MEMÓRIA FC #01 - Suicídio inesperado


Vendo as inúmeras e sucetivas atuações de gala de Manoel Neuer, e o alto nível que o alemão atingiu, me recordei da época em que ele não era tão famoso assim e era um promissor reserva deste rapaz da imagem.
Robert Enke nasceu no dia 24/08/1977 em Jena, cresceu no distrito de Lobeda e era o mais novo de três irmãos. Começou a jogar bola bastante cedo, como atacante e após trocar de posição ele descobriu seu verdadeiro talento, seria goleiro. Seu primeiro clube profissional foi o Carl Zeiss Jena onde subiu da base com 17 anos em 1995, já no verão de 96 chamou atenção do Borussia Monchegladbach e acabou sendo contratado, porém, passou as duas primeiras temporadas com o time sub-23 e atuando também na seleção sub-21 alemã, em 98-99 Enke fez seu primeiro jogo pela Bundesliga, mas seu time acabou sendo rebaixado esse ano.

Posteriormente, Enke foi contratado pelo gigante português Benfica, assinando um contrato de 3 anos, no entanto, o clube passava por uma situação turbulenta assim como seu recém contratado goleiro que sofreu alguns ataques de pânico ( sim, ele já tinha histórico disso) após ser contratado. Naquele ano houve troca de treinador e atraso de salário, alternando momentos bons e ruins acabaram terminando em sexto lugar na liga. Porém nas épocas seguintes Enke acabou ganhando a admiração dos encarnados, e a cobiça dos grandes clubes europeus começou a rondar o clube português. Em junho de 2002 ele acabou assinando com o Barcelona, saiu de graça pois seu contrato com o Benfica havia terminado.

Em Barcelona veio a decaída. Sem espaço no elenco, se tornou a segunda opção no gol catalão atrás de Bonano e depois Victor Valdés, recebendo críticas do próprio companheiro de time (Frank de Boer), jogou apenas 20 minutos na BBVA, contra o Osasuna e fez mais duas aparições na UCL contra Galatasaray e Brugge. Acabou sendo emprestado para o Fenerbahce como moeda de troca para a chegada do goleiro turco Rustu a Catalunha, porem o alemão continuou sua decaída na Turquia onde jogou apenas uma partida, a derrota por 3-0 frente ao Istanbulspor. Enke viu como era a pressão dos torcedores turcos e assustou-se, isso o fez pedir pra sair do clube e entrou em sua primeira depressão, pensando inclusive em abandonar de vez os gramados.


O goleiro ainda ficou um tempo inutilizado no Barcelona até ser emprestado novamente, dessa vez para a segunda divisão espanhola, o Tenerife, onde foi até bem porém já se encontrava um tanto desmotivado, deixou a Espanha para ir jogar na bundesliga, no Hannover 96 mais precisamente.

E foi lá que alcançou o auge técnico e físico de sua carreira. Com atuações espetaculares, conseguiu superar todos aqueles anos de ostracismo na Espanha e voltou a ser o  goleiro que chamou a atenção do mundo quando jovem, com ótimos reflexos e bastante agilidade assumiu inclusive o posto de capitão do clube.

Enke chegou ao ápice com 31 anos sendo eleito o melhor goleiro da bundes de 08-09, assumiu a número 1 da Alemanha após a saida de Jens Lehman, sofria algumas lesões  mas era considerado nome certo na copa de 2010, quando o inesperado aconteceu.
O goleiro sofria de depressão desde a morte de sua filha Lara e estava a se tratar com o psiquiatra Valentin Markser, porém o que o mundo do futebol não sabia é que os sintomas da depressão tinham ficado mais graves, quando na noite do dia 10 de novembro de 2009,Enke se jogou diante de uma passagem de trem de Neustadtam Rubenberge, próximo a Hannover, e se deixou atropelar pela composição após deixar uma carta para a família, seu corpo foi encontrado junto a uma passagem de nível alguns relatos dizem que a composição vinha a mais de 150km/h, seu automóvel foi encontrando a alguns metros da linha férrea destrancado e com a carteira dentro, o psiquiatra relatou que no dia de seu suicídio Enke se recusou a comparecer na consulta alegando se sentir bem consigo mesmo.


Após a noticia da morte, muitos adeptos do clube em que ele atuava o Hannover 96,  se reuniram na AWD Arena para deixar flores, fazer homenagens e assinar um livro de condolências. Alguns de seus clubes antigos também homenagearam o goleiro, o Barcelona realizou um minuto de silencio em um jogo na noite de sua morte, o Benfica fez o mesmo em seu jogo na taça de Portugal. A bundesliga também fez um minuto de silêncio nas rodadas 21 e 22 de novembro. A maior homenagem no entanto veio do Hannover 96, clube onde Enke mais brilhou com mais de 150 jogos, eles aposentaram a camisa 1.

Capa do Livro de Ronald Reng
O guarda redes foi enterrado no dia 15 de novembro em um tributo na AWD-Arena que reuniu 45 mil pessoas em Hannover e teve a presença de familiares, amigos, conhecidos, alguns jogadores de futebol e muitos torcedores e fãs, o corpo foi posto no meio de campo. O presidente do clube na época Martin Kind deu uma declaração falando : “ Enke foi o número um no melhor sentido da palavra. É por isso que hoje temos os corações tão pesados”.

Enke deixou pra trás sua esposa Teresa Heim e uma filha adotiva, Leila. Ele e a família estavam envolvidos com várias campanhas a favor do direito dos animais e tinham vários animais em casa, Inclusive Enke havia emprestado seu rosto para o PEPA (PEOPLE FOR THE ETHICAL TREATMENT OF ANIMALS) a fim de se envolver ainda mais na causa. Existe um livro sobre o Goleiro que se chama “Uma vida curta demais” e foi escrito por Ronald Reng

Triste fim para um goleiro que ainda poderia viver seus dias de glória.


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