MEMORIA FC #08 - Azar da Libertadores


Imaginem vocês, o Santos com mais uma libertadores, ou até mesmo o Fortaleza levantando o primeiro caneco dessa estirpe de um time nordestino.

Sim, poderia ter acontecido caso a CBD (atual CBF) e alguns clubes não tivessem pensamentos tão conservadores, o fato é que não tivemos nenhum clube brasileiro disputando a Taça Libertadores da América nos anos de 1966, 1969 e 1970, isso impediu que verdadeiros esquadrões vencessem a mais importante Taça das Américas.

Vamos por partes.

1966: O vencedor foi o lendário Peñarol do Uruguai, que venceu a decisão contra o argentino River Plate e se sagrou o primeiro tricampeão do torneio, até ai tudo bem. O problema veio com o regulamento, pois pela primeira vez os vices campeões de cada país participante teria o direito a uma vaga na competição, assim como o ganhador, isso gerou muita polêmica na época com algumas federações, incluindo a nossa saudosa Confederação Brasileira de Desportos que não concordava com a mudança pois achava que isso tirava o caráter original da competição. Nesse ano a Libertadores não contou com nenhum time brasileiro nem colombiano.

Os times brasileiros que participariam seriam o Santos e o Vasco da Gama, da uma olhada na escalação do Santos na final da Taça Brasil de 65 e me digam se teria ou não condições de copa a Libertadores.

O brilhante time do Santos

Santos FC 5x1 CR Vasco da Gama 
Local: Pacaembu - São Paulo (SP)
Renda: Cr$ 27.462.000,00
Público: 16.764
Juiz: Romualdo Arpi Filho
Gols: Coutinho 5', Dorval 62' e 64', Toninho 81' e 86' e Célio (p) 82'
SFC: Gilmar; Carlos Alberto, Mauro e Geraldino; Lima e Orlando; Dorval, Mengálvio, Coutinho (Toninho), Pelé e Pepe. Técnico: Lula
CRVG: Gainete; Ari, Caxias, Ananias e Oldair; Maranhão e Lorico (Luizinho); Zezinho, Saul, Célio e Danilo Menezez. Técnico: Zezé Moreira

E isso sem falar do compacto time do Vasco que acabou sendo campeão da Rio-Sp em 1966.

1969: Essa teve um adendo um tanto quanto confuso, foi vencida pelo Estudiantes de La Plata da Argentina que lacrou um bicampeonato em cima de um excepcional Nacional do Uruguai, a CBD continuava a discordar do regulamento porém havia também um problema de calendário já que a Taça Brasil que era o torneio que indicava os times para a Libertadores estava muito atrasada não terminaria a tempo, só iria ter fim após o início da libertadores de 69, por esse motivo a CBD chegou a indicar os clubes do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o famoso “Robertão”, mas infelizmente não obteve sucesso.

Os participantes (via Taça Brasil) seriam Botafogo e Fortaleza, segue abaixo o confronto entre os dois times na final do torneio.

Capa do Livro de Auriel de Almeida, que fala sobre a conquista Botafoguense


BOTAFOGO 4 x 0 FORTALEZA EC
Data: 04 / 10 / 1969
Local: Maracanã, Rio de Janeiro
Renda: NCr$ 84.575,00
Público: 34.588
Árbitro: Guálter Portela Filho
Competição: Campeonato Brasileiro (Taça Brasil) (decisão)
Gols: Roberto, 12’ (1° tempo), Ferretti (2), 12’ e 35’, e Afonsinho, 22’ (2° tempo)
Botafogo: Cao, Moreira, Chiquinho Pastor (Leônidas), Moisés e Waltencir; Carlos Roberto (Nei Conceição) e Afonsinho; Rogério, Roberto, Ferretti e Paulo Cézar. Técnico: Zagallo
Fortaleza: Mundinho, William, Zé Paulo, Renato, Luciano Abreu; Joãozinho e Luciano Frota; Garrinchinha, Lucinho, Erandir (Amorim), Mimi. Técnico: Gílvan Dias

1970: Consagração do tricampeonato do Estudiantes de La Plata em cima do Peñarol, novamente sem times brasileiros, a justificativa da vez foi que por ser violenta, a competição poderia prejudicar atletas cotados para a copa do mundo do mesmo ano, poderia prejudicar a integridade física dos atletas, como curiosidade, essa edição registrou a maior goleada da competição até hoje, Peñarol venceu o Valencia da Venezuela por 11 a 2, um massacre!

Os times participantes seriam os atemporais Palmeiras e Cruzeiro, dá uma olhada nesses times e veja o porque do “atemporais”.

Cruzeiro: Raul, Raul Fernandes (Lauro), Mário Tito (Darci Menezes) (Moraes), Fontana e Neco (Vanderlei); Piazza (Zé Carlos) e Dirceu Lopes; Marco Antônio (Gilberto) (Natal), Palhinha (Evaldo) (Ricardo), Tostão (Hilton Oliveira) e Rodrigues. Técnico: Gerson dos Santos.
Palmeiras: Leão, Eurico, Baldochi, Nelson (Minuca) e Zeca (Dé); Dudu e Ademir da Guia; Edu (Copeu) (Cardosinho), César, Jaime (Zé Carlos) e Pio (Serginho). Técnico: Rubens Minelli.


Dois elencos históricos, pra se ter ideia a Taça de Prata vencida pelos Palmeirenses só foi ganha porque os paulistas tinham um saldo de gols mais positivo que o dos mineiros, tamanho equilíbrio.

Poderíamos ter mais libertadores que já temos, Pelé, Dirceu Lopes, Tostão, Ademir da Guia, Leão...

Perdemos uma chance irreparável, entretanto é uma bela curiosidade!


Compartilhar: Plus