O English Team não fracassou na Euro 2016


Quando você chega num clube no meio de uma temporada, o mais aconselhável a se fazer é montar sua equipe baseada nos jogadores que você tem. Quando você está desde o começo da temporada, você tem a “liberdade” de escolher um esquema e pegar as melhores peças para cada posição, o que provavelmente fará Antonio Conte quando chegar ao Chelsea no próximo mês e implantar seu 3–5–2. Quando você é o treinador de uma seleção, a mesma coisa, até porque você terá a possibilidade de escolher qualquer jogador daquela nacionalidade.

Três meses atrás, a Inglaterra venceu a Alemanha no Estádio Olímpico de Berlim por 3 a 2. Na ocasião, o gol foi defendido por Butland e Forster, o primeiro saiu machucado ainda no primeiro tempo, Clyne foi o lateral direito, Henderson e Barkley foram titulares no meio campo e a dupla de ataque foi Kane e Vardy. Sim, um 4–4–2. Mesmo num amistoso, aquela parecia a melhor formação para o English Team.

No mês passado, a Inglaterra enfrentou a Turquia e voltou a jogar com Kane e Vardy juntos. Dessa vez, Sterling completou o trio de ataque, já que a equipe estava num 4–3–3. Venceu por 2 a 1. Quem marcou? Kane e Vardy, é claro.
A ideia de ter essa dupla empolgava muito os torcedores ingleses.

Na estreia da Euro contra a Rússia, Vardy estava no banco e a Inglaterra começava com Lallana na direita, Kane de centro-avante e Sterling na esquerda. Quem acompanha o Liverpool sabe que Lallana não está acostumado a jogar naquela posição. Para completar, Kane era quem cobrava os escanteios do time. Não acertava um. Resultado: Rússia conseguiu um empate no último minuto. Um banho de água fria pelo bom primeiro tempo que, apesar de tudo, a Inglaterra conseguiu fazer.

Segunda rodada, um clássico britânico contra Gales, uma das partidas mais esperadas da fase de grupos da Euro. Uma virada heroica da Inglaterra. Vitória por 2 a 1. De quem foram os gols ingleses? Vardy e Sturridge, ambos vindo do banco de reserva.

Com a vaga praticamente já garantida, Roy Hodgson escalou um mistão contra a Eslováquia, na última rodada da fase de grupos. Não estou afirmando isso, estou apenas tentando adivinhar como Hodgson pensou. A vaga foi confirmada mas com os ingleses terminando na segunda posição do grupo, caindo na chave da morte do mata-mata da Euro. Apesar disso, enfrentaria a Islândia, que segundo Cristiano Ronaldo, não arrumaria nada na competição.
O choro de uma geração que não sabe o que esperar do English Team.

Aos 5 minutos de jogo, a Inglaterra já estava na frente. Rooney fez de pênalti. Aos 6, porém, a Islândia já tinha empatado, numa jogada ensaiada de lateral. Sim, a Islândia conseguiu marcar um na Inglaterra numa jogada de lateral. Em menos de 20 minutos de jogo, o English Team já estava perdendo. Sigthórsson teve a maior tranquilidade do mundo para passar pela defesa inglesa e ainda contou com a ajuda de Hart para seu chute terminar em gol.

A Inglaterra ficou em estado de choque por alguns minutos. Na volta do intervalo, Dier saiu para a entrada de Wilshere. Sim, precisando pelo menos empatar, Hodgson troca um volante por outro. Talvez pudesse dar certo, mas não aconteceu. Vardy, que deveria ter sido titular desde o começo da competição também entrou, no lugar de Sterling, que inexplicavelmente faz parte desse plantel. Rashford, sensação do Manchester United na temporada foi o jogador inglês que mais acertou dribles na partida. Entrou no lugar de Rooney aos 40 do segundo tempo. Imagina se tivesse entrado mais cedo?

Depois de tudo isso mencionado, é possível dizer que o English Team fracassou? Townsend (4 gols em 16 jogos na Premier League) e Drinkwater, um teve um belo final de temporada pelo Newcastle United e o outro foi campeão pelo Leicester City foram cortados, em seus lugares Sterling (6 gols em 31 jogos) e Wilshere, que antes da preparação da Euro, só havia disputado 3 partidas essa temporada.

Se o 4–3–3 não havia dado certo durante a competição, porque insistir nessa formação? Se você tem os 2 maiores artilheiros da Premier League, que juntos marcaram 49 gols, porque só um deles titular? Sem contar escalar Rooney de volante. Por mais que seja o maior artilheiro da seleção e o capitão, não é mais fácil simplesmente colocá-lo banco e mandar pro jogo um volante de verdade?
Os (injustamente?) reservas Vardy e Henderson lamentando a eliminação.

A Argentina de Messi, Higuaín, Di María e Agüero perder 3 finais consecutivas em 3 anos é um fracasso. O English Team comandado por Roy Hodgson e com nomes como Walker, Cahill, Smalling, Sterling e Rooney jogando de volante dar um novo vexame internacional em menos de 2 anos é a concretização do esperado.

Roy Hodgson já renunciou ao cargo de manager. Gary Neville seria seu sucessor natural por ser seu assistente, mas o tempo que passou no Valencia não contribui mais a seu favor. As opções “caseiras”, não são tão animadoras. Alan Pardew, Sam Allardyce, Gareth Southgate (atual treinador do sub-21 inglês). Eddie Howe ou o norte-irlandês Brendan Rodgers seriam nomes mais interessantes. Se a FA quiser realmente mostrar que deseja mudar o futebol do English Team, talvez não exista nome melhor hoje que Laurent Blanc, que acabou de ser demitido do Paris Saint-Germain. Além de todos os títulos conquistados pelo clube francês, um treinador não britânico seria bastante proveitoso.
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