está em sua segunda temporada na elite, terminando 15/16 na surpreendente décima colocação. O segredo, tanto para Roger quanto para Danilo Soares, personagem do segundo texto do Longe dos Holofotes e que também atuava na equipe alemã, o diferencial da jovem agremiação são os profissionais capacitados e o trabalho sério, aliado a bons investimentos de patrocinadores.

Vice capitão da equipe há três anos e se sentindo em casa, Roger Bernardo vai deixar a cidade alemã ao fim da temporada. Isso por que seu contrato chegou ao fim e ele assinou com o Atlético Mineiro, onde, enfim, voltará aos holofotes. Vivendo o auge de sua carreira, ele não nega que sentirá saudades:

“Amo muito a cidade, o clube, os fãs. Será muito difícil, tanto para mim, quanto pra minha esposa irmos embora. Graças a Deus, creio que deixaremos saudades e sentiremos muita também”.
Capitão do time, Roger deixa o Ingolstadt com muita moral e, ainda mais, carinho.

Prestes a se apresentar a um grande clube brasileiro e ganhar cada vez mais reconhecimento, Roger Bernardo é um grande exemplo de brasileiro que fez sua carreira na Europa. Querido na Alemanha, o experiente volante chega ao Brasil com muita bagagem profissional e, principalmente, pessoal, pelas inúmeras experiências que viveu.

“Sou uma pessoa humilde, com muita força de vencer, e ajudar ao próximo sempre. Um grande abraço, obrigado pela oportunidade, que Deus abençoe todos vocês”.
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