Garotos costumam surgir aos montes no mundo do futebol. Antes, as pretensões e "obrigações" eram simplesmente vingar. Fazer gols, dar assistências, desempenhar um bom papel, a ponto de ser útil a equipe que o deu espaço. Hoje em dia ainda cobram isso da mulecada, mas em contra partida, parece que o grande objetivo de um jovem jogador é ser melhor que outro. Bater um "concorrente". Quem assiste e analisa futebol parece ter um novo vício: comparar.
E esse enorme vício não acomete somente os promissores jogadores. Comparações são feitas o tempo todo. Quem não lembra da febre "Oscar x Coutinho" em que se um acertava um passe, o outro já começava a receber críticas? Antes eram os torcedores que o faziam, mas, seguindo o que pede a demanda, a mídia acabou aderindo tal vício.
A maior de todas as comparações, mas também a mais compreensível, é o já batido Messi x Cristiano Ronaldo. Obviamente existem motivos para dia após dia os compararmos, mas isso acabou tomando uma proporção muito maior, "espirrando" em todo o âmbito do esporte.
Mais um dos inúmeros gráficos comparativos entre os melhores do mundo. |
Se começamos falando de garotos, vale agora um exemplo: Iheanacho e Marcus Rashford.
Os promissores atacantes de Manchester City e Manchester United, respectivamente, já vivem uma batalha, sem saber. A cada gol do nigeriano, monta-se uma tabela de dados com minutos que ele precisou para marcar. Ao lado, os minutos do red devil. Em contra ponto, a cada gol do garoto Rashford, surgem novas matérias o colocando a frente do seu "concorrente".
O garoto sempre vai bem quando está em campo. A bola parece o procurar. |
É óbvio que o fato de serem de times rivais pesa, mas sabemos que eles seriam frequentemente comparados mesmo sem essa característica. A mídia adora. O torcedor adora. Comparar virou esporte.
A questão é: viver de comparações acaba tirando um pouco da magia dos acontecimentos. Vermos a ascensão de duas jovens promessas como Iheanacho e Rashford é sensacional. É realmente necessário compararem os números e feitos dos garotos? Pressioná-los assim não ajuda em nada.
Decisivo. Esse foi o adjetivo usado logo de cara com o garoto inglês. Não para de crescer. |
E não só no caso deles.A seleção sofre bastante com isso. Jogadores que muitas vezes podem jogar juntos acabam sendo "rivalizados" por mídia e torcida, e para pedir a titularidade de um, o outro é jogado lá em baixo. Atualmente, podemos citar Casemiro e Luiz Gustavo, por exemplo. Para exaltar o bom momento do jogador do Real, muitos "transformaram" o volante do Wolfsburg em um péssimo jogador. Exagero, vício, chatice.
O vício em números e tabelas comparativas toma um espaço que poderia ser de discussão ou simplesmente aprofundamento de algum ponto mais importante do esporte. É uma pequena coisa, mas as vezes incomoda. Temos de repensar.