Você que nasceu antes dos anos 90 ou depois dos anos 2000 provavelmente não vai se identificar com esse texto, é bom avisar antes para não se frustrarem no final.
Nós quando crianças, criamos medos por coisas imaginárias como o bicho papão, o monstro embaixo da cama, o fantasma daquele filme que passou no tela quente antes de dormir, é algo normal. Mas, quando somos inseridos no mundo futebolístico ainda pivetes, costumamos cultivar alguns medos relacionados ao esporte. Gostaria de compartilhar com vocês o meu maior medo de infância.
Sabe aquele time que parece que no café da manhã toma um chá de bala perdida acompanhado de carne de jacaré crua? Truculento, peculiar, rude e bastante difícil de bater de frente? Então, esse era o Boca Juniors entre 2000 e 2007.
Um time que as vezes não sabíamos se era realmente tão bom de fato, mas que só de ver aquela camisa azul com uma lista amarela cortando-a no meio, já entrávamos em estado de defesa. Eu simplesmente parava tudo o que fazia para assistir La Bombonera lotada em horário nobre na globo. Era como uma história contada mil vezes pelo seu avô, batida, saturada, mas gostosa de ouvir e se surpreender com o final que já ouvira mais de 10 vezes contando por cima. Era esse o sentimento que eu tinha ao ver algum jogo daquele time contra uma equipe brasileira aleatória.
O Santos foi só uma das inúmeras vitimas do time argentino. |
O temido matador de brasileiros, Santos de Robinho e Diego em 2003, Palmeiras de Alex em 2000, Vasco de 2001, Palmeiras novamente em 2001, Paysandu em 2003, Internacional em 2005, São Paulo em 2007, Grêmio em 2007...
Ah, esse clube também bateu no Real Madrid de Casillas, Makelele, Hierro e Raul. Além disso, venceu nos pênaltis um estrelado Milan que contava com nomes como Dida, Maldini, Seedorf, Shevckenko, Cafu e Pirlo.
Até o Real Madrid padeceu ao Boca. |
Era sempre frequente vermos nomes como: Riquelme, Abbondazieri, Samuel, Palermo, Gago, Banega, Tevez e Palácio assumindo o protagonismo na hora que o bicho pegava.
Porém, existem os estranhos jogadores que por algum motivo do destino você só lembra que eles jogaram no Boca Juniors, como se tivessem nascido para fazer parte daquele time e depois, alguém deletasse eles da grande mídia. Nomes como Cagna, Bataglia, Matellan, Schiavi, Ledesma, Krupoviesa, Traverso e Donnet exemplificam muito bem o que ilustrei, você se lembra desses caras vestindo outra camisa sem ter que pensar muito? Provavelmente, a maioria não.
Isso sem falar nos títulos, 4 libertadores, 2 mundiais, 3 nacionais, 2 sul americanas e 2 recopas. O Boca Juniors conseguiu em 7 anos o que praticamente NENHUM clube brasileiro conseguiu em toda sua história.
Bicho papão, fantasma, escuro?
Não, nada disso. Meu medo de infância se chama Club Atlético Boca Juniors.