Hoje estamos finalizando nossa série que conta a história das principais campanhas de equipes do interior no Campeonato Paulista. Nos dois posts anteriores, mostramos todos os vice-campeonatos que ficaram nas mãos dos times interioranos, e hoje vamos mostrar como foram as campanhas dos títulos conquistados pelos “caipiras”. Em algum momento do Modão, já comentamos sobre estes campeões, seja dentro da série ou com posts avulsos, como quando falamos da Inter de Limeira. Mas, este post é exclusivo para mostrar a campanha dos clubes, e de uma forma mais aprofundada, pois feitos como esses devem ser eternamente lembrados e parabenizados!
Começando pelo time que quebrou esse tabu, e levou pela primeira
vez o troféu de Campeão Paulista para uma cidade do interior. Isso ocorreu em
1986, e a Internacional de Limeira foi a grande responsável por esse feito. O
campeonato foi dividido em dois turnos, e o campeão de cada turno garantia vaga
na semifinal. Além dos dois campeões, os dois times de melhor campanha na soma
dos turnos também asseguravam a vaga. No primeiro turno, o Santos foi o
primeiro, e no segundo quem terminou na liderança foi a Inter. Além disso, o
time de Limeira também foi o time de melhor campanha somando os dois turnos, e
isso fez com que enfrentasse o próprio Santos na próxima fase. Do outro lado,
Palmeiras e Corinthians disputariam a segunda vaga para a final. No clássico, o
Palmeiras levou a melhor com um placar agregado de 3x1. E no confronto entre os
dois alvinegros, melhor para o time do interior. Com duas vitórias, uma por 2x0
e outra por 2x1, o Leão passou pelo Santos e se classificou para a final. Os
dois jogos foram disputados no Morumbi, o que poderia facilitar para o
Palmeiras, já que estaria “mais próximo de casa” em ambos os confrontos. Na
primeira partida, o 0x0 não saiu do placar, e o destaque do jogo vai para o
público de 104 mil pessoas. No jogo decisivo, a Internacional surpreendeu a
equipe alviverde, e abriu 2x0 no começo do segundo tempo, com Kita e Tato. O
Palmeiras ainda diminuiu, mas o placar de 2x1 deu o título ao clube do interior,
pela primeira vez em mais de 80 anos de disputa do torneio estadual. Os
destaques daquela grande equipe de Limeira eram Kita, artilheiro da competição,
Tato e Lê, além do treinador Pepe.
Time-base: Silas; João Luís, Juarez, Bolívar e Pecos;
Manguinha, Gilberto Costa e João Batista; Kita, Tato e Lê. Técnico: Pepe.
O "grande dia" da Inter de Limeira |
Time-base: Marcelo; Gil Baiano, Júnior, Carlos Augusto e
Biro-Biro; Mauro Silva, Ivair, Mazinho e João Santos; Mário e Tiba. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
Luxa no início da carreira, em 1990 |
Mais de uma década depois, um time do interior voltaria a
vencer o Paulistão. Dessa vez, com um grande asterisco, é bem verdade, já que
em 2002 os principais times do estado não participaram do estadual por conta do
Torneio Rio-São Paulo. Mas o Ituano não quer saber, e comemora o título de 2002
como seu primeiro Campeonato Paulista da história. Já comentamos sobre esse
campeonato também na semana passada, pois o vice-campeão foi o União São João
de Araras. Mas agora é hora de falar do campeão. O Galo de Itu fez um grande
campeonato, que foi disputado por 12 clubes em turno e returno. Na penúltima
rodada, o Ituano quase se complicou, ao perder em casa para o União São João,
um de seus concorrentes ao título. Na última rodada, foi até São José do Rio
Preto para enfrentar o América, que já não tinha mais ambições na competição.
Com uma vitória por 1x0, com gol de Silvinho aos 40 do segundo tempo, o Galo
pôde comemorar o título, ficando um ponto a frente do vice-campeão. Os
destaques daquela equipe eram Richarlyson, Basílio e Fernando Gaúcho.
Time-base: André Luiz; Giuliano, Vinicius, Erivélton e
Lúcio; Everaldo (Pierre), Richarlyson, Élson e Tita (Juliano); Basílio e
Fernando Gaúcho. Técnico: Ademir Fonseca.
