As tuas glórias vêm do passado


O torcedor são-paulino, enfim, pôde celebrar anos vitoriosos após tempos sofridos. A perda da Copa do Brasil para o Cruzeiro em 2000 e a eliminação na semifinal da Copa Libertadores para o Once Caldas em 2004 foram algumas das decepções. O São Paulo de 2005-2008 foi uma aula ao futebol brasileiro e mundial, de uma equipe raçuda e chata de vencer. Uma equipe que não desistia enquanto não acabassem os acréscimos finais, e que tinha no sangue a ânsia de títulos. O texto a seguir retratará ano por ano, o que foi a "hegemonia tricolor" no início do século.

2005 - O início das conquistas: O espírito cascudo e aguerrido que levou o São Paulo à arrancada

Há quem diga como esse São Paulo tirou lições. Da eliminação ao Once Caldas nas semifinais da Copa Libertadores de 2004, perda do título da Copa do Brasil para o Cruzeiro no último minuto. Sim, este São Paulo tirou muitas lições que foram fundamentais nos anos seguintes. A partir daqui, vamos retratar o ano de 2005, onde o clube paulista levou 3 títulos, algo que não fazia desde 1993, naquele time emblemático comandado por Zetti, Cafu, Palhinha, Muller, Raí, pelo mestre Telê Santana, entre outros.

A montagem do elenco se baseou de anos atrás. Em 2004, ano da eliminação para o Once Caldas (COL), chegaram alguns reforços do Goiás, tais como Grafite, Danilo e Fabão. Além deles, chegaram Cicinho (vindo do Atlético-MG), Júnior (Parma-ITA) e Rodrigo (Ponte Preta). O fracasso na competição continental levou o time a reforçar ainda mais o elenco para os desafios de 2005. Só que, desta vez, tem um porém: os erros de 2004 não se repetiriam no ano posterior.
   Leão chegou para comandar o São Paulo em 2005, após o fracasso de Cuca no ano anterior
Em 2005, vieram mais reforços, como Mineiro (São Caetano), Josué (também do Goiás, assim como o trio citado anteriormente), Luizão (matador que fora fundamental na conquista da Libertadores de 1998 com o Vasco) e, no banco de reservas, o treinador Emerson Leão, grande responsável por montar a equipe que viria a conquistar o mundo.

O campeonato paulista serviu como um "teste" para o restante da temporada. E este teste parece ter dado bons frutos: A equipe foi absoluta no torneio, disputado nos pontos corridos, e foi campeã com duas rodadas de antecedência. Além do título, outros dados chamaram a atenção: o time foi o que mais venceu (14 vitórias) e dono melhor ataque (49 gols marcados). Após o empate com o Santos, em Mogi Mirim, o troféu foi erguido. O melhor estava por vir.

A campanha do São Paulo na fase de grupos da Libertadores foi tranquila. Dos 6 jogos, 3 vitórias e 3 empates e a liderança absoluta do grupo com 12 pontos, 3 a mais que a Universidad de Chile. Porém, antes do quinto jogo da fase de grupos, Emerson Leão deixou o comando do tricolor para treinar o Vissel Kobe, do Japão, equipe que fora rebaixada para a segunda divisão japonesa na época. Em seu lugar veio Paulo Autuori, que havia deixado a seleção peruana. E, logo na estréia do novo treinador, o São Paulo aplicou a história goleada sobre o grande rival Corinthians, por 5x1, em pleno Pacaembu, derrubando assim o treinador Daniel Passarela, demitido após o jogo.

Freguês nas oitavas de final

O São Paulo encarou o rival Palmeiras nas oitavas de final do torneio continental, com um retrospecto favorável em duelos de Libertadores. Num Parque Antártica lotado, o Palmeiras pressionou, mas com um golaço extraordinário do lateral Cicinho, o tricolor do Morumbi saía em vantagem. Um empate bastava para o avanço de fase. No jogo da volta, o Palmeiras pressionou novamente, mas, com gols de Rogério Ceni e novamente Cicinho, o carrasco palmeirense, o tricolor paulista avançou de fase.
Cicinho comemora o golaço marcado no Parque Antártica, na melhor temporada da carreira do jogador


