Os citizens vem sofrendo demais com as lesões nessa temporada. Aos poucos, jogadores com Zabaleta, Silva e Aguero vão voltando a atuar, mas o departamento médico segue cheio e quem ainda deve permanecer por um bom tempo lá é Kevin De Bruyne. O belga se juntou recentemente a extensa lista de lesionados na atual temporada do Manchester City, e deve ficar fora por mais 8 semanas. O camisa 17 vinha sendo o principal jogador da equipe, e a sua contusão não só servirá para causar uma grande dor de cabeça à Pellegrini, mas também para tornar mais explícitas as deficiências do lado azul de Manchester.
DEBUT
Na sua primeira partida vestindo a camisa dos azuis de Manchester, De Bruyne entrou no decorrer do jogo. Sem David Silva e Sterling, Kevin buscou o jogo por todos os lados do campo, principalmente flutuando entre o meio e a esquerda, buscando Nasri e Bony. Ao se posicionar pelos flancos, seu contato com os laterais já se mostrava um ponto positivo, buscando tabelas e sempre liberando o corredor para as ultrapassagens deles. A recomposição defensiva também mostrou que não seria um problema para o belga, sempre voltando para fazer a linha de quatro frente a zaga. Uma boa partida realizada, mas nada perto das suas próximas com os Citizens.
O SHOW PRA CIMA DO NEWCASTLE E DECISIVO CONTRA O SEVILLA
A segunda partida de De Bruyne, contra o Newcastle, é a mais perfeita síntese de como o belga é fundamental para o City. Mesmo com Aguero tendo sido o dono do jogo, tendo marcado 5 gols, o meia demonstrou a razão do clube ter investido 50 milhões de libras em seu futebol. Com 1 tento e 2 assistências ( ambas para Kun ), foi altamente participativo durante os 90 minutos, e agora com a companhia de Aguero e Silva, o trio buscava sempre trabalhar entre si. As infiltrações e o maior entrosamento com Kolarov também mostraram o tamanho do seu leque ofensivo, tão vasto e essencial para os Citizens. Só que essa dinâmica não seria o cenário mais frequente na equipe de Pellegrini.
Contra o Sevilla, pela fase de grupos da Champions Legue, o Manchester City empatava em 1×1 com o clube espanhol, até o momento em que De Bruyne decidiu a partida para os ingleses, no último lance do jogo. O gol mostrou a movimentação frequente do belga, com Yaya Toure carregando a bola pelo meio e Kevin se projetando pelo lado direito, dando mais espaço para a arrancada do marfinense e recebendo a bola para cortar para a esquerda e marcar o gol da vitória.
AS ASSISTÊNCIAS E PARCERIA COM AGUERO
Depois de ter liderado o ranking de assistências da Bundesliga quando vestia a camisa do Wolfsburg, com 20 passes para gol, a expectativa do desempenho de De Bruyne nesse quesito eram altas. Faltava ao City um municiador para fazer companhia à David Silva, já que o desempenho de Nasri era instável, Yaya Touré está em processo de decadência e nem Jesus Navas e Sterling apresentam essa qualidade. O belga conseguiu superar as expectativas, com 12 passes pra gol até o momento pelos Citizens, sendo 9 pela Premier League, só estando atrás de Mesut Ozil na competição. Agora David Silva tem um companheiro que ajude a verticalizar mais o jogo, trabalhando a bola com ele e municiando Aguero.
De Bruyne foi o líder de assistências da Europa na sua temporada no Wolfsburg; o belga também mostra no City a sua capacidade como passador. Créditos: Opta. |
Outro ponto que demonstra a importância de Kevin ao City é a química imediata que construiu com Aguero. Logo na estreia da dupla, na derrota contra o West Ham por 2×1, o argentino deu a assistência para o gol do belga, iniciando uma frutífera parceria. Posterior a isso, De Bruyne serviu Kun quatro vezes ao longo da temporada, um terço do seu total de assistências. O entrosamento entre a dupla mostrou-se ainda mais importante por conta da lesão de Silva, que ficou três semanas fora. Em outras temporadas, os ingleses não possuíam um substituto ideal do espanhol para trabalhar com Kun. Já não é mais o caso.
AS LIMITAÇÕES IMPOSTAS POR PELLEGRINI
Obviamente, o De Bruyne do Manchester City não é o mesmo do Wolfsburg. No clube alemão, o belga tinha a permissão de Dieter Hecking para rodar o campo, se aproximando de ambos os laterais e distribuindo o jogo depois da metade do campo. Já no City, essa tarefa pertence a David Silva, com De Bruyne se posicionando majoritariamente pelo lado direito.
No Wolfsburg, De Bruyne atuava mais pelo centro, muitas vezes recendo a bola para buscar o arremate de fora da área. |
Esse posicionamento já era esperado, porém a falta de liberdade para o meia dialogar com Silva e, alinhada a um sistema de jogo que não favorece as aproximações, principalmente pelo lado de Kevin, resulta em uma quantidade excessiva de cruzamentos, algo que Pellegrini ainda não obteve sucesso em consertar. De Bruyne é o terceiro colocado no quesito na Premier League (152), com uma média de 8 por partida. A antítese é que, mesmo com esse número excessivo de bolas alçadas à área, das 9 assistências do belga no campeonato inglês, 5 vieram dessa forma. Ou seja, mesmo numa situação sem opções e só restando levantar a pelota na área adversária, o belga o faz com tanta precisão que o “chuveirinho” acaba se tornando uma jogada de elevado perigo. Mais um ponto positivo em relação ao seu repertório, mesmo em um contexto adverso.
O QUE O BELGA REPRESENTA
Ao longo das últimas três temporadas, o Manchester City contratou jogadores como Mangala, Demichelis, Sagna, Fernando, Jesus Navas e Bony. Estes estão longe de serem unanimidades diante da maioria dos torcedores e de quem mais acompanha o clube, mostrando uma estratégia de aquisições recentes um pouco duvidosa por parte de sua diretoria. Kevin De Bruyne vai contra essa maré. Logo na sua primeira temporada, mostra toda a sua qualidade, e que se o City precisava de alguém no meio para dividir as responsabilidades com Yaya Touré e David Silva, esse era o belga. Depois da sua contusão, os Citizens disputaram 4 partidas, com 2 triunfos e 2 derrotas. Em apenas 6 meses de clube, ele já se tornou uma peça insubstituível para a equipe, e esse período fora também serve para comprovar isso. Ele, ao lado de Hazard, é o protagonista da geração de ouro de sua nação e, com 24 anos, representa o presente e futuro do Manchester City, agora com Manuel Pellegrini, e, daqui a pouco, com Pep Guardiola.