Dentro do futebol, meio historicamente masculinizado, uma gestora aparece como um dos principais expoentes fora das quatro linhas na conquista da BPL pelo Leicester. Susan Whelan pode ter "caído de paraquedas" no projeto dos foxes, uma vez que antes de assumir o cargo de CEO nunca tinha tido experiência dentro do esporte, contudo, o entusiasmo e a competência empresarial da gestora foram pontos chaves para conquista tão comemorada pelos fãs de futebol.
Esse fato aponta para duas mudanças significativas que já ocorrem na chamada "nova era" do futebol moderno. A primeira é a nítida comprovação que o futebol deixou de ser "apenas um esporte" e virou um grande negócio. Essa mudança se configura há algum tempo, e o exemplo disso são as cifras astronômicas nas contratações e nos salários que os jogadores que atuam em alto nível recebem. A afirmativa pode parecer um pouco dura, e de fato é, por isso, muitos torcedores ainda se recusam a aceitar que o futebol seja regido por uma lógica empresarial. Contudo, o fato é que a realidade mostra que o "esporte mais popular do mundo" se adequou a globalização seguindo os moldes de outros esportes como o basquete nos EUA.
Susan teve influência na chegada de Ranieri, ou seja, influiu diretamente na temporada. |
Cabe ressaltar que a parte esportiva não fica de lado. Muito pelo contrário. Com os altos investimentos que cada vez mais entram no futebol, seja por magnatas das arábias ou por qualquer outro tipo de investidor, a profissionalização no esporte só aumenta. Atualmente, observamos jogadores com melhor preparo físico, treinadores mais conscientes da parte tática e estádios que oferecem um serviço de mais qualidade para o seu torcedor. (Não estranhe se todos esses aspectos ainda não foram incorporados no futebol brasileiro, é fato que nos encontramos muito atrás dentro desse processo).
Em última análise, não é possível afirmar que “só” o dinheiro ganhe títulos, assim como só o dinheiro não garante o sucesso de uma empresa. O dinheiro tem que ser utilizado de uma forma responsável, de maneira que “compreenda” a lógica esportiva, que apesar de não ser mais soberana, ainda assim é decisiva quando o arbitro soa o apito.
A segunda mudança é a quebra de paradigma que lentamente vem ocorrendo no que tange o papel da mulher dentro desse mundo historicamente "masculino". O interesse feminino pelo futebol nunca foi tão grande como hoje, contudo, a atuação feminina dentro desse ambiente continua muito restrita. A primeira mudança citada anteriormente pode fazer com que esse paradigma seja quebrado mais rapidamente. É evidente que a inserção das mulheres dentro do meio empresarial acontece, comparativamente, muito mais rapidamente do que no meio futebolístico. Justamente por isso, a medida que o futebol vai se tornando cada vez mais “empresarial”, existe uma tendência maior que as mulheres tenham mais oportunidades dentro do esporte bretão.
O exemplo da CEO do Leicester City, Susan Whelan, é emblemático justamente por representar um exemplo de sucesso. É claro que é impossível prever o quão rápido essa mudança poderá ocorrer ou até mesmo se ela vai se consumar, contudo, o fato é que os “tempos modernos” do futebol já estão gerando uma mudança de perfil dos profissionais que comandam os clubes de sucesso e é justamente nessa mudança de perfil que as mulheres poderão se inserir e entrar de vez no mundo futebolístico.