Já diria a tão famigerada lei do engenheiro aeroespacial americano Edward Murphy: “Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente dará". A tese que explica de forma simples o fracasso das coisas parece cada vez mais sustentar o motivo do revés inexplicável do Arsenal toda temporada.
Dizem por aí que as palavras tem força, não é mesmo? Então provavelmente os torcedores mais fanáticos do clube londrino, depois do último jogo da Premier League em 2004, devem ter esbravejado pelas ruas algo como “Ganhamos a liga invictos, podem passar anos sem vencer que estaremos felizes!”. Pobres torcedores que tiveram que acompanhar o time sendo vice campeão da Champions League em 2006 e passando nove anos sem ver um título sequer dos Gunners até as duas FA Cups consecutivas em 2014 e 2015. Mas FA Cup não é um título à altura de satisfazer um clube do tamanho do Arsenal, um dos maiores clubes não só da Inglaterra como da Europa.
Desde a tão gloriosa temporada dos Invincibles, o carma do Arsenal fez com que o time londrino batesse na trave todos os anos na tentativa de conquistar novamente o título da liga inglesa. Foi duas vezes segundo, quatro vezes terceiro e seis vezes quarto lugar. Pelas posições no campeonato, o clube todo ano disputa a Champions League, título que nunca venceu. E pra variar, a última edição foi a sexta consecutiva que os Gunners param nas oitavas de final. Não importa o adversário, tanto o Monaco quanto o Barcelona, todos passam pelas oitavas contra o Arsenal, que todo ano parece querer repetir o mesmo insucesso.
Outro fator que reforça a ideia de “praga” é a quantidade exagerada de lesões que desfalcam o elenco toda temporada, comprometendo o time que tem que repor com os jogadores reservas, em sua maioria atletas de base. O clube hoje conta com sete atletas no departamento médico, e o número parece invariável, um volta, outro se lesiona e assim é ditada a temporada dos londrinos.
Numa tentativa de tornar racional a discussão sobre essa “maldição” do Arsenal, o nome de Arsene Wenger é extremamente citado. O técnico é considerado o maior responsável por essa constante de fiascos por parte do clube. Sem muitas ambições no mercado e com uma bastante criticada filosofia de focar em contratações de jovens jogadores revelações de clubes menores, Wenger vê os outros clubes e outros técnicos obterem sucesso fazendo o contrário do que prega. Criticado também por sua forma de montar o time, o técnico sofre com a regra de toda temporada tomar uma goleada maiúscula para um rival e ter atuações ridículas para times da parte de baixo da tabela. O movimento chamado “Wenger Out” toma muita força a cada ano que passa, com cada vez mais torcedores que acreditam que o trabalho do técnico ficou obsoleto mediante a evolução da parte tática do futebol. O que não se sabe é quando o Arsenal finalmente trocará a filosofia do manager afim de uma nova era de conquistas.
Sendo maldição, culpa do Wenger ou só coincidência, uma coisa é certa: um clube do tamanho do Arsenal não pode ficar tanto tempo nesse dilema. O que se espera é que bons ares passem pelo clube ou a diretoria canse de ser uma fábrica de fracassos e acabe com seu amadorismo de gestão para poder ser então uma fábrica de glórias.


