A Primeira Temporada de Klopp no Liverpool: Transformando céticos em crentes















Quando Jürgen Klopp chegou ao Liverpool afirmou, em sua primeira entrevista, que teria de transformar céticos em crentes. Passados sete meses e, após levar o desacreditado time a duas finais, é possível afirmar que o técnico dos Reds já em sua primeira temporada conseguiu esse objetivo, pois fez com que a grande maioria dos torcedores (incluindo esse que vos escreve) percebesse que esse elenco era capaz de grandes feitos. Trago agora alguns destaques dessa primeira temporada de Klopp no comando do Liverpool:

Lesões

O primeiro grande problema vivido por Klopp no Liverpool foram as lesões. Alguns diziam que isso era reflexo do seu jogo intenso e de forte pressão, o gegenpressing, no adversário, porém o número de lesão em determinado momento era próximo do número de outras equipes inglesas. Fato é que essas lesões dificultaram o trabalho de Klopp, principalmente no meio da temporada. No primeiro jogo contra o Stoke pela Capital One Cup ele perdeu Coutinho, Lovren e Toure e isso formou um time completo de lesionados e para piorar o time ficou apenas com Ilori como zagueiro de origem a disposição, obrigando Klopp à ir ao mercado e trazer Caulker, do QPR.

Mesmo assim Lucas ainda jogou improvisado na zaga algumas vezes, inicialmente por necessidade, depois por conseguir jogar bem nessa posição. Até o lateral esquerdo José Enrique jogou como zagueiro, em jogo válido pela FA Cup contra o Exeter.
1) As lesões fizeram o Liverpool perder jogadores importantes. 2) A crise de lesões foi tanta que foi possível formar um time de lesionados (não se importando com o fato de Toure não ser goleiro) composto por CINCO zagueiros. 3) Essa crise na zaga fez com que Klopp tivesse que improvisar Lucas e, como aparece na imagem, José Enrique (LE) na zaga.












Os grandes jogos

Nessa primeira temporada de Jürgen Klopp em Anfield chamou atenção as vitórias expressivas que o time conseguiu contra adversários fortes e com elencos, na teoria, melhores como Manchester City, Chelsea, Manchester United, entre outros. E foram vitórias consistentes como o 4x1 e o 3x0 contra os citizens em jogos válidos pelo Campeonato Inglês; o 3x1 contra o Chelsea também pela Premier League.
O desempenho do Liverpool contra alguns fortes adversários.












Força nos mata-matas

Os Reds mostraram toda sua força nessa temporada nas competições que tiveram fases de mata-mata. Com exceção da FA Cup, em que Klopp e seus comandados foram eliminados ainda na quarta fase eliminatória, o time conseguiu chegar a duas finais (Capital One Cup e Europa League) usando a força de Anfield e da torcida como impulso. Somando todos os jogos em mata-matas foram 19 jogos, 8 vitórias, 7 empates e 4 derrotas. Entretanto, não foi possível a conquista de nenhum título.

Anfield

Se o Liverpool se mostrou um time forte nos mata-matas nessa temporada, um dos fatores determinantes para isso foi a sua casa. Jogando em casa os Reds contaram com o apoio da apaixonada torcida. E nessa temporada a relação do time com a torcida foi bastante intensa, após a chegada de Klopp e isso ajudou muito o time a conseguir grandes vitórias como o milagre contra o Borussia Dortmund, em que o time conseguiu a vitória nos acréscimos com gol de Lovren. 
Com gols de Divock Origi, Philippe Coutinho, Mamadou Sakho e Dejan Lovren o Liverpool conseguiu a classificação para a semifinal da Europa League em mais uma virada que ficará marcada na história do clube.



















Os números comprovam a força do time jogando em Anfield: Nessa temporada foram 15 vitórias, 12 empates e apenas 4 derrotas.



