Na próxima fase, de quartas de final, o adversário foi o Tigres, do México. A equipe de Leonardo Alvarez veio com apenas um atacante (Aldo De Nigris) e não atuou na retranca, ameaçando o gol de Rogério Ceni. E pagou por isso: O São Paulo goleou o rival por 4x0, com show de Rogério Ceni, que marcou dois gols de falta. Além dele, Luizão e Souza também marcaram, sacramentando o resultado. No jogo da volta, no San Nicolás de los Garza, o time paulista foi derrotado por 2x1, mas ficou com a vaga pelo ótimo desempenho no jogo da ida. Um detalhe curioso foi que esta foi a única derrota do time na competição.
Decisivo, Danilo comemora seu gol contra o River Plate, que deu sangue pro São Paulo em busca da vaga


Daqui pra frente nada seria fácil. Aliás, desde o início da competição nada seria em vão. E, desta vez, o adversário nas semifinais foi, nada mais nada menos, que o River Plate, time que obteve a melhor campanha da primeira fase (16 pontos, 5 vitórias e um empate). Nas fases anteriores, havia eliminado LDU Quito (EQU) e o rival nacional Banfield. No São Paulo, as principais ausências foram de Cicinho (que servia a seleção) e Edcarlos (seleção sub-20). Em seus lugares, Mineiro foi improvisado na lateral direita, Alex Bruno (ex-Santo André) ganhou uma oportunidade na zaga e, de última hora, o atacante Amoroso foi contratado, às vésperas da partida, para suprir a ausência do lesionado Grafite. E o jogo foi tenso para o torcedor são-paulino, agoniado com a postura dos visitantes, que jogavam fechados em busca do empate para o jogo da volta. Levar a decisão para a Argentina não seria nada bom para os paulistas, já que nunca haviam vencido no país disputando a Libertadores. Só que, aos 31 minutos do segundo tempo, Danilo aproveitou a rebatida da defesa do River e fuzilou no canto do goleiro Constanzo: Festa para mais de mais de 60 mil torcedores no Morumbi. O gol embalou o São Paulo, que foi pra cima em busca do segundo gol e, aos 43 minutos, após o cruzamento da direita, Lucho González colocou a mão na bola. Pênalti para o São Paulo e Rogério Ceni não desperdiçou: O São Paulo levava um 2 a 0 para a a decisão no caldeirão do Monumental de Núñez e poderia perder por até um gol para levar a classificação.
Amoroso corre para comemorar o segundo gol do São Paulo: A final estava próxima
Uma simples derrota por 1x0 ou qualquer empate classificava o tricolor. E isso não importou: Danilo, logo aos 11 minutos de jogo, abriu o placar para o São Paulo, após a cobrança de escanteio de Souza. O experiente Ernesto Farías empatou, aos 35 minutos, acendendo as esperanças dos argentinos. Aí apareceu Amoroso: após um contra ataque letal, Júnior recebeu na esquerda, levantou a cabeça e cruzou para o atacante estufar a rede. Ali, o São Paulo estava com um pé na decisão. Em seguida, o River se expôs mais, até que Fabão se aventurou no ataque e aproveitou o passe de Souza para bater cruzado e ampliar: 3 a 1. Salas descontou, aos 38 minutos, mas nada adiantou. Era a primeira vitória do São Paulo na Argentina em competições internacionais, que classificou o time à grande final, contra o Atlético Paranaense.
    Aloísio Chulapa não conseguiu superar a barreira defensiva do São Paulo, comandada por Lugano
No primeiro jogo da grande final, São Paulo e Atlético Paranaense duelaram no Beira-Rio. Tudo isso por que a diretoria do clube paranaense foi obrigada a mudar o mando de campo, pois seu estádio (Arena da Baixada) não comportava os mínimos 40 mil lugares que a competição exigia em uma final. Isso irritou os dirigentes do clube, cravando um duelo que começara nos bastidores. Isso se refletiu dentro de campo: Empate de 1 a 1, oque dava a vantagem ao clube paulista na grande decisão, no Morumbi.

Dono da América!



