A fuga de talentos para centros de menor nível técnico não é recente, exemplificada no leste europeu e no mundo árabe, este último ainda bem atraente. Mas ver o noticiário esportivo tem se tornado uma tortura. Não se passa um dia sem que um clube emergente chinês ameace tirar algum jogador importante de um time do Brasil, o novo alvo predileto. Comissão técnica também não está imune e até fisioterapeutas não resistem à sedução chinesa. Mas por quê?
Uma nova frase deve ser incluída o rol de declarações robotizadas dos jogadores: vou ter a minha independência financeira. Porém, no mercado superfaturado brasileiro um jogador mediano da primeira divisão já consegue um vencimento mensal em torno de 100 mil. Os destaques de nosso campeonato recebem salários espetaculares, exorbitantes dentro da realidade brasileira. Então fico estupefata quando vejo este tipo de “argumento” para se aventurar na China. Basta um mínimo de inteligência financeira para garantir o futuro de inúmeras gerações, cedendo em quase nada no estilo de vida.
Elias parece ser o próximo a trocar o protagonismo em um grande time e as chances na seleção pelo dinheiro chinês |
Dinheiro há de ser o meio e não a finalidade do futebol. Preferi-lo em detrimento às glórias, às oportunidade de ser um ídolo e exemplo para aqueles que mais precisam se apegar ao futebol como a principal, quando não única, esperança na vida é um brinde à banalização do esporte. Se Nelson Rodrigues já dizia que “quem ganha e perde as partidas é a alma”, a alma que vemos nos jogos só pode ser a penada.
Mas, no duro, não se pode culpar apenas os chineses. Só continuam oferecendo contratos porque jogadores bons e com potencial ainda para brilhar continuam aceitando, seja para jogar a primeira ou décima nona divisão chinesa. Sem a identificação nacional, perdida em meio à lama de corrupção e escândalos, o pé de meia é uma apunhalada previsível no futebol brasileiro. Até quando vamos resistir?