Frase que serve pra qualquer esfera da vida seja ela social,
empresarial, sentimental ou esportiva. Se o futebol é o ópio do povo, o
dinheiro é a terra onde a flor da papoila cresce deliberadamente. Em tempos de fairplay financeiro, vemos a inflação de jogadores
comuns somado com a alta dos ingressos, parece um pouco contraditório, não é?
Chegamos a ponto de achar que dar 10 milhões em um jogador
como o Kieza é algo normal, 40 milhões em Leandro Damião idem. Isso sem falar
da Europa e jogadores com preço de melhor do mundo como Sterling, Benteke,
Martial.
Não atesto aqui são jogadores ruins, pelo contrário.
Entretanto pagar fortunas por promessas ou jogadores não consagrados faz com
que o mercado como um todo suba.
E isso muda tudo, muda pra exatamente como estava antes dos
clubes médios/pequenos terem algum poderio financeiro significativo. Aquele
jogador eficiente proveniente de um time secundário que sempre atrai a atenção
deles e custava um preço acessível, agora vai custar o preço de um top player.
Começa com um Real Madrid quebrando os recordes de transferência
mais cara da história e termina no United pagando um absurdo por uma promessa de 19 anos
com menos de 70 jogos na carreira. É um efeito dominó.
A resumo: Se antes eu tinha 100 reais e comprava uma roupa
comum a 20 e uma de marca por 80, hoje eu tenho 1000 reais mas compro uma roupa
comum a 200 e uma de marca por 800. Não mudou nada. Por vezes temos a ilusão
das casas decimais sendo destacadas nos jornais e na mídia virtual, mas o paralelo
de quanto vai custar um jogador bom pra um jogador ótimo é diretamente
proporcional a ascendência do orçamento de um clube emergente.
E a tendência é vir algum sheik árabe e contratar um Neymar
ou um Hazard por algo chegando na casa dos bilhões, ai teremos uma nova
atualização de preços. Jogadores comuns e bons valerão o dobro do que valem
hoje. E ficaremos abismados com a nova manchete do tipo: “Liverpool contrata
jovem promessa do Leeds por 100 milhões de euros”. A mídia estampará onde puder
a surpresa com o tamanho poderio financeiro e falaremos que a saída é uma
divisão por cotas exemplar como a da premier league, só assim pra existir
condições equiparadas de competitividade.
Precisamos de um limite, alguma meta que seja definida como
o máximo que uma transferência pode chegar, uma linha que delimite a risca tênue
entre o justo e o absurdo.
Caso contrário, já vamos nos preparando pra no futuro contar
com o ataque de 200 milhões, formado por Yuri Mamute e Keirrisson.
A lei Pelé mudou o futebol. A lei Bosman também.
Enquanto não existir um teto, todo o dinheiro do mundo não
será o suficiente.