Mais de 71 mil pessoas no Morumbi, que se tornou um caldeirão. Toda pressão feita atingiu o Atlético, que não viu a cor da bola. Resultado? Decisivo, Amoroso abriu o placar aos 16 minutos do primeiro tempo. E, ainda no fim da primeira etapa, Fabrício desperdiçou um pênalti. Com o amplo domínio do jogo, Fabão marcou aos 7 minutos do segundo tempo e foi às lágrimas, assim como o matador Luizão, que marcou aos 27 minutos da etapa final. Era a segunda Libertadores vencida pelo atacante, que havia ganhado jogando pelo Vasco, em 1998. Diego Tardelli fechou o caixão e marcou aos 43 minutos, sacramentando a goleada e o título. O São Paulo foi o primeiro clube brasileiro a se tornar tri campeão!
Luizão e Fabão se emocionam após marcarem na final
O capitão Rogério Ceni levanta a taça de campeão. Foi fundamental na conquista do tri da América
Bem-vindo de volta ao Japão!

Em dezembro de 2005, o São Paulo voltava ao Oriente para a disputa do tão sonhado título mundial. Antes, havia vencido Barcelona e Milan, em 1992 e 1993, respectivamente. Porém, desta vez, disputava o Mundial de Clubes da FIFA, organizado pela própria entidade, a FIFA. E, ao lado do Liverpool (que conquistara a Liga dos Campeões de maneira heroica sobre o Milan), era o favorito a conquistar o troféu. Mas, antes disso, era preciso vencer o Al-Ittihad, da Arábia Saudita.

Aos 16 minutos de jogo, Júnior tocou para Danilo, que levantou na área. A defesa saudita não conseguiu tirar e Amoroso bateu no cantinho, para abrir o placar. Aos 33 minutos, após um chute cruzado da direita, Rogério Ceni soltou e Noor empatou o jogo. Era a hora de se soltar e buscar o gol.
Amoroso marca duas vezes e decide
Com um minuto do segundo tempo, Cicinho fez uma ótima jogada com Danilo pelo lado direito e cruzou para o atacante escorar e marcar o segundo dele no jogo e o segundo do São Paulo. O time paulista se impôs e, aos 11 minutos da etapa final, Rogério Ceni converteu o pênalti e ampliou a vantagem. 3 a 1, a vaga estava na mão. Al Montashari ainda descontou, aos 22 minutos mas a pressão não surtiu efeito: o São Paulo se encaminhava para a grande final do torneio contra o Liverpool, que goleou o Deportivo Saprissa, da Costa Rica, vencendo por 3 a 0.

Haja coração, são-paulino!
O "baixinho" Mineiro infiltra a gigante zaga dos ingleses, de Hyypia e Carragher, e marca o gol do título
A épica frase de Galvão Bueno veio à tona. O São Paulo jogou de igual pra igual contra o Liverpool, até os 26 minutos de jogo. Aloísio lançou o importantíssimo e letal Mineiro, que se agigantou frente à Reina e abriu o placar, quebrando a grande invencibilidade do Liverpool de 1000 minutos sem sofrer gols. A partir dali, o jogo se tornou um terror para os são-paulinos. Só deu Liverpool. O clube inglês pressionou bastante, finalizou demais, exigiu defesaças de Rogério Ceni e chegou a marcar 3 gols, porém, muito bem anulados pelo excelente bandeirinha. E toda raça e entrega dos jogadores tricolores valeu a pena, e o jogo terminou em 1 a 0. Ali, acabava inúmeros jejuns, entre eles o de times brasileiros contra europeus em finais. O São Paulo dava um grande passo em sua história e igualava Real Madrid, Milan, Boca Juniors, Nacional e Peñarol como únicos tri campeões mundiais.
Depois de tanto suor, a recompensa veio: O tão sonhado tri mundial. Ano perfeito para os são-paulinos


Time base: Rogério Ceni; Edcarlos (Alex), Fabão e Lugano; Cicinho, Josué, Mineiro, Danilo e Júnior; Amoroso e Luizão (Aloísio)

2006 - Um forte golpe, aprendizados e o início de uma nova era nos pontos corridos

Esse foi um ano de muitas lições ao São Paulo. A equipe perdeu muitos destaques do ano anterior, inclusive o treinador Paulo Autuori para o Kashima Antlers, e no seu lugar veio o ídolo e experiente Muricy Ramalho. A equipe amargou o vice do Campeonato Paulista, para o Santos, algo que não importou muito aos torcedores, afinal, o foco estava mesmo na Copa Libertadores.
Ricardo Oliveira comemora o gol contra o Chivas, na partida de volta na semifinal da Libertadores
Em um grupo equilibrado, o tricolor paulista terminou em primeiro, com o mesmo número de pontos do Chivas Guadalajara. Um fato curioso foi que os mexicanos venceram o clube paulista nos dois jogos, inclusive protagonizando a primeira derrota do clube do Morumbi em seus comandos na história da Libertadores. Caracas (VEN) e Cienciano (PER), o qual foi campeão da Copa Sul-Americana de 2003, completavam o grupo.