Os apagões

Um problema que ocorreu ao longo da temporada e Klopp não conseguiu resolver foram os apagões que ocorriam com a equipe. O time, em determinadas partidas, fazia um grande primeiro tempo, mas não repetia o mesmo futebol no segundo tempo e acabava tomando a virada. Dois grandes exemplos desse grave problema são: a derrota por 3x2 para o Southampton em que o Liverpool fez 2x0 no primeiro tempo, mas acabou tomando três dos Saints, sendo dois nós últimos 10 minutos. E o pior e mais doloroso exemplo é a final da Liga Europa em que os Reds fizeram um primeiro tempo perfeito, a defesa ganhou todas, o time criou chances e conseguiu abrir o placar, mas aí veio o segundo tempo e com ele mais um apagão. A defesa começou a falhar e o time não lembrava em nada a atuação do primeiro tempo e o resultado foi uma derrota por 3x1 e perda do título e da vaga na Liga dos Campeões da próxima temporada.

Aumento do nível de futebol de alguns jogadores

Um dos pontos altos dessa primeira temporada de Jürgen Klopp foi a forma como ele conseguiu elevar o nível de futebol apresentado por determinados jogadores, que, na sua grande maioria, já contava com a descrença da torcida.

Dejan Lovren

O croata teve um bom início, mas seguidos erros o fizeram perder a titularidade. Porém, com a chegada de Klopp, Lovren reconquistou a titularidade e demonstrou-se consistente, regular e seguro. Lovren termina a temporada com 39 jogos disputados. Uma média de acerto de 83.3% dos passes, 2.9 de duelos aéreos vencidos por partida, 1.4 desarmes, 1.8 interceptações e 6.3 bolas afastadas por jogo.
Seu gol nas quartas da Liga Europa contra o Borussia Dortmund, que garantiu a classificação para as semis, foi a premiação da volta por cima que ele conseguiu.


















Kolo Toure

Com os problemas de lesões e tantas competições para disputar Toure ganhou muitas oportunidades e jogou bem, na verdade até mais do que era esperado de um jogador de 35 anos e como se não bastasse o fato da idade, o zagueiro marfinense ainda tinha de cobrir os espaços deixados por Moreno. Toure fez grandes partidas, como na vitória por 3x0 contra o Manchester City, em que ele recebeu elogios de Klopp por um desarme efetuado em Agüero: “O momento da noite foi o desarme de Kolo no Agüero. Ele realmente não foi tão mal.”, disse Klopp.

Por essas boas exibições e por Skrtel não ter voltado tão bem da lesão, Kolo foi o escolhido para começar a final da Liga Europa, já que Sakho não poderia jogar. Ele, e toda a defesa, fez um bom primeiro tempo, contudo na segunda etapa o gol logo no inicio desestabilizou a defesa que ficou perdida em determinados momentos. Mesmo assim Toure ainda foi bem e cobriu algumas subidas de Alberto Moreno. Toure termina a temporada com 26 jogos disputados. Uma média de acerto de 83.3% dos passes, 1.4 de duelos aéreos vencidos por partida, 1.5 desarmes, 1.5 interceptações e 4.5 bolas afastadas por jogo. terminando assim a temporada em alta.
Kolo Toure termina a temporada em alta e com alguns torcedores desejando a renovação do seu contrato.

Joe Allen

Allen entrou bem na maioria dos jogos, distribuindo bem o jogo, marcando bem e ainda marcou alguns gols. Sua melhora deveria ter dado-lhe mais alguns minutos de jogo e oportunidades entre os titulares em determinados momentos, como na final da Liga Europa em que Henderson não foi titular, o galês poderia ter ajudado os Reds a ganharem o meio campo e a fortalecer a defesa. Fato é que Allen fez uma boa temporada e isso coloca esse cheque sua saída na próxima temporada. 

Emre Can

O futebol apresentado por Emre Can e a forma como ele se tornou importante para o time é tão incrível quanto a recuperação de Lovren. Com Brendan Rodger o alemão não tinha posição certa, ele foi utilizado desde lateral até zagueiro, mas com Klopp as coisas mudaram.

“Um grande talento", foi como Jürgen Klopp descreveu Can em sua chegada em Anfield em outubro. Com o técnico alemão e jogando no meio de campo, onde se sente mais a vontade, o futebol de Emre desabrochou.

