Hoje o Modão Caipira abre espaço para falar sobre um grande clube do interior paulista, que vive uma de suas piores fases da história nos últimos anos. O América de São José do Rio Preto esteve na Série A1 do Paulistão por muitos anos, fazendo bonito em várias participações, mas desde que foi rebaixado em 2007, não conseguiu retornar à principal competição do estado. Hoje, disputa o Campeonato Paulista da Segunda Divisão, quarto e último nível do futebol de São Paulo.
Começarei falando do nascimento do clube, que se deu há 70 anos, no dia 28 de janeiro de 1946. Um engenheiro de Rio Preto colocou em prática sua vontade de criar um clube de futebol, e o nome e escudo, foram homenagens ao América do Rio de Janeiro. Em março de 1948, a equipe fez sua estreia, vencendo a Ferroviária por 3x1, num jogo que ocorreu em Mirassol, pois o Mecão ainda não possuía um estádio próprio, e o rival Rio Preto não concordou em emprestar o seu estádio. A rivalidade com o Rio Preto existe desde o primeiro ano de sua história, e é muito forte desde então.
O mascote do clube é o Diabo vermelho, conhecido como Brasinha.
Com a profissionalização muito rápida, as primeiras glórias não demoraram a surgir. Em 1957, conquistou o título da segunda divisão, conseguindo o acesso para a elite com menos de dez anos de história. Acabou sendo rebaixado em 1961, mas em 1963 voltou a vencer a divisão inferior, e aí sim foi se consolidar como um clube importante no estado.
Foram muitos anos ininterruptos na primeira divisão, até 1997. Durante esse tempo, várias grandes participações, vitórias sobre o Santos de Pelé, presenças em Campeonatos Brasileiros...
Em 60 e 64, conseguiu vencer o temido Santos, com a presença do Rei Pelé em campo. Em 1960, 1x0 para o América, e em 1964, 2x1. Ambos os jogos aconteceram em Rio Preto.
Na década de 70, existia o "Paulistinha", onde clubes do interior disputavam vagas para chegar ao Paulistão, com os grandes clubes. Em 72 e 73 o América fez boas campanhas e conseguiu chegar a fase seguinte, onde enfrentou os maiores clubes do estado. No ano de 1973 ficou na sétima posição, a frente do São Paulo na classificação final, e conseguiu a "Taça dos Invictos" pela primeira vez em sua história, ao ficar 17 jogos sem conhecer uma derrota.
Dois anos depois, já com o "Paulistinha" extinto, foi muito bem no segundo turno do campeonato, classificando-se para o hexagonal final e ficando muito próximo da vaga na final da competição, que acabou sendo disputada entre Portuguesa e São Paulo. Em 76, disputou o título ponto a ponto com XV de Piracicaba e Palmeiras, que acabou se sagrando campeão do torneio que foi disputado em pontos corridos.
Em 1978, o Mecão disputou o Brasileiro da Série A pela primeira vez, conseguindo se classificar para a segunda fase, pois ficou na 5ª posição do Grupo F, e naquela competição, os 6 primeiros de cada grupo, conseguiam a vaga. Na fase seguinte, acabou sendo eliminado ao ficar na 8ª posição de seu grupo.
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| Equipe do América no Brasileirão de 78 (Foto: Blog Só Súmulas) |
No ano seguinte fez ótima campanha na primeira fase do Paulistão, classificando-se com a 4ª melhor campanha, atrás apenas de Corinthians, Palmeiras e Guarani. No fim, acabou com a 6ª posição na classificação geral, além de ter o artilheiro da competição, pois Luís Fernando Gaúcho fez 27 gols naquela ocasião.
O início da década de 80 foi, provavelmente, a melhor época da história do clube de São José do Rio Preto. Ficou várias vezes entre os melhores do estado, disputou o Brasileirão de 1980, e teve o atacante Marinho convocado para defender a Seleção Brasileira.
