Miguel do Carmo nasceu em 10 de abril de 1885, na cidade de Jundiaí, interior de São Paulo. Com 15 anos, na cidade de Campinas, Miguel e outros garotos, como Alberto Aranha, Dante Pera, Luiz Afonso, Tonico Campeão, Gigette, e Zico Vieira, que foi o primeiro presidente do clube, fundaram a Associação Atlética Ponte Preta, no bairro da Ponte Preta em 11 de agosto de 1900, sendo assim, o segundo clube mais antigo do Brasil, ficando apenas atrás do Sport Club Rio Grande – RS (fundado em 19 de julho de 1900).
Fiscal de linha da Companhia Paulista de Estradas de
Ferro na cidade de Campinas, foi apenas um, dos muitos que se empolgavam com a
chegada do futebol no Brasil. Porém, ele tinha um obstáculo que o impedia de
fazer o que gostava: a cor da sua pele.
Os clubes naquela época eram todos de elite branca.
Tinham clubes em que uma das regras era que eram proibidos que jogadores negros atuassem. Tanto
que o maior jogador da época, Arthur Friedenreich (filho de pai alemão e mãe
negra) alisava seus cabelos crespos, para ninguém perceber sua
descendência. Daí o motivo de Miguel do
Carmo e seus amigos fundarem a Ponte Preta.
A Ponte adotou a cor preta no uniforme e no nome,
levantou uma bandeira contra o racismo. Lembrando que Campinas foi uma das
últimas cidades brasileiras a abolir a escravatura.
A Macaca tinha, além de Miguel do Carmo, outros três
atletas negros, porém, somente ele era titular. Mas, além da equipe de futebol,
a Macaca aceitou negros no seu quadro social, tornando assim, o primeiro clube
a ter uma democracia social nas suas dependências.
Miguel do Carmo jogou na Ponte somente até 1904, quando
foi transferido pela Companhia Paulista para a cidade de Jundiaí.
Primeira equipe da Ponte Preta, contando com jogadores negros. |
Vasco e Bangu ainda reivindicam o posto de “primeiro
clube a ter um negro atuando”, mas esse título de fato e de direito, é da
Ponte. O que não significa que as histórias de Vasco e Bangu não sejam
importantes para a história do futebol e do Brasil.
Tanto que, quando o Vasco decidiu aceitar negros no
clube, ele ficou meio isolado no cenário do futebol carioca. Os outros clubes
que não aceitavam, e que por acaso eram os maiores, resolveram criar uma liga
independente. Já o Bangu, foi o primeiro clube da capital do Brasil na
época (o Rio de Janeiro) a aceitar negros no futebol do clube.
O fato é: não importa quem foi o primeiro clube a aceitar
atletas negros com as suas camisas, o que importa é a superação do preconceito
racial, mesmo numa época em que o preconceito ainda predominava, tanto no meio
social, quanto no meio esportivo.