 Can se tornou crucial para o time e isso pode ser visto no segundo jogo da semifinal da Liga Europa contra o Villarreal, talvez aquela tenha sido a sua melhor partida pelos Reds. A evolução de Can com Klopp é nítida. Ele está mais atento, mais ágil, lê o jogo melhor, vê as coisas mais rápido, e seus passes são mais objetivos, corretos, ele é melhor no ar e mais forte no desarme.

O fato de Klopp e Can serem alemães ajuda o meia, pois a comunicação fica mais fácil: "Esses pequenos detalhes, que você pode obter em toda a sua língua nativa, é uma vantagem", disse Can, embora tenha admitido em fevereiro que a maior mudança vem sendo jogar regularmente no meio-campo.

Can termina a temporada sendo um dos jogadores que mais jogou com 49 jogos disputados. Uma média de acerto de 80.4% dos passes, 2 gols, duas assistências, 1.8 de duelos aéreos vencidos por partida, 2.7 desarmes, 2 interceptações, 1.5 bolas afastadas e 58.8 passes por jogo.
Can tornou-se crucial para o Liverpool, após a chegada de Klopp.














James Milner

Analisando por custo-benefício, Milner foi a melhor contratação do Liverpool na temporada. Vindo do Manchester City, após o término do seu contrato, assinou sem custos com os Reds. O fato de ser um jogador coringa, que pode atuar em diversas posições, foi um dos motivos da sua contratação. Mas poucos imaginariam que o jogador que se destaca mais pela sua resistência e força física do que pela técnica terminaria a temporada como líder de assistências do time. Klopp encontrou o posicionamento de Milner e fez com que o inglês tornasse-se ainda mais útil do que já era esperado.

Milner termina a temporada com 42 partidas disputadas. Uma média de acerto de 76.9% dos passes, 7 gols, 14 assistências, 2.1 desarmes, 1.4 interceptações, 2.2 passes chaves e 48.7 passes por jogo.




















O trabalho com os jovens

Klopp gosta de trabalhar com jogadores jovens, tanto que disse que não concorda com o Liverpool emprestar os jogadores. Por isso ele chamou de volta alguns jogadores como Ojo, Canos, Ward, entre outros. No decorrer da temporada foi dando chances aos jovens da bases, até pela quantidade de competições e pelo desgaste dos jogadores. Jogadores como Brad Smith, Randall, Stewart, Chirivella, Brannagan, além dos já citados, ganharam chances para mostrar seu futebol e ganharam elogios, como Brannagan e Ojo.

Alguns jogadores ganharam chances inclusive no time titular. Can, que já tem uma certa experiência, mas ainda é jovem; Ibe que teve um bom inicio, mas acabou a temporada em baixa; Origi que venceu a disputa com Benteke e tornou-se o reserva imediato de Sturridge e, em algumas partidas foi até escolhido ao invés do atacante inglês, e terminou a temporada com 10 gols marcados.
Origi foi um dos jovens que ganharam oportunidades com Klopp. E ele aproveitou muito bem, evoluindo o seu futebol.



















Nessa primeira temporada, Klopp levou o Liverpool onde muitos não acreditavam. Foram duas finais, que se não terminaram com os Reds conquistando os títulos, serviu de aprendizado para Klopp e os jogadores estarem mais preparados quantos chegarem em decisões novamente. A evolução dos jogadores, tanto dos que eram contestados, quanto dos jovens que vão mostrando evolução foi um dos principais pontos forte desse começo de Klopp. Agora o técnico alemão terá uma temporada desde o começo, com pré-temporada e janela de transferências para ele dar ao time a sua cara. O fato do Liverpool estar fora de competições europeias na temporada 2016/2017 dificultará a montagem de um elenco forte, mas como Klopp sabe trabalha bem com jovens os Reds ainda podem fazer bons negócios nessa janela de transferência. Agora é ver como será o Liverpool da próxima temporada e se Klopp aproveitará bem o fato de não estar em competições europeias para fazer uma boa Premier League.
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