Já os anos 90, foram de muitos altos e baixos para o América. Em 1993, disputou o Módulo Amarelo do Paulistão, e por ter ficado em 3º, conseguiu se garantir na divisão principal do ano seguinte, onde acabou ficando com a 5ª posição, atrás apenas dos quatro maiores clubes do estado. Já em 1997, acabou sendo rebaixado para a Série A2, após muitos anos disputando a elite.
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| Ótimo time titular do América em 1994 (Foto: Blog Cacellain) |
Em 1998 foi vice-campeão da Série A2, ficando atrás da União Agrícola Barbarense, mas apenas uma equipe conquistava o acesso naquele ano, Em compensação, no ano seguinte conquistou o título na final contra uma forte Ponte Preta, no Estádio Teixeirão. O empate por 1x1 favoreceu o América, por ter feito melhor campanha nas fases anteriores. Naquele ano, conquistou novamente a Taça dos Invictos, ficando 31 jogos sem perder.
Em 2000, acabou fazendo a pior campanha da primeira fase da Série A1, e foi rebaixado para a Série A2 do mesmo ano. Em 2001 conseguiu o acesso, e enfim conseguiu voltar a ter uma sequência na elite.
Entre 2002 e 2006 fez campanhas sem grande destaque no Paulistão, sempre ficando em posições intermediárias. Mas em 2007, veio o rebaixamento e o começo da fase tenebrosa que o clube vive até hoje. Ficando na 17ª posição, com 17 pontos nas 19 partidas, foi um dos quatro rebaixados para a Série A2 do ano seguinte.
Entre 2008 e 2011, fez campanhas ruins na Série A2, mas em 2012 veio o maior sofrimento. Pela primeira vez em sua história, o clube era rebaixado para a terceira divisão do campeonato estadual. E pior, sendo o lanterna da competição.
Pra quem achava que esse era o fundo do poço, veio um baque maior no ano de 2014. Com uma campanha lamentável, a equipe acabou sendo rebaixada para a quarta divisão estadual, o nível mais baixo entre os clubes profissionais do estado.
Em 2015, disputou a Segunda Divisão (nomenclatura do quarto nível estadual), mas não passou da primeira fase. Nesse ano, está novamente disputando a competição, e vem tentando a classificação no Grupo 2 da competição.
Nas categorias de base, já teve destaque em duas edições da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Em 1989 foi vice-campeão, perdendo a final para o Nacional-SP. Já em 2006, conquistou a competição ao bater o Comercial, numa "final caipira" do torneio.
O clube já teve dois estádios próprios. O primeiro era o Estádio Mário Alves Mendonça, que foi utilizado até 1996. O maior público registrado no antigo estádio do Rubrão foi de 23.800 pessoas, numa partida contra o Corinthians em 1979. Era conhecido como "O Caldeirão do Diabo", pela proximidade da arquibancada com o gramado.
Depois disso, o América construiu o Estádio Benedito Teixeira, o famoso Teixeirão. É o maior estádio particular do interior paulista, com capacidade de mais de 36.000 pessoas. O clube se orgulha em falar que o estádio foi construído sem ajuda nenhuma do poder público, com doações e recursos levantados 100% pela própria instituição. A inauguração ocorreu em 1996, numa partida contra o São Paulo FC, que o clube da capital venceu por 3x2. O maior público do Teixeirão em jogos do América foi na final da Série A2 de 1999, com 33.901 espectadores no jogo contra a Ponte Preta.
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| Teixeirão é um dos principais estádios do interior paulista (Foto: Edvaldo Santos) |
Com a crise que o clube vive nos últimos anos, o Teixeirão chegou a ser colocado em leilão no ano passado, mas acabou não sendo leiloado. Neste ano, o clube se viu obrigado a regularizar a situação do estádio, que foi construído sem um alvará na época.
A crise que se instalou no lado vermelho de Rio Preto parece estar longe de acabar, mas o peso da camisa e a força da torcida americana nos fazem acreditar que a história do clube não chegará ao final tão logo, e que um dia a instituição América Futebol Clube ainda há de se reerguer!