Assim como no ano anterior, o São Paulo encarou nada mais nada menos que o Palmeiras nas oitavas de final da competição internacional. No primeiro jogo, empate por 1x1 e, na segunda partida, vitória por 2x1. Nas quartas de final, sofreu para eliminar o Estudiantes, da Argentina: O placar agregado terminou em 1 a 1, sendo 1 a 0 para os argentinos na ida e o mesmo placar na volta, só que para os brasileiros. Nos pênaltis, o grande destaque foi Rogério Ceni, que marcou um gol e defendeu uma cobrança. Na fase seguinte, enfrentou nada mais nada menos que o grande algoz da fase de grupos: o Chivas.

Os confrontos não foram tão complicados como todos esperavam. No primeiro jogo, o São Paulo venceu os mexicanos por 1x0 (no México), com gol de Rogério Ceni, que também se destacou no jogo posterior, defendendo um pênalti de Morales ainda no começo de jogo, aliviando os torcedores que ali estavam, confiantes na classificação. A confiança resultou num elástico placar de 3x0, com gols de Leandro, Mineiro e Ricardo Oliveira. Pelo segundo ano seguido, o São Paulo estava disputando uma final de Libertadores e, novamente, contra um adversário do mesmo país.

O sofrimento e o "quase"
Sóbis foi o grande carrasco do São Paulo. Marcou os dois gols que encaminharam o título colorado
O oponente era o Internacional de Fernandão, Sóbis, Tinga, Alex, Jorge Wagner, Índio, Fabiano Eller e cia. Com mais de 71 mil torcedores no Morumbi, o que era pra ser uma festa se tornou pesadelo. O guardião Josué fora expulso com 9 minutos de jogo, acabando com a tática do tricolor paulista. A "compensação" veio logo aos 38 minutos da primeira etapa, onde o também volante Fabinho havia sido expulso. A partir dali, eram 10 contra 10. O segundo tempo pegou fogo, e o talento individual falou mais alto: o agílimo e letal Rafael Sóbis marcou duas vezes e colocou os colorados em vantagem. Os paulistas não conseguiram reverter o placar, mas descontaram com gol do zagueiro Edcarlos.
Fernandão foi essencial no jogo da volta
No Beira-Rio, o repertório de toda competição se voltou contra o São Paulo: Rogério Ceni falhou no primeiro gol do jogo, de Fernandão, Lugano perdeu um gol inacreditável e, no fim, o jogo terminou em 2x2, mesmo após grande pressão dos paulistas, dando o primeiro título da Copa Libertadores ao Internacional. A partir dali, a América se tornava somente vermelha e branca.

O aprendizado e o "4-3-3"
O São Paulo campeão brasileiro de 2006. Foto tirada no duelo contra o Atlético Paranaense, pela 36ª rodada


A partir daí veio um início de uma façanha jamais alcançada por algum clube no país: O tri campeonato seguido. Mas vamos do começo: A volta por cima veio no Brasileirão: Com algumas peças de reposição, o São Paulo "esqueceu" o vice campeonato da América e teve uma campanha impecável no campeonato nacional, com 22 vitórias, 78 pontos somados (9 de diferença para o algoz Internacional, segundo colocado) e um aproveitamento de 68,4% e, contra o Atlético Paranaense, após o empate por 1x1 no Morumbi, o São Paulo sagrou-se tetra campeão brasileiro. Além disso, quebrou o jejum de 15 anos sem títulos nacionais. O clube se tornou "4-3-3", expressão que simbolizava os 4 Brasileiros, 3 Libertadores e 3 Mundiais que possuía. Foi a "revanche" dos paulistas sobre os gaúchos, algo que também aconteceria nos anos seguintes, só que desta vez com o Grêmio.

