Não temos nada


Para quem costumava encher a boca para dizer que a geração era fraca, a "desculpa" aos poucos foi por água abaixo. Vários são os jogadores promissores no plantel brasileiro e alguns desses já são importante peças no campeonato nacional e pela Europa. Junto disso, outra teoria que parece cair por terra é a da total culpa do treinador. Se Dunga tinha grandiosa parcela no péssimo nível da equipe, Micale é estudado e apresenta interessantes ideias. Pelo menos nos treinos, já que, em campo, nada disso fica evidente.

Na teoria, então, temos tudo. Mas, na prática, não nos resta nada. A fibra se foi, o orgulho parece ter desaparecido e a vontade de vencer passa longe de dar as caras. Um time apático, perdido, individualista e sem maturidade passou por dificuldades contra um Iraque sub23, que parecia muito mais profissional que os nosso já importantes atletas no cenário do futebol. 

Culpa de Micale? Culpa de Neymar? Culpa de Jesus? É quase impossível apontar um culpado. Vai muito além disso. Como dito ontem pelo narrador Luis Carlos Junior em uma das emissoras que cobre as Olimpíadas, um divórcio aconteceu naquele 7-1, e de lá para cá nenhuma prova de amor foi nos dada para continuar acreditando no relacionamento. 

Se a seleção profissional já estava totalmente desacreditada, os meninos vinham cercados de expectativa, e a obsessão pelo ouro olímpico se acalmava, tamanho o favoritismo da equipe. Hoje, os riscos de eliminação ainda na primeira fase existem, mas pior do que isso, um abismo ainda maior entre torcida e seleção tende a se abrir.

Não importa o que aconteça no restante das Olimpíadas. O sentimento hoje e pelos próximos dias vai ser de luto. O futebol nacional do Brasil parece respirar por aparelhos, e seguir tendo o rendimento do jogo contra o Iraque pode ser a eutanásia canarinho. O fim. O fundo do poço. Esperamos que de algum jeito consigamos sair. A certeza é que Tite não vai conseguir sozinho. 
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