O medo da derrota mata a ambição pela vitória


Na última terça-feira, dia 23/02, foi realizado um dos confrontos mais esperados da fase de oitavas-de-final da UEFA Champions League: Juventus x Bayern München. Duas grandes equipes, que lutam pelo título de campeão da liga de seus respectivos países.  E em grandes confrontos, sempre esperamos que haja um certo equilíbrio, com equipes jogando de igual pra igual o tempo todo, mas infelizmente não foi o que vimos. Porém, é claro que há uma grande diferença de um jogo contra um adversário local, para um confronto contra um adversário do gabarito do Bayern, que domina a Bundesliga de forma assustadora com um futebol avassalador, colocado inclusive ao lado do Barcelona como melhor futebol do planeta. Você deve estar se perguntando onde estou querendo chegar, pois então, tenho algumas considerações a fazer com relação a apresentação do time italiano.

É óbvio que se expor contra equipes muito técnicas, você vai correr muito risco de ser derrotado e ou até humilhado. Mas, e se atacarmos com inteligência? No jogo entre Juventus x Bayern no Juventus Stadium, vimos um primeiro tempo irreconhecível da equipe italiana. Do primeiro minuto ao minuto 45, a equipe se acovardou e se limitou a apenas se defender, algo que foi por água abaixo quando Müller abriu o placar aos 41 minutos. E aí, pra onde vai a tática? A absurda necessidade de se apequenar diante de um gigante adiantou algo? Não. Uma equipe da qualidade técnica da Juventus não podia jogar daquela forma por 45 minutos, tão covarde e sem ambições ofensivas.

Veio o segundo tempo e o time começou a se soltar mais, a tentar jogadas em profundidade, mas sem muito sucesso. O Bayern viria a ampliar o marcador logo mais, com Robben e sua fatal jogada característica. Allegri olha para o campo e vê duas opções: vou pra cima e corro riscos ou mantenho a postura e abdico da vaga para as quartas. Seguiu o velho ditado "perdido por um, perdido por mil" e foi pra cima do time alemão, que pareceu se assustar com tudo aquilo. Como se os jogadores do Bayern olhassem um para o outro e dissessem: "eles estão nos atacando? Como assim? Somos o Bayern, não é possível que eles tenham tanta ousadia." Não é exagero, o líder da Bundesliga parecia perdido após o gol de Dybala e uma sequencial pressão fortíssima da Juventus. A equipe de Guardiola ainda tentava suas jogadas ofensivas, tinha mais posse, porém o sistema defensivo não parecia confiante. Até que aos 76, com uma jogada de Allegri (sim, isso mesmo) o time conseguiu um improvável empate. Por que jogada do Allegri? Morata assistiu Sturaro que marcou o tento do empate, ambos colocados pelo treinador durante a partida. E não é que quase a virada aconteceu? Quadrado teve chance e o próprio Morata também, mas o jogo terminou empatado e o time bávaro levou uma pequena vantagem para a Alemanha. Ficamos com a sensação que a Juventus podia mais, e realmente podia.
Sturaro empatou o jogo e a Juve ainda ficou com gosto de quero mais. Por que não fazer isso desde o começo?

Com a boa atuação no segundo tempo, fico me perguntando porque não jogar de acordo com as características da equipe desde o minuto inicial, ou após os 15 minutos iniciais de pressão característica do time alemão. Não só eu, e sim muitos fãs de futebol. O Bayern é uma grande equipe que joga um futebol espetacular, mas quando pressionado, ficaram nítidas algumas fragilidades que poderiam ser exploradas desde o princípio da partida, equilibrando mais o jogo desde o primeiro tempo.

Não adianta estudar um adversário e jogar contra ele apenas para "não perder". O estudo deve ser feito para encontrar fragilidades e explorá-las, a ponto de conseguir se sobressair mesmo diante de um fortíssimo oponente. E a Juventus só enxergou isso no segundo tempo da partida, talvez se iniciasse o jogo sem a covarde postura que iniciou, teria uma sorte melhor. O título do texto carrega a velha frase clichê, mas que é um fato. E parte da atuação da Juventus no confronto realçou ainda mais que o medo de perder, mata a vontade de vencer.

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