Time base: Rogério Ceni; Ilsinho, Fabão, Lugano (Miranda) e Júnior; Josué, Mineiro, Danilo e Souza; Leandro e Aloísio

2007 - Mais um algoz gaúcho e o "troco" no Brasileirão

Muitos jogadores importantíssimos para conquistas anteriores deixaram o clube: A melhor dupla de volantes do clube na década foi desmontada (Josué e Mineiro deixaram o clube, rumo à Wolfsburg e Hertha Berlin, respectivamente), Danilo (jogador importantíssimo no meio-campo nas conquistas de 2005 e 2006, foi para o Kashima Antlers), Ilsinho (revelação do tricolor na conquista do Tetra, migrou para o Shakhtar Donetsk), o querido Fabão (que também se juntou aos japoneses do Kashima Antlers, com Autuori, Danilo e companhia), entre outros. Era a hora da reformulação, algo que deveria ser bem planejado e priorizado nos anos posteriores para a manutenção da equipe. E não é que deu certo? Juvenal Juvêncio acertou em cheio.

As reposições começaram rapidamente. O atacante Borges (grande destaque do tri campeonato brasileiro de 2008) foi contratado junto ao Vegalta Sendai, da segunda divisão japonesa, onde fora artilheiro da competição. Para o ataque, assim como Borges, veio Dagoberto, do Atlético Paranaense. A dupla foi fundamental nos títulos brasileiros de 2007 e 2008. Hugo veio do Grêmio para substituir Danilo e se envolveu numa polêmica com o jogador Goiano, do Paraná Clube, onde ficou suspenso em metade da temporada. Hernanes voltou de empréstimo junto ao Santo André, Zé Luís chegou depois de ter arrebentado no São Caetano e, para a zaga, com o famoso trio do conhecido "3-5-2" de Muricy Ramalho (Miranda, André Dias e Alex Silva), chegou a companhia (e concorrência) de Breno, zagueiro/lateral vindo da base que, mesmo aos 17 anos, demonstrava futebol de "gente grande". Nada mal, não? O que vinha em seguida parecia o "replay" do ano anterior.

Eliminação para o grande São Caetano no Paulista
Glaydson, Somália... Com Dorival Júnior no banco, o São Caetano não perdoou
O São Paulo teve uma campanha excelente na primeira fase do Campeonato Paulista. Dos 19 jogos disputados, foram 13 vitórias, 5 empates e apenas uma derrota (para o futuro algoz São Caetano, na 15ª rodada). Foi a segunda melhor campanha, perdendo apenas para o Santos, o campeão. Pelo semblante era o favorito a vencer o troféu, mas dentro de campo as coisas se complicaram. Na semifinal, enfrentou o São Caetano, e, mesmo com o favoritismo, foi surpreendido no Morumbi diante de quase 45 mil espectadores: 4 a 1 para o rival. A partir dali, o foco era a Libertadores.

Grupo simples e mais um gaúcho à vista
William "Capita", Tcheco, Carlos Eduardo... O Grêmio não deu chances e protagonizou a segunda eliminação dos paulistas no ano


Na Libertadores, o cascudo São Paulo teve pela frente um grupo teoricamente simples. Mas em prática não foi o que aconteceu: Acabou terminando em segundo, atrás do Necaxa (MEX), onde também contava com Audax Italiano (CHI) e Allianza Lima (PER) como oponentes. Pela frente, o time encarou o Grêmio, nas oitavas de final e, no primeiro jogo, no Morumbi, venceu por 1x0. Porém, no jogo da volta, não suportou a pressão do "caldeirão" olímpico e perdeu por 2x0, dando adeus à competição. Era hora de novamente mudar o foco e ir em busca do penta campeonato brasileiro.

