Gigantes antipáticos


Temos uma tendência bastante conhecida de sempre simpatizarmos com o time mais fraco e menos tradicional. Que por consequência de um bom trabalho ou dádiva de Deus, se firma em uma disputa de título.

Costumamos dizer que esse clube é injustiçado, azarado. O “bem” na competição.

É o atual caso do Leicester. Foi o caso do Atlético de Madrid, vice campeão da UCL. E como não lembrar daquele Borussia Dortmund memorável que sucumbiu também em uma final de UCL, frente ao Bayern?

Enchemos a boca pra expressar aos quatro cantos do mundo que o time X era o futebol caracterizado pela raça, era a humildade de chuteiras, jogava um futebol leve e fluído, isso tudo aliado a uma marcação praticamente perfeita. Caso dê uma breve pesquisada em fãs dos esquadrões que citei acima, vai notar comentários contendo todas as características que mencionei.


Na contra mão dessa simpatia, temos a antítese desse ponto de vista.

Afinal, porque os gigantes movem tanto ódio?

Desde os primórdios da sociedade, seja ela contemporânea ou moderna, temos a notável dificuldade de lidar com a dominação. Ver que algo ou alguém é ligeiramente superior a você ou ao que você gosta, causa um desconforto tremendo, traz uma sensação horrível de inferioridade.

E claro como todas as outras coisas do aspecto social, isso reflete diretamente no futebol. Um clube que se afirma perante a todo o resto durante muito tempo, consequentemente atrai a antipatia de quase todos os seus concorrentes (e até não - concorrentes). Normalmente usam outros motivos como pretexto para criticar, dá pra citar a ditadura de Franco na Espanha (Real Madrid). A tática de contratar todos os destaques do seu maior concorrente na Alemanha, que pra muitos é considerado sujeira (Bayern). Influência ilegal em resultados de um torneio (Juventus), entre outros tantos.


Amigos, é LÓGICO que os casos que citei possuem indagações plausíveis e não é nenhum absurdo se indignar com tal coisa. Entretanto, esse argumento é frequentemente usado pra diminuir o clube alvo dele. De modo que fique alcançável discutir sobre a grandeza destes em seus respectivos países. Tanto é que raramente vemos alguém falando sobre o duvidoso patrocínio proveniente do Azerbeijão, do tão amado Atlético de Madrid. Deixarei um parágrafo abaixo de uma crônica muito bem escrita na coluna do Mauro Cezar Pereira, da ESPN (Confira na íntegra). 
O Atlético empresta sua camisa, sua imagem, seu prestígio, sua torcida e seus atletas para que o ditador mude a imagem do país no exterior. Iluda o maior número possível de pessoas pelo mundo e também torne o Azerbaijão um destino turístico badalado.
Pois é claro que a maioria não vai mencionar isso. Com que intuito diminuir um clube que não é nem o maior de sua cidade? Não há porque se utilizar disso em uma discussão, talvez até mesmo os torcedores do Real Madrid não se importem com tal fato, nem ao menos devem cita-lo em alguma discussão de bar por aí.

Em uma outra vertente dessa mesma aversão a dominação, temos um dos maiores fardos de se ter um time espetacular em uma liga dada como desnivelada. O famoso“perdeu a graça”.

“A liga fica totalmente sem graça, é goleada toda rodada”

Já devem saber a quem estou me referindo: MSN e o Barcelona desse trio fantástico. Pergunte a um torcedor blaugrana se o campeonato está sem graça e aguarde ele rir da sua cara.

Se fosse o seu time na ponta, será que ainda sim não teria graça alguma?
Seguidas goleadas também não agradam a maioria

Em suma, a superioridade de um nunca vai ser aceita pelo resto. A discordância em torno de uma afirmação desse gênero vai girar, girar e girar, até que encontrem um ponto falho a ser explorado, como ditadura de décadas passadas, influência na arbitragem e afins. 

Esse é um dos preços de ser gigante.

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