A amarga decepção do quase



“Estamos em período de transição, viremos fortíssimos na próxima temporada!”

De 2011 para cá, essa frase vem sendo repetida incansavelmente pelo torcedor do Flamengo. Ano após ano, tem-se a ligeira impressão de que aquele é o momento de arrumar a casa para, então, no ano seguinte, montar uma seleção e sobrar no país.

Como muitos costumam dizer por aí: “Se Flamengo e Corinthians fossem bem administrados, dominariam o Brasil e a América”. A afirmação virou consenso, sendo reproduzida do mais conceituado comentarista esportivo até a mais informal das conversas de bar., no entanto, este ano estabelecemos um novo jargão rubro negro, o "cheirinho do quase".

Foram quatro eliminações: uma para o maior rival, outra para um time da terceira divisão, a derrota inesperada para o, até então desconhecido, Palestino e, como não poderia deixar de ser, para o Atlético Paranaense, que leva enorme vantagem histórica no confronto.

A primeira do ano foi contra o Vasco, que mesmo rebaixado pela terceira vez em sua história não perdia para o rival há nove jogos. Surpreendentemente o tabu foi mantido, com direito a um sonoro 2 a 0 e provocação do presidente Eurico Miranda ao término da partida.
Riascos fez a alegria da torcida cruzmaltina.
Após um grande furor para a Primeira Liga, o Flamengo chegou a semifinal podendo fechar um começo de ano com um título nacional na bolsa, porém, amargou sua segunda eliminação. Isso, pois pegou um Atlético Paranaense muito bem montado e mesmo jogando “em casa”, perdeu por 1 a 0 em Juiz de Fora.
Caso tivesse vencido, haveria um Fla x Flu na final.
Apesar dos fracassos, alguns ainda estavam tranquilos, afinal, o Carioca virou rotina e a Primeira Liga ainda nem se consolidou como um torneio relevante, a Copa do Brasil, então, passa a ser a meta.

Pois bem, a copa doméstica começou conturbada para o clube da gávea, perdendo para o Confiança em Aracaju mesmo com um a mais em campo. O alívio só veio quando, no Rio, o clube conseguiu reverter. Já contra o Fortaleza, clube que se encontra na terceira divisão nacional, foram duas derrotas: 2 a 1 para o time nordestino em ambos os confrontos.
Derrota nos dois jogos.
"Bom, mesmo sem a Copa do Brasil, agora a chance de um título internacional caiu no nosso colo. A Copa Sul-Americana parece a oportunidade perfeita para voltar a brilhar!", pensou o torcedor rubro-negro.

Após uma classificação heroica contra o Figueirense, em Cariacica, o Flamengo chega com moral para enfrentar o desconhecido Palestino e almejar um título internacional. No começo pareceu que seria fácil, 1 a 0 no Chile com direito a gol do esquecido Emerson Sheik. Na volta, com alguns reservas em campo, o Flamengo sofre uma impensada derrota por 2 a 1, ficando fora da Sul-Americana e contabilizando a quarta eliminação em apenas um ano.
O famigerado apagão aconteceu mais uma vez.
"Ah, mas agora poderíamos focar integralmente no campeonato brasileiro e na caça ao líder Palmeiras, certo?"

Não foi bem assim. A perseguição ao time alviverde até aconteceu, porém, faltou fôlego ao Flamengo que, após o empate com o Coritiba dentro de um Maracanã cheio, encerrou seu ano sem títulos pelo profissional.

As falhas podem ser atribuídas a muitos fatores e variáveis. Com exceção do Campeonato Brasileiro, em que perdeu para um grande time, o Flamengo simplesmente não soube se comportar em jogos importantes, sofrendo derrotas inexplicáveis.

A campanha de recuperação no segundo turno, juntamente com a chegada de Diego a Gávea, traz a ilusão de que o ano foi um primor para o clube. De fato, o time teve grandes méritos em fazer uma temporada sólida no campeonato nacional, principalmente por ter um técnico capaz de fazer peças antes descartadas jogarem tudo que podiam. Pará, Réver e Vaz que o digam. Zé Ricardo é uma ótima revelação que pode trazer alegrias para a nação, mas as marcas de três vergonhas monumentais em apenas um ano diminuem qualquer tipo de saldo positivo.

Não há mais cheiro de hepta, é verdade, mas dizem por aí que 2017 será O ANO.

Você acredita?
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