Dois anos depois, foi a vez do São Caetano conquistar o
título estadual. Depois de chegar perto de glórias maiores nos anos anteriores,
sendo vice-campeão brasileiro por 2 vezes e vice-campeão da Libertadores, o
Azulão finalmente conquistou um troféu para sua galeria. Sob o comando de
Muricy Ramalho, venceu o Paulista de Jundiaí em mais uma final disputada por
equipes interioranas. Na primeira fase, se classificou em quarto lugar no Grupo
2, com 19 pontos em 10 jogos. Nas quartas de final, enfrentou o São Paulo,
melhor time da primeira fase, fora de casa, e venceu por 2x0. Na semifinal,
enfrentou o Santos de Robinho. No primeiro jogo, empatou em 3x3 na Vila
Belmiro, e no segundo jogo destruiu o time do litoral, vencendo por 4x0 no
Anacleto Campanella com show de Marcinho e Euller. Na final, um desafio não tão
complicado como os anteriores, e o Azulão mostrou sua superioridade diante do
Paulista de Jundiaí. Ambas as partidas foram no Pacaembu, e no primeiro
confronto o time do ABC venceu por 3x1, com gols de Euller e Warley duas vezes.
No segundo e decisivo jogo, o São Caetano jogou sem pressão, e mesmo sem
precisar do resultado, acabou vencendo por 2x0, com gols de Marcinho e Mineiro.
Fica até difícil escolher os principais jogadores daquele timaço, mas o goleiro
Silvio Luiz merece ser citado por sua continuidade na equipe, Mineiro e Marcelo
Mattos formavam uma grande dupla de volantes, e no ataque Marcinho, Fabricio
Carvalho, Somália e Euller, o filho do vento, eram os responsáveis por castigar
as redes adversárias. Destaque também, obviamente, para o professor Muricy
Ramalho, que começava uma trajetória que o tornou um dos principais treinadores
do futebol brasileiro nos últimos anos.
Time-base: Silvio Luiz; Tiago (Anderson Lima), Dininho e
Serginho; Triguinho, Marcelo Mattos, Mineiro, Marcinho (Lucio Flávio) e
Gilberto; Fabricio Carvalho (Warley) e Euller (Somália). Técnico: Muricy
Ramalho.
Grupo do São Caetano campeão em 2004 |
Dez anos depois do título do Azulão do ABC, ocorreu o
primeiro bicampeonato de uma equipe do interior no Campeonato Paulista. O
Ituano voltou a ser campeão, e dessa vez sem nenhum asterisco, pois a competição
teve a participação de todas as principais equipes do estado, inclusive com o
Galo vencendo o Santos na final. O sistema de disputa do campeonato foi semelhante
ao atual, com as equipes separadas em 4 grupos, e enfrentando as equipes que
não são do seu grupo na primeira fase. O Ituano se classificou em segundo no
Grupo B, atrás do Botafogo, e ficando a frente do Corinthians. Nas quartas de
final, venceu o Pantera em Ribeirão Preto, nos pênaltis, após empate por 0x0 no
tempo normal. Chegando na semifinal, foi enfrentar o Palmeiras, fora de casa
novamente. Venceu com um gol de Marcelinho, aos 38 da segunda etapa, e carimbou
sua passagem para a final. Com um acordo, os dois jogos da final foram
realizados em campo neutro, mais precisamente no Pacaembu. Na primeira partida,
1x0 para o Galo, com gol de Cristian. No jogo final, o Santos venceu por 1x0,
gol de Cícero, e a decisão foi para os pênaltis. Após 8 cobranças, o goleiro
Vágner defendeu o chute de Neto, e deu o título para o Ituano. Era o momento de
consagração da equipe, e de consolidação como uma das principais forças do
interior! Os principais nomes daquele time eram Anderson Salles, Cristian,
Esquerdinha e Rafael Silva, além do treinador Doriva.
Time-base: Vagner; Dick, Alemão, Anderson Salles e Dener
Assunção; Josa, Paulinho, Jackson Caucaia, Cristian e Esquerdinha; Rafael
Silva. Técnico: Doriva.
Goleiro Vagner faz a defesa do título em 2014 |