MEMÓRIA FC #10 - Ken Aston


Estamos acostumados a falar sempre do atacante goleador, do meio campo cerebral, do zagueiro instransponível e do goleiro invencível, mas você já parou pra tentar ter uma visão um pouco além dos gols, holofotes e reconhecimento que a mídia dá para os jogadores? E se um dos maiores ícones do futebol fosse um rapaz que não chuta uma bola no gol, que não arma nenhuma jogada, que não desarma nenhum atacante e não defende nenhuma bola? E se o instrumento do rapaz fosse apenas um apito e dois cartões?

Muito prazer, Ken Aston.

Kenneth George Aston, nasceu no dia  1 de setembro de 1915 em Colchester, Inglaterra.
Ken começou a apitar em 1935 na época que era professor, era comum naquela época (e acredito que seja até hoje) que os professores tomassem o lugar dos árbitros em uma partida colegial entre adolescentes, já que na Inglaterra o futebol é parte importante do currículo acadêmico. Aston se tornou árbitro de futebol no ano seguinte, em 1936.

No meio disso, o inglês chegou a ser militar inclusive chegando a alcunha de tenente-coronel dando baixa em 1946.

Já na liga inglesa, foi o primeiro árbitro a usar o uniforme que consideramos padrão FIFA atualmente, o clássico preto com golas brancas. Em 1947 introduziu as primeiras bandeiras de impedimento na forma como a conhecemos hoje, antigamente eram usadas bandeiras com as cores do time da casa. Internacionalmente falando, apitou a abertura da Copa do Mundo de 1962 no Chile entre a seleção de casa e a Suíça, foi bastante elogiado pela crítica local e estrangeira, com isso acabou nomeado para um polêmico jogo entre Chile x Itália onde houve interferência policial em três momentos diferentes da partida, este jogo é citado por ele até hoje como um dos dias mais lamentáveis de usa carreira na arbitragem.

Em 1963 apitou a final da FA Cup na Inglaterra e se aposentou, porém 3 anos depois foi convidado pela FIFA para integrar o comitê de arbitragem do órgão, atuou como instrutor FIFA viajando por inúmeros países para introduzir a quem tinha interesse as regras do jogo e assim disseminar o futebol por lugares que não possuíam meio de acesso a tal coisa, porém seu maior feito para o esporte ainda estaria por vir.

Na Copa do mundo de 1966 da qual foi o responsável por chefiar a arbitragem, presenciou um jogo bastante polêmico entra Inglaterra e Argentina, houve um empasse sobre uma advertência que os irmãos Charlton (Bobby e Jack) haviam tomado, isso gerou um descontentamento enorme do Rattín, capitão argentino na ocasião. Ken precisou intervir e usar toda a sua influência e persuasão para fazer com que a seleção argentina não abandonasse o campo de jogo e a partir desse dia surgiu uma grande discussão sobre maneiras mais claras de punição tanto para quem joga, como pra quem assiste o espetáculo, Ken resolveu o problema dentro de um carro, confira sua declaração a seguir.

“ Enquanto eu dirigia pela Estrada de Kensington, a luz do semáforo ficou vermelha, então eu pensei, “Amarelo, vá com calma, vermelho, pare, você está fora”.

Sim! As cores dos cartões aplicados pelos juízes até hoje é originada das cores de um semáforo comum e a ideia foi elaborada enquanto o rapaz dirigia! Talvez pra alguns isso sempre tenha sido claro, entretanto devemos admitir que foi uma ideia perfeita, melhor que isso impossível.


A medida inovadora foi aplicada na Copa do Mundo de 1970 no México e o feedback foi espetacular, hoje em dia é impossível imaginar o nosso tão amado futebol sem os cartões, Aston não parou por ai, no ano de 1974 Ken introduziu a medida da placa de substituição, facilitando imensamente a fluidez do jogo pois contribuía para que os jogadores e os torcedores entendessem melhor quem entra e quem sai do campo de jogo.

Ken Aston foi condecorado como Membro da Ordem do Império Britânico em 1997, pelo seu serviço prestado ao futebol e ao Reino Unido, o inglês infelizmente veio a falecer 4 anos depois, no dia 23 de outubro de 2001.

Entre muitas frases notáveis dessa lenda, deixo uma que achei bastante emblemática sobre o desenvolver do jogo.

“Não há script, não há roteiro, você não sabe o final, mas a ideia é proporcionar diversão”

Ken Aston, o Pelé do apito.


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