Hoje em dia, muito se fala em profissionalização dos clubes de futebol, na área de gestão. Gerir o clube, como se fosse uma empresa. E isso gera uma grande confusão, com os chamados clubes-empresa.
Temos atualmente inúmeros times geridos por empresas, alguns que levam até o nome da própria empresa (vide o caso do Red Bull BR), mas também temos casos como o do Grêmio Barueri, Guaratinguetá, entre outros.
Ao citar esses nomes, tenho certeza, que teremos alguns bons debates sobre o assunto. Temos pessoas que são a favor, simplesmente pelo fato da gestão profissional. E os que são contra.
Geralmente, os que são a favor, são torcedores de times grandes, que não se interessam em saber o que realmente tem de propósito estes ditos “time-empresa”. Ou melhor, não procuram saber, e só levam em consideração alguns resultados obtidos por eles.
RBB vem fazendo boas campanhas. Mas não sabemos até quando. |
Time-empresa, quando criado, tem curto prazo de duração, não
resiste a resultados pífios, e aí os donos da empresa, fecham o clube,
abandonam a cidade, e às vezes, se mudam para outra localidade, afim de criar
um novo clube.
Já pensou você, torcedor do Corinthians, de uma hora para
outra descobre que seu time, situado em SP, se mudou lá para o Nordeste. Vocês
concordariam? É claro que de inicio, poderiam concordar, já que é um time de
torcida nacional, mas e os que começaram a se afeiçoar ao Grêmio Barueri, ou
mesmo ao Guaratinguetá, já tentaram imaginar como esses torcedores se sentiram
quando os empresários disseram que iriam se mudar?
Time-empresa, hoje é um mal ao futebol brasileiro.
Atrapalham e muito os times “pequenos”, afundam cada vez mais os times
regionais, e assim se tornam visíveis aos olhos da mídia. Quanto tempo mais
durará um Red Bull em Campinas? Ou o Audax (que é um baita time itinerante, já
foi PAEC, Audax, agora se juntou ao Osasco e ao Bradesco, sem contar que
conseguiu que o Oeste fosse jogar lá em Osasco, apenas para ter a torcida no
campo, fazendo assim, a torcida de Itápolis ficar sem acompanhar o time da
cidade).
Um caso curioso é o do Guaratinguetá. O time (comandado por
empresários) conseguiu uma grande ascensão, e chegou a Série A1 do Paulistão.
Mas, de repente, os empresários viram que não estavam mais tendo um apoio da
prefeitura como estavam tendo antes, e os lucros não eram os mesmos. Então,
resolveram transferir o time para a cidade de Americana, e o Guaratinguetá
mudou de endereço e passou a se chamar Americana Futebol. A aventura na nova cidade
não deu certo, não teve o apoio da cidade (que já tinha um time tradicional
para torcer, o Rio Branco) e após um ano, o clube voltou para a cidade de
origem. E durante os últimos anos vem mudando várias vezes de “dono”, e nunca
mais obteve campanhas de sucesso.
A aventura do Americana Futebol não durou mais que um ano, e o clube voltou para Guaratinguetá |
Com o Grêmio Barueri aconteceu algo parecido, quando depois
de campanhas ótimas, inclusive chegando a Série A do Brasileirão, o time se
mudou para Presidente Prudente, mas após não ter sucesso na nova casa, retornou
para a cidade da Grande São Paulo, e assim como o Guará, nunca mais teve
campanhas vitoriosas.
Time virando empresa, nunca deu e nunca dará certo no país.
Até os mais tradicionais, que um dia tentaram virar time empresa, acabaram
caindo num lodo de desgraça, e muitos vão até a falência. Hoje, vemos um União
São João sem dinheiro nem para jogar a Segunda Divisão (quarto nível) do estadual, e lembrar que na década
de 90, teve seus anos de glória, e como aconteceu em todos os demais times que
um dia se arriscaram a se filiar a empresários, hoje está falindo.
Palmeiras passou apuros após a saída de investidores e amargou a Série B do Brasileiro |
Ao torcedor que acha que o clube deve ter um
dono, ou algum empresário gerindo ele, entenda: VOCÊ É O DONO DO TEU TIME, VOCÊ
QUEM DEVE BUSCAR MELHORIAS. Não uma pessoa alheia, com dinheiro, que pode
investir e muito, mas se não ver resultados vai abandonar e jogar seu time na
lama. Aprendam isso, antes que aconteça com seu clube, o que aconteceu com o
Corinthians, após a saída da MSI, ou com o Palmeiras após a Parmalat. A “ajuda”
dos empresários pode ser benéfica a curto prazo, mas raramente dá certo depois.
Pense nisso!
Texto de Daniel Fuzatto