O 'baile' do debutante


Era oito de maio deste ano quando Eduardo Sasha abria o placar contra a Juventude na final do campeonato gaúcho.. Durante a comemoração, ele puxou a bandeira para um baile de valsa, em clara provocação aos 15 anos da fila do Grêmio em títulos fora do estado. Mais de meio ano depois, o tricolor aplicou o famigerado baile no Atlético Mineiro. A partida, marcada pela superioridade da equipe de Renato, traz alguns interessantes pontos.

Bagunça atleticana

Fazem seis meses e quatro dias que Marcelo Oliveira assumiu o Galo. É inaceitável que com todo esse tempo e com o melhor elenco do Brasil não exista um padrão de jogo. A equipe prioriza a individualidade e espontaneidade dos jogadores. O time sem bola é uma bagunça total, não há linhas e não há compactação. O apaziguador de elencos (não merece o termo treinador) não cobra recomposição de nenhum dos quatro jogadores ofensivos (Cazares, Robinho, Maicosuel e Pratto) e contra times que atacam em bloco sempre sofre. Com a bola é um time individualista e que muitas vezes leva um jogo no abafa ou na diferença técnica dos atletas.
Na imagem, o primeiro gol do Grêmio em que o time não mantém nenhum padrão defensivo.
O time é espaçado, possibilitando que Douglas, Ramiro e Maicon dominassem a intermediária defensiva atleticana. Por isso, com apenas um passe chave, Maicon não quebra a defesa e sim descobre um dos inúmeros buracos desse time.
A marcação é mais desorganizada até que a do lanterna América Mineiro.
A defesa não tem sentido, não há lógica, vemos quatro jogadores dentro da área marcando apenas dois atacantes gremistas, enquanto Douglas, um exímio finalizador, está livre na entrada da área.

Roger e a sua herança

Depois de campanha icônica de Renato Gaúcho, muitos levantam a questão sobre a influência de Roger nesse time. De fato, há muitos traços deixados pelo antigo treinador, principalmente a obediência tática e a posse da bola. Mas não se pode tirar créditos de Renato, obviamente. A compactação da equipe e a consistência defensiva que formam a melhor defesa do Brasil no momento têm muito de seu dedo, merecendo um enorme mérito por isso.

Muitas piadas relacionados ao passado do treinador ainda são expostas, a principal é a "enquanto alguns vão para Europa fazer curso, Renight joga futevolei na praia, assume um time e o leva para a final". Se me perguntassem sobre essa frase tempos atrás, concordaria plenamente, porém, hoje é diferente. O Renato que vemos é muito mais sofisticado, maduro e inteligente.

Talvez a única peça folclórica brasileira atualmente, segue com olhares tortos e dúvidas, mas não podemos esquecer que um dos melhores técnicos do mundo, atualmente, é uma figura folclórica: Diego Simeone. É claro que nossa intenção não é comparar os dois profissionais, no entanto, é preciso analisar com imparcialidade o trabalho de Renato. O treinador é, sim, exótico, assim dizendo, mas se prova cada vez mais alguém preparado para o que faz. 
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