Desperdício camuflado


Um Fred irreconhecível, com fome de bola, se movimentando por todo o campo, trazendo o time do Fluminense pro ataque, caindo pelas pontas para lançar os companheiros, fazendo o pivô para os volantes saírem jogando. Essa é a nova função do camisa nove do Fluminense.

Lendo assim tudo parece ótimo mas, na prática, é assustador o desperdício de talento que Levir insiste em levar a campo. Fred realmente não faz feio, toca, domina, prende e quase nunca perde a bola, cumpre como poucos a função determinada pelo treinador, mas quem perde é o Fluminense. A cada partida a equipe tricolor perde uma verdadeira chuva de gols. Cícero, Osvaldo e Richarlison, que ocupam os buracos que a movimentação de Fred deixa na defesa, são os maiores beneficiados em chances, mas pecam por muito na hora da finalização.
 Mapa de calor de Fred nas últimas temporadas e na atual. Atuação próxima ao meio de campo muito mais intensa no atual ano, mais participação, porém, mais distante do gol.

No mapa de calor de 2016 é nítido a distância que Fred joga da área em comparação a 2014 (quando foi artilheiro) e 2015. Além disso, o número de toques na bola por partida praticamente duplicaram. Se em 14-15 o centro avante costumava tocar 23 vezes na bola, nas últimas partidas ele tem tocado 43, tornando ainda mais visível essa participação mais intensa durante os jogos.

Por mais que se movimente e crie chances para outros companheiros, fica em falta a sua maior característica: a finalização. É impensável manter esse estilo de movimentação para um jogador com a qualidade de finalização e posicionamento do capitão, Levir está matando uma característica de quase oito temporadas no clube: a presença constante de Fred na área.

Não é lógico ter um dos melhores centroavantes do país a disposição e coloca-lo para buscar a bola no meio durante todo o jogo. É como contratar o Daniel Alves e limitar a sua subida até o meio campo, fazendo perder toda sua característica ofensiva.
Levir precisa repensar o posicionamento do camisa 9.

A enorme cobrança por centroavantes leves e de muita movimentação no futebol moderno não pode atrapalhar a organização da equipe das laranjeiras. O técnico do tricolor deve entender o time e o potencial que tem nas mãos. O Fluminense, mesmo sendo um time com inúmeras falhas, muitas delas sendo corrigidas pelo mesmo Levir, tem um elenco com muitos pontos fortes, cabe a ele extrair o máximo de seus comandados.

Fred como “falso 9” é um desperdício de talento. O lugar do capitão é na área, fazendo o pivô para aproximação do time e concluindo a gol, exercendo seu enorme poder de decisão e, como em muitas oportunidades, levando o time a vitória. Não adianta usufruir da capacidade de criação do atacante, se não vai haver alguém com sua qualidade para finalizá-las.
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