Antes promessa, hoje trintão, Dudu Cearense amadureceu após alguns anos de ouro pela Europa e uma linda história pela seleção. Tendo passado por inúmeros países durante a carreira, se considera realizado profissionalmente e agora no Botafogo, confessa que talvez tenha apenas mais alguns anos em alto nível. Conversamos um pouco com o meio campo, confira na íntegra:
Quando você sobe a primeira vez muito jovem, há muita pressão e inúmeras questões em volta. Porém, eu não tinha problema nenhum quanto a isso, o fato é que o time vinha muito mal e o presidente na época achou melhor não queimar cartucho, por eu ser bem novo ele pediu calma pra mim. Entretanto ainda com essa pressão eu queria ficar, mas segui o conselho e desci para os juniores, fiz alguns jogos pra subir novamente mais tarde, com a equipe mais tranquila. Não é nada fácil pra um jovem lidar com toda aquela pressão e cobrança acima do normal, então pra mim foi muito importante aquela descida rápida, até pra assimilar o que estava acontecendo pois ainda era muito novo.
2- Você saiu do Brasil diretamente pro Japão, era bastante jovem e sua linha de evolução tinha uma expectativa altíssima. Se pudesse voltar atrás, ainda sim teria se transferido para o Kashiwa Reysol? Chegaram propostas da Europa?
Quando eu sai pro Japão eu tinha acabado de ser campeão mundial sub-20, segundo melhor jogador do torneio e artilheiro da competição. Logo em seguida disputei o pré-olímpico com a equipe sub-23 que contava com o Ricardo Gomes na época. Chegaram propostas do Porto, da Rússia, mas os japoneses chegaram muito forte e fizeram um negócio grande com o Vitória, fui vendido por 4 milhões e meio, mas dizem que foi muito mais do que isso, por baixo. Então foi mais pela parte financeira, mas eu gostei bastante do Japão, me deu uma experiência muito grande, mesmo que naquela época o Kashiwa Reysol não fosse tão forte como é hoje. Não me arrependo de ter feito isso, até porque ganhava um salário muito baixo no Vitória.
3- Já na Europa, houveram dois momentos de bastante destaque na sua carreira, no CSKA e no Olympiakos. Com boas participações na Champions League e atuações convincentes, você por um bom tempo, foi um dos destaques das equipes quando esteve em campo. Qual das duas passagens você considera como seu auge no continente europeu?
R: Cada jogador tem seu auge na carreira, é natural até porque a vida de jogador tem validade. Então com certeza esses dois clubes formaram o meu auge na Europa, jogando partidas pela liga dos campeões, tiveram alguns jogos que fui convocado pela seleção, fui capitão, tava muito bem, feliz. São equipes de grande porte no continente, possuem muito respeito e pra mim foi sensacional todos os anos que passei atuando por essas equipes, uma experiência única na minha carreira.
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| Dudu em ação pelo clube grego, um dos pontos altos da sua carreira. |
4- Você teve inúmeras convocações para a seleção brasileira, desde a base até o time nacional principal. Inclusive sendo campeão mundial sub-20, onde foi artilheiro. Foi cotado para as copas de 2006 e 2010 e acabou perdendo a copa América de 2007 por conta de uma lesão. Pra você, qual das duas copas era a “sua” copa? Em qual dos mundiais acha que poderia ter ajudado mais?
Eu não fico frustrado em ter perdido a chance de disputar uma copa do mundo, mas pra mim a copa ideal seria a de 2010, em 2009 eu tava muito bem, voando no Olympiakos e achava que seria convocado, acabei não indo. Em 2006 também passava pela minha cabeça, mas aquela seleção era muito mais forte e os jogadores eram de altíssimo nível, a maioria jogava na Europa em times como Arsenal, Real Madrid, Barcelona e a minha concorrência era com Gilberto Silva, Kléberson, Emerson e alguns outros. Eram todos top de linha e quando eu era convocado ficava muito feliz por estar no meio de tantos craques, foi um privilégio. Infelizmente não disputei uma copa porém não sofro por isso, até porque fui campeão mundial sub-20 e tive uma história linda com a seleção. Futebol é momento e aqueles momentos pra mim foram maravilhosos.
5- De 2014 até o momento presente, você teve passagem por 4 clubes diferentes, incluindo um clube israelense. Ao todo, você atuou por 5 países diferentes (sem contar o Brasil) durante a sua carreira. Com toda essa experiência, se considera um jogador já realizado? Quais são suas metas pessoais até atingir o fim da carreira?
Foi uma experiência única na minha vida passar por todos esses países, tanto para a vida profissional quanto vida pessoal, aprendi muito. São estilos de vida diferentes, até mesmo o estilo de jogo de cada liga é diferente, mas você vai evoluindo etapa por etapa, então com certeza hoje me considero realizado como atleta profissional. Minhas metas são mais simples, poder viver bem, fazer minha história no Botafogo, até porque cada dia que passa é um dia a menos na minha carreira. Tenho pela frente quem sabe uns dois ou três anos em alto nível, não sei. Mas estou gostando bastante do clube e da equipe, trabalho para poder corresponder com resultados a cada jogo.
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| Dudu agora busca construir uma história no Botafogo, atual clube. |
6- Para fecharmos, qual desses países foi o mais difícil se adaptar? E o mais fácil? Porque?
O mais difícil foi na Rússia, os seis primeiros meses que vivi lá foram difíceis pra mim. O estilo de vida deles não é muito comum e foi difícil pra mim entender a cultura do país, mas com o tempo acabei entendendo, estudei um pouco de russo também, para conseguir assimilar melhor a língua, após isso consegui me adaptar melhor. O mais fácil foi a Grécia, um país maravilhoso, estilo de vida não muito diferente do brasileiro, muito boêmio, são muito carismáticos com todos, apaixonados por futebol, fui recebido muito bem lá. Até costumo comentar que devo ter sido grego em outra vida.
O mais difícil foi na Rússia, os seis primeiros meses que vivi lá foram difíceis pra mim. O estilo de vida deles não é muito comum e foi difícil pra mim entender a cultura do país, mas com o tempo acabei entendendo, estudei um pouco de russo também, para conseguir assimilar melhor a língua, após isso consegui me adaptar melhor. O mais fácil foi a Grécia, um país maravilhoso, estilo de vida não muito diferente do brasileiro, muito boêmio, são muito carismáticos com todos, apaixonados por futebol, fui recebido muito bem lá. Até costumo comentar que devo ter sido grego em outra vida.
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| Depois de adaptado, o meio campo deslanchou. |
Desejamos toda sorte do mundo ao jogador!




