Cartão vermelho na intolerância


Um dos maiores retratos da globalização é o nosso tão querido futebol, considerado o mais democrático dos esportes. Em um mesmo time, pessoas de diversas cores, credos e nacionalidades se unem e formam um laço forte de companheirismo em torno de um objetivo: a vitória. Porém, por diversas vezes, nós vemos nos noticiários alguns casos de discriminação que ocorrem nesse esporte tão popular, vindo tanto dos próprios profissionais entre si quanto a sua torcida e a rival.

Essa semana, com o desfecho de uma rodada decisiva para os times brasileiros seguirem vivos na disputa pela Taça Libertadores da América, os nervos tomaram conta do bom-senso em alguns casos.

O treinador de goleiros do Racing, Juan Carlos Gambandé, durante a partida com o Atlético Mineiro, provocou a torcida do Galo fazendo gestos de um macaco comendo banana. No outro dia, o argentino pediu desculpas nas redes sociais pelo seu gesto lamentável.
O gesto preconceituoso do treinador de goleiro do Racing, da Argentina.

O peso da eliminação considerada precoce do Corinthians caiu nas costas do atacante André, que perdeu um pênalti, que poderia ter garantido a classificação do time paulista. No Twitter, vários torcedores do clube não só reclamaram como fizeram insultos racistas ao jogador, indo contra a imagem de clube do povo que o Timão se orgulha.

Há vários casos famosos, como o de Daniel Alves, que respondeu ao insulto de lhe ser atirado uma banana comendo-a, o de Justin Fashanu, que foi o primeiro jogador assumidamente homossexual, o de Roberto Carlos abandonando uma partida por agressões racistas quando atuava pelo Anzhi, mas o racismo, a homofobia e a xenofobia estão mais presentes longe dos holofotes. Nas divisões inferiores, sendo mais frequentes em alguns campeonatos europeus, atletas e torcedores geralmente passam impunes por seus insultos, o que cria uma atmosfera de medo para os imigrantes árabes, latinos e principalmente africanos e também aos homossexuais.

Como solução para essas atitudes deploráveis, algumas instituições do futebol criaram campanhas para promover o bom-senso e o respeito tanto nos gramados como fora deles. A FIFA, por exemplo, promove o “Say No To Racism” em todas suas competições, sendo mais visível em Copas do Mundo, e multa federações que tiveram incidentes racistas. A Federação Argentina de Futebol lançou essa semana um programa contra qualquer tipo de discriminação do futebol, com apoio dos cinco maiores times do país: River Plate, Boca Juniors, Indepiendente, Racing e San Lorenzo. Uma lei foi sancionada no estado de Pernambuco para combater o racismo em seus estádios, com o mandatário instalando o mínimo de três placas referentes à campanha antirracista e com multa caso o não cumprimento da lei.
Clubes e torcidas também vêm promovendo o respeito à diversidade. A Gaviões da Fiel, maior torcida do Corinthians, está incentivando seus adeptos a parar com os gritos de “bicha” nos estádios, para erradicar a homofobia no futebol, assim como fez a Seleção Mexicana. O Arsenal criou centros de treinamento pra refugiados do Iraque dando condições positivas de vida para os jovens do projeto e tentando cessar o preconceito dos ingleses contra os árabes.
A campanha "Say no to Racism" tem bastante tempo e é uma das formas de lutar contra o preconceito.

Com essas medidas, o futebol, que tem por característica a sua pluralidade, vai se tornando cada vez mais aberto as diversidades. As campanhas têm como objetivo atingir o máximo de pessoas possíveis com a esperança de um mundo sem preconceitos. É importante apoiar e promover jogadores, clubes, dirigentes, torcidas e portais midiáticos que abracem essa causa. Com a colaboração de todos, o preconceito pode ser extinto no futebol e no mundo.
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