Consertando os erros passados: Hora da mudança

Após a eliminação, era hora de mudanças. E Muricy tomou conta disso, promovendo as entradas de Jorge Wagner e Hernanes no meio-campo, André Dias na defesa e Dagoberto e Borges no ataque.
Breno se tornava cada vez mais importante
O tricolor paulista teve uma campanha sensacional no Brasileiro. Assumiu a liderança a partir da 18ª rodada, quando venceu o Botafogo, antigo líder da competição, por 2x0, mesmo fora de seus comandos, com gols de Alex Silva e Leandro. Foram incríveis 16 jogos sem perder, com uma série de 7 vitórias seguidas, a partir da 13ª até a 19ª rodada. No total, dos 38 jogos, foram 23 vitórias, 8 empates e 7 derrotas e 67% de aproveitamento. Um feito chamou atenção no torneio: o time não sofreu NENHUM gol entre a 17ª e 25ª rodada. Isso mesmo, a solidez e segurança da defesa garantiram incríveis 987 minutos sem ser sofrer gols. Uma campanha impecável que garantia mais um título brasileiro. E ele veio num Morumbi lotado (70 mil pessoas), após uma tranquila vitória sobre o América-RN, no Morumbi, por 3x0 (gols de Miranda, Hernanes e Dagoberto), com incríveis 4 rodadas de antecedência. Além das eliminações para São Caetano e Grêmio, o São Paulo também foi derrotado pelo Millionarios (COL), na Sul-Americana. A partir de 2007, o time se tornou o rei dos pontos corridos e perdeu a fama de "rei do mata-mata".
Campeão brasileiro de 2007, com incríveis 19 gols sofridos em 38 jogos! Surpreendente.
Time base: Rogério Ceni; André Dias, Breno e Miranda; Souza, Hernanes, Jorge Wagner, Leandro e Richarlyson; Dagoberto e Borges

2008 - A sina continua: Eliminação para brasileiro na competição continental e recorde histórico batido

Há quem diga que 2008 foi um ano fácil para o São Paulo. Como nos anteriores, o time sofreu eliminações constantes mas, no fim, levou o tão conhecido caneco do Brasileirão. Só que desta vez, um recorde alcançado: O ÚNICO clube brasileiro a vencer o Campeonato Brasileiro por 3 vezes seguidas. O "soberano" nacional. Este é o São Paulo.

Como nos anos anteriores, as reposições seriam de suma importância. E, de praxe, jogadores importantes nos títulos passados saíram. Foram os casos de Breno (talento precoce vendido ao Bayern de Munique, por 30 milhões de reais), Aloísio (para o Al-Rayyan, do Qatar), Souza (rumo à Paris, para defender as cores do Paris Saint-Germain) e Leandro (mais um para o continente asiático, só que não para o Kashima Antlers, e sim o Tokyo Verdy). Mais uma vez Muricy Ramalho tinha de "se virar". E, mais uma vez, o "rei dos pontos corridos" tomou a frente ao estilo cascudo e brilhante de 2005. Entre as chegadas, se destaca Adriano, que veio para provar ao seu antigo clube (Internazionale de Milão) que ainda era útil.

A eliminação no Paulista e o pesadelo de brasileiros
A vaga estava nas mãos do São Paulo, eis que, após escanteio cobrado por Thiago Neves, aparece o coração valente...


O São Paulo, como de costume, não teve dificuldades na fase de grupos do Campeonato Paulista e passou para a próxima fase. Porém, o sonho do título (depois de sequentes eliminações) acabou na semifinal, onde foi derrotado para o Palmeiras por 2x0, no Palestra Itália. A eliminação serviu de foco para a competição internacional que estava por vir.

Após uma campanha segura na fase de grupos, o São Paulo novamente avançou às fases finais da competição. Passou pelo Nacional (URU) nas oitavas e um roteiro conhecido veio à tona na fase seguinte. Nas quartas de final, o adversário era o Fluminense, da muralha Fernando Henrique, do coração valente e artilheiro Washington, do artilheiro dos gols bonitos Dodô, do maestro Conca, do aguerrido volante Arouca, de Thiago Neves, Thiago Silva, entre outros. Nada fácil, mas, no primeiro jogo, Adriano, após rebote de Fernando Henrique, explodiu o Morumbi ao abrir o placar. E foi-se assim até o fim do jogo. Um placar magro (que fora revertido pelo Grêmio no ano anterior) separava um time confiante na classificação (São Paulo) e outro mais confiante ainda, pelo fator casa e pela desvantagem mínima. E não deu outra: O Maracanã foi TOMADO por 68 mil torcedores do tricolor carioca que, com a moral mais em cima, abriu o placar com Washington. Adriano, no segundo tempo, marcou o gol de empate e, a partir dali, dois gols faltavam para o tricolor carioca. E, com a vantagem de dois gols, o São Paulo foi revertido e acabou derrotado no penúltimo minuto de jogo, após Washington vencer Rogério Ceni e cabecear firme para classificar o Fluminense e garantir mais uma eliminação do São Paulo para brasileiros. Um semblante interminável.

