Mudança de planos


“Mais um milionário no futebol, PSG que se cuide”. Essa era uma das frases mais ditas por quem gosta de futebol quando o Monaco foi vendido para um milionário russo. Seria outro clube com grande investimento capaz de brigar com o clube de Paris e dar um pouco mais de graça ao campeonato francês.

De início a equipe monegasca parecia mesmo disposta a isso. Trouxe nomes como os experientes Toulalan e Ricardo Carvalho e outros grandes nomes do momento como João Moutinho, James Rodriguez e Falcão Garcia. Além deles, mostrou força no mercado quando bateu vários grandes concorrentes e fechou com Kondogbia.
James e Moutinho eram como um anúncio para o mundo: o Monaco queria figurar entre os grandes

O projeto parecia de fato dar certo e uma segunda colocação empolgou ainda mais a pequena torcida do principado. A equipe estava de volta a Champions League, mas as coisas já não eram das melhores. Nada de reforçar o elenco, Falcão e James saíram e a saída de Moutinho era cada vez mais próxima. Não aconteceu, e ele acabou ficando como uma das poucas lembranças do curto período milionário do time, que a essa altura já admitia a crise e uma mudança de planos.

Um divórcio milionário de Rybolebov e a dificuldade de convencer grandes jogadores a jogar no clube acabaram por evidenciar ainda mais que os planos tinham de mudar. Nada de craques com salários astronômicos. Leonardo Jardim iria trabalhar com jovem talentos. Essa foi a alternativa de Rybolebov para tentar recuperar o prestígio do clube que outrora ficou muito conhecido pelo lançamento de jovens valores.

Mesmo com a saída dos craques colombianos, a equipe fez novamente uma campanha digna no campeonato francês, além de uma brilhante e surpreendente caminhada na Uefa Champions League, jogando de igual para igual com a Juventus e saindo da competição apenas nas quartas de final. Para a nova e atual temporada, era hora de consolidar o novo projeto, o mercado seria baseado nos jovens talentos.
Modelos na temporada passada, nenhum se encontra mais no clube


Para contribuir com a chegada de novos jogadores, mais algumas estrelas do elenco saíram. Kondogbia rumou a Inter, Carrasco foi ao Atlético de Madrid, Kurzawa se apresentou no PSG e Abdennour deve deixar o clube ainda nessa semana. Desmanche? Não, esse processo era esperado, uma parte do projeto.

Jardim foi então ao mercado com um filtro, olhando alternativas de baixa idade e de retorno imediato ou para o futuro. Chegaram ao clube os jovens Mario Pasalic, Ivan Cavaleiro, Adama Traoré, Rony Lopes, Gabriel Boschilla, Guido Carrillo, Corentin Jean, Thomas Lemar, Fares Bahlouli, Helder Costa e o mais velho deles Stephan El Shaarawy, com apenas 22 anos. Além dos garotos, o único jogador de mais idade que desembarcou no principado foi Fábio Coentrão, que chega para substituir imediatamente o excelente Kurzawa.

O time é promissor demais, mas a idade pode pesar negativamente, como parece ter acontecido nos playoffs da Champions League. Era visível o nervosismo de jogadores importantíssimos como Bernardo Silva, que pouco produziu nas duas partidas. Essa falta de experiência também pode acabar prejudicando a longa temporada que a equipe tem pela frente. 

O projeto é bom, ousado e promissor. Mas realiza-lo assim, com um time com uma porcentagem altíssima de jovens de uma vez pode ser prejudicial para todos e principalmente para o desenvolvimento de alguns. Mesmo assim, Jardim tem potencial e capacidade para extrair o máximo possível do elenco, que mesmo sem grandes craques, ou jogadores de renome internacional, segue forte e vai brigar pelo menos pela volta a Champions League.

Em um futebol cada vez mais inflacionado, o Monaco criticado alguns meses atrás pelo investimento externo pode ser um exemplo para uma mudança de tendência, principalmente para clubes de menor poderio financeiro. A garotada pede espaço e vale acompanhar a temporada para vermos como a equipe vai se sair.

O QUE ESPERAR PARA 2015/2016


Eliminado precocemente da principal competições de clube do continente, o Monaco tem pela frente apenas a Ligue 1 e a Europa League. Não seria absurdo imaginar que Jardim foque na competição continental, enfrentando assim algumas dificuldades na liga francesa em que o time deve brigar pela vaga na próxima edição da UCL e nada mais do que isso. Brigar de igual para igual com o PSG hoje é impensável, mas quem sabe na temporada que vem, com alguma contratação pontual e com a equipe mais entrosada e madura? Esse é o objetivo. 

O TIME
A idade dos prováveis titulares do Monaco na temporada
A equipe base de Leonardo Jardim consegue balancear a experiência e a juventude, mas as opções no banco são quase que 100% de baixa idade. O setor defensivo por exemplo, que é sempre bom ter certa experiência, tem no banco o jovem Wallace de 20 anos e deve ter em breve o reforço de Felipe Macedo, outro jovem brasileiro de 21 anos. Pode-se questionar essa falta de quilometragem do elenco, mas não a falta de qualidade. Para o setor ofensivo, nomes como Guido Carrillo, El Shaarawy, Boschilla, Bahlouli e o próprio Dirar são excelentes alternativas. O elenco é numeroso, e pode ser bem trabalhado durante a temporada, caberá a Jardim tirar o máximo possível da equipe. 

FIQUE DE OLHO

Em um plantel tão jovem é bem provável que alguns dos jogadores se tornem reconhecidos mundialmente em breve, deixaremos aqui alguns destaques para que você preste mais atenção:

MARTIAL

O francês funciona como atacante no esquema de Jardim mas dá muita mobilidade ao setor caindo pelos dois lados. Se preciso, pode jogar aberto pela esquerda, como fez por diversas vezes na última temporada com Berbatov no comando do ataque e como já fez para que Guido Carrillo ficasse centralizado, nessa temporada. O jogador é rápido e forte e tem enorme facilidade no drible, em velocidade ou não. Tende a ganhar o mano a mano com a maioria dos zagueiros e com certeza deve estar sendo especulado em clubes milionários em breve.

BERNARDO SILVA 


Habilidade não falta para jovem português que chegou na temporada passada, como aposta de Jardim. O retorno foi imediato. Uma excelente temporada, e renovação de contrato até 2020 depois de um excelente mundial sub20. Nesse novo Monaco, deve ser o principal nome na criação de jogadas ao lado de Moutinho, que ninguém sabe até quando fica. Cada vez mais terá de chamar o protagonismo, coisa que não fez contra o Valencia. Vale ficar de olho, trata a bola diferente, tem facilidade para armar e driblar, não a toa foi convocado pra seleção principal recentemente.

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