A evolução defensiva Gunner


A revolução feita por Arsène Wenger no Arsenal desde que chegou, em 1996, mudou a vida e a filosofia do clube. Nós últimos anos, vimos equipes inglesas variarem entre altos e baixos. Manter o Arsenal em alto nível, mesmo que sem muitos títulos nessa época, é um trabalho digno de respeito. O Liverpool, por exemplo, conquistou a Liga dos Campeões em 2005 e deu uma boa desaparecida durante algumas temporadas, se redescobrindo agora, com Jürgen Klopp. O alemão, ex-treinador do Borussia Dortmund, levou o clube à duas finais em apenas um ano. O Chelsea, rival do Arsenal, conseguiu uma expansão extraordinária e cresce a cada dia mais. Conquistou vários títulos nos últimos anos, com destaque para a inédita Champions League, sonho dos outros dois grandes de Londres. Ou seja, a continuidade, querendo ou não, dá resultado.

Wenger implementou um futebol ofensivo e de toque de bola com um meio campo muito técnico desde que chegou. Mesmo após uma seca gigantesca de títulos, o Arsenal nunca abriu mão de seu estilo. Sempre optou por jogadores jovens e contratações pontuais, nunca abandonando a filosofia do clube, a do “Victory Grows Out of Harmony”, em português, “a vitória advém da harmonia”. 

Na atual temporada, Arsène foi muito criticado por não tirar os pounds do bolso. Historicamente, o francês teimoso gosta de contratar pouco e de trazer, majoritariamente, jogadores promissores. Nesse ano não foi diferente. Desembolsou uma quantia considerável por Granit Xhaka, é verdade. Levou também Lucas Perez, Rob Holding e o bom zagueiro Mustafi. Ou seja, acréscimos pontuais ao elenco, e apostas em nomes de pouca idade.
Contratando pontualmente, Wenger parece finalmente ter acertado em cheio.

Além dos reforços, bancou o promissor Iwobi, que faz uma temporada muito boa. Aliás, é difícil dizer quem do meio pra frente faz uma temporada ruim. Alexis Sanchez talvez viva a melhor fase de sua carreira, Theo Walcott parece ter reencontrado o bom futebol e Mesut Özil está com um faro de gols impressionante. A presença de Santi Cazorla no time também é de fundamental importância. Não parece que o espanhol possui 32 anos de idade. O time com Santi é outro. Os Gunners venceram 66% de suar partidas com ele em campo, sem ele, esse número cai pra 41%. Com boas opções do meio pra frente, como é de costume no Arsenal, Wenger parece ter acertado em cheio em um setor que sofreu diversas críticas nas últimas temporadas. 

O alemão Skhodran Mustafi caiu como uma luva no Arsenal. Até então, disputou 9 partidas, ganhou 7, empatou 2, com 5 “clean sheets” e 5 gols concedidos. Números impressionantes para um zagueiro recém chegado na Premier League. A harmonia do novo zagueiro gunner com Laurent Koscienly impressiona e com o tempo as coisas devem melhorar ainda mais. 
A nova dupla de zaga dos gunners. Aos poucos, impõe respeito e dá confiança aos torcedores.

O equilíbrio ofensivo e defensivo dos Gunners não deixa nada a desejar, a começar pela continua ascensão de Hector Ballerin. O jovem espanhol mostra evolução a cada partida. Ataca, corre (e muito), apoia bem pelo lado direito, e tem a cobertura (quase) sempre precisa de Francis Coquelin e o apoio de Theo. Do outro lado, Monreal é outro que não deixa a desejar. Ofensivamente, não é tão eficiente quanto Bellerin, mas defensivamente é sempre muito seguro. Joga o simples e possui até razoável saída de jogo.

Neste sistema ainda podemos destacar Coquelin. Quando atua a frente da zaga, como um "falso 6", o “Le Coq”, como é chamado pela torcida do Arsenal, desarma, tem raça, boa saída de bola e sempre mostra muita determinação. Tudo o que a torcida Gunner gosta. 
Coquelin é um leão quando está em campo pelos gunners.

Ou seja, se Wenger sempre contou com um ataque interessante, técnico e eficiente, o equilíbrio do setor defensivo pode ser o que faltava. Seria exagero pensar em um novo Arsenal, de defesa sólida e ataque competente? A filosofia não deve mudar, mas com esse ponto positivo num setor antes criticado, o contestado técnico dos gunners pode, enfim, sonhar em dar saltos mais altos com a equipe. 
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