Após mais uma eliminação, Muricy Ramalho foi duramente criticado por falhar mais uma vez em competições de mata-mata com o São Paulo. De fato, o São Paulo de Muricy Ramalho teve a cara de "Rei dos pontos corridos". Além disso, Adriano voltou de empréstimo para a Internazionale, e a equipe estreou no Brasileirão não vencendo os três primeiros jogos. A hegemonia acabara ali? Não para o time de Muricy.
Rogério Ceni levanta o troféu em Brasília: Mais um para a coleção do maior ídolo da história do São Paulo


Podemos considerar o São Paulo de 2008 como o time mais "irregular" entre os três anos em que foi campeão consecutivamente do torneio, considerando o aproveitamento final. A equipe terminou o primeiro turno da competição sem chegar à liderança uma vez sequer. Porém, a arrancada dada e a ultrapassagem ao Grêmio merecem total respeito. No returno, veio o baque: o São Paulo foi derrotado pelo Grêmio, no Olímpico, por 1x0, assim como no primeiro turno. Como se não bastassem as duas derrotas para os gremistas, ainda teve que se conformar com a gritante diferença de 11 pontos para o próprio líder Grêmio. Muitos davam o campeonato como encerrado ali, e que era impossível dar a volta por cima. Meu amigo, para o São Paulo de Muricy Ramalho, nos pontos corridos nada era impossível.
Hernanes, Dagoberto, Jancarlos e Jean. Ao fundo, Hugo. Que time!
Foi uma arrancada impressionante. O São Paulo foi chegando, chegando... Vencendo jogos, não desperdiçando pontos como fora no primeiro turno. E o Grêmio tropeçou inúmeras vezes. É aquela típica frase: "Se deixou chegar, amigo, não tem quem segure". E deu no que deu: Comandado por Hugo, Borges e Dagoberto, o trio dinâmico e artilheiros do São Paulo na temporada, o time chegou a sonhar com título já nas rodadas finais. E ele poderia vir justo num jogo contra o Fluminense, no dia 30 de Novembro. Era a hora de ir ao estádio e torcer pelo título. Uma vitória simples dava o tri campeonato consecutivo e hexa campeonato brasileiro ao São Paulo.

Porém, com mais de 66 mil pagantes, o São Paulo só ficou no empate com o tricolor carioca e adiou o título para a última rodada, onde enfrentara o Goiás, no Distrito Federal. Após a cobrança de falta de Rogério Ceni, Harlei espalmou e Borges escorou o cruzamento vindo da direita para estremecer Brasília. Era a hora de soltar o grito de campeão. Além de ser o único clube a levantar o Campeonato Brasileiro por três vezes seguidas, foi também o primeiro clube a se tornar hexa campeão do torneio. Na comemoração do título surgiu o conhecido gesto do "Aqui é trabalho, meu filho!", onde Muricy bate com raiva nos braços, "calando" os críticos que o condenaram pelas eliminações no torneio continental. No returno, São Paulo só perdeu um jogo (para o Grêmio), obteve 12 vitórias e seis empates. Foi a "arrancada" dada pelo clube, tida como "improvável" após a disparada dos gaúchos. No campeonato inteiro, dos 38 jogos, foram 21 vitórias, 12 empates e cinco derrotas. Aproveitamento de 66%, abaixo do aproveitamento das conquistas anteriores. 2008 foi um ano que serviu de exemplo pro torcedor são-paulino nunca desistir. Nada está ganho até que algo se comprove. Basta acreditar!
O letal Borges, importantíssimo na conquista do hexa
Time base: Rogério Ceni; Rodrigo, André Dias e Miranda; Joílson, Hernanes, Zé Luís, Hugo e Jorge Wagner; Dagoberto e Borges

Campanha geral do tri campeonato, em números:

114 jogos
66 vitórias
32 empates
16 derrotas
187 gols marcados
87 gols sofridos
67% de aproveitamento
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