A paixão do norte do país - Josué Teixeira


Sem os holofotes e as altas cifras dos principais centros, engana-se quem pensa que o futebol é algo esquecido no norte do país. Apesar de todos os problemas estruturais e financeiros, uma coisa se mantém na região: a paixão das torcidas.

No Pará, por exemplo, a rivalidade entre Remo e Paysandu, dois times de massa, já foi muito maior no âmbito nacional, mas, mesmo com as equipes em baixa, segue mobilizando grande parte do estado, como conta Josué Teixeira, técnico do Remo. "É uma rivalidade que se sustenta sozinha, são duas torcidas que lotam o Mangueirão e, como em todo clássico estadual, a grande cobrança é ganhar do rival", ressalta o treinador.

O técnico chegou ao clube nesta temporada e trouxe consigo uma bagagem muito interessante, adquirida até mesmo fora do Brasil, onde passou um período trabalhando no Catar.

"É fundamental ter essa experiência fora do país, em todos os sentidos. Esportivamente por confrontar com outras culturas e pessoalmente para crescimento na qualidade de gestor de grupos, pois se trabalha muito a dificuldade e as diferenças."

Mesmo com um currículo vasto, o Josué admite que a região tem uma ligação muito singular com o esporte, diferenciando-se das outras. Prova disso foram os jogos do último domingo:

"São apaixonados, as duas equipes figuram no top 25 das maiores torcidas do Brasil. Domingo, por exemplo, Remo X Câmera, com torcida única, teve o público de 13 mil pessoas. Vasco X Fluminense, no mesmo dia, contou com a presença de 11 mil"
Fanatismo do norte não tem divisão, dinheiro ou estrutura: é natural e único.

A enorme paixão dos torcedores locais serve também como alivio para as inúmeras dificuldades enfrentadas no dia a dia, como as adversas condições climáticas, por exemplo. Com o alto volume de chuvas, o trabalho fica bem mais pesado e complicado, porém, não falta motivação:

"Aqui chove muito e dificulta o trabalho da semana, campos sempre pesados, entretanto, a cidade respira futebol, paixão por dois grandes clubes, jogos e treino sempre com torcida  e isto motiva muito todos os profissionais"

Se anos atrás os clubes do norte ocupavam maior espaço na mídia nacional, hoje, infelizmente, as coisas mudaram muito. No entanto, faltando dinheiro, estrutura, chovendo ou fazendo sol, uma coisa não muda na região: o amor pelo futebol. E, acreditem, isso as vezes é o suficiente.
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