Não deu


Uma boa parte das pessoas não se importa muito com nossas seleções inferiores, mas, é sempre bom acompanhar o trabalho dos garotos, e ficar de olho em possíveis grandes jogadores no futuro.

Nessa Copa do Mundo sub-20, por exemplo, deu orgulho acompanhar a amarelinha, muito bem representada por jogadores que se doaram até o último minuto em busca do título. Ele não veio, mas na base isso não é tudo. Obviamente a geração merecia um titulo e é sempre bom ser campeão, mas, o futebol brasileiro ganhou demais com essa copa, mesmo sem a taça.

Porém, o principal fator para o bom rendimento vem de fora das quatro linhas e tem o nome de Rogério Micale, que assumiu a equipe – já convocada – as vésperas da Copa do Mundo, e teve de se virar com os nomes do ex-treinador Alexandre Gallo.

Mesmo sem os nomes que queria, Micale montou um time competitivo e acima de tudo muito mais organizado que o da última edição do Sul Americano da categoria, onde a seleção era baseada em vários atletas pesados e acabou passando vexame.  Comparar o time vice-campeão do mundo com a seleção de meses atrás chega a assustar. Mais uma daquelas situações que comprovam a importância cada vez maior de um bom treinador.

COMO JOGAMOS


A seleção de Micale manteve o mesmo desenho tático durante toda a competição, com exceção de poucos momentos em que ele teve de mexer no desenho da equipe com alguma substituição. O 4-2-3-1 foi bem definido, e o mais importante, funcionou. O time conseguiu então o equilíbrio que não tinha com Gallo.

Durante as partidas, a equipe trabalhava demais pelos lados, aproveitando a enorme qualidade de nossos laterais, mas não deixava de contar com a participação de Boschilla e principalmente Danilo na organização de jogador. Jajá destoava, o meia flamenguista não fez uma boa final, e teve atuações discretas durante o mundial. 

BEM SERVIDOS

Todo bom time começa de um bom goleiro, e nessa seleção não foi diferente. Jean, do Bahia, fez competição segura com importantes defesas. Apesar de acumular algumas falhas no profissional do clube nordestino, tem potencial e pode se tornar um grande goleiro.

Na linha de defesa o Brasil também está bem servido, os quatro jogadores considerados titulares são excelentes para a categoria, e devem evoluir ainda mais, tornando-se grandes jogadores.


Começando por João Pedro, o lateral do Palmeiras fez excelentes jogos na Copa do Mundo, se demonstrou uma excelente válvula de escape, sempre chegando bem a frente e apesar de algumas falhas defensivas, leva vantagem em 1x1 contra adversários. Como no gol da final falha em acompanhar jogadores na marcação, mas deve melhorar.

A dupla de zaga, formada por Lucão do São Paulo e Marlon do Fluminense se mostrou muito sólida. O zagueiro do clube carioca principalmente, que chamou muita atenção pela sua calma e saída de bola. Por vezes parecia um veterano no meio dos garotos. Lucão também não comprometeu, e talvez formasse ao lado de Marlon uma dupla de zaga titular da maioria dos times do Brasileirão.

Na lateral esquerda, Jorge do Flamengo seguiu o ritmo de João Pedro e também fez excelente mundial. O problema crônico da maioria dos laterais também apareceu, mas o tempo deve dar o amadurecimento defensivo suficiente para que o rubro-negro se torne um excelente lateral.

A dupla de volantes, ora formada por Danilo e Alef, outras por Danilo e Jajá também demonstrou qualidade. Se Alef e Jajá revezaram, e nenhum conseguiu convencer completamente, o capitão Danilo foi soberano. Uma copa do mundo simplesmente monstruosa, não a toa ficou com o prêmio de segundo melhor jogador da competição. O jogador do Braga parece o atleta mais pronto para o profissional e impressionou pela liderança, calma e vontade. Um verdadeiro líder. Deve ser figura carimbada no futuro da amarelinha.

Como organizador central, Micale apostou em Boschilla do São Paulo, que fez bom mundial, mas pode ser contestado no 11 inicial, pela qualidade e pelas atuações de seu reserva, Andreas Pereira. Apesar do bom mundial do meia tricolor, o brasileiro (nascido na Bélgica) do United entrou bem em diversas oportunidades e talvez merecesse a titularidade. Mas de todo modo, dois bons jogadores, que também podem ter futuro com a camisa da seleção canarinho.


Os meias abertos e de mais velocidade da seleção foram Marcos Guilherme, do Atlético Paranaense e o grande nome dessa seleção, o Palmeirense Gabriel Jesus. O jogador da equipe paranaense corre muito , mas peca pela falta de inteligência, e por escolher algumas jogadas erroneamente, mas é esforçado acima de tudo. Do outro lado, o camisa 10 da seleção é de longe o mais talentoso, é tecnicamente diferenciado, mas ainda precisa amadurecer. Segura demais a bola em algumas jogadas, até pela vontade de responder a tanta expectativa, mas com o tempo, amadurecimento e trabalho, pode mesmo virar o craque esperado.

No comando de ataque, a seleção contava com o bom cruzeirense Judivan, mas uma lesão nas oitavas de final o tirou das fases finais da competição, Jean Carlos do Real Madrid assumiu seu lugar, e se não foi excelente conseguiu executar bem sua função. Fez bom trabalho como pivô, é técnico, mas pecava demais em alguns domínios e passes, tem certo talento, mas Judivan fez falta.

Enfim, mesmo não levando o caneco, o Brasil ganhou com essa competição. Além de presenciar boas atuações da equipe e de seus jogadores de muito futuro, ganhou também um bom técnico, que a partir de agora, podendo trabalhar, convocando quem quiser, deve realizar um trabalho ainda mais animador e convincente. Não podemos deixar de parabenizar a garotada, que se doou até o último minuto e nos deu uma sensação que a tempos não vimos na seleção principal. Que sigam crescendo e que no futuro, vejamos muitos deles na nossa seleção. 


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