Garrincha com o pessoal do Hotel Casarão,
onde se hospedou em Planaltina
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Planaltina, Cidade Satélite de Brasília, Distrito
Federal. 25 de Dezembro de 1982. Estádio
Adonir Guimarães. 12 mil pessoas nas
arquibancadas, para acompanhar o que seria o último jogo do “Anjo das Pernas
Tortas”. Era a terceira vez que o “gênio” vinha à Brasília. Todas as vezes quem
o trouxe para a capital federal foi Manoelzinho, ex-ponta-direita de Flamengo,
América e Fluminense, amigo pessoal de Mané.
O Palco da última partida do Anjo das Pernas Tortas: O Estádio Adonir Guimarães |
A partida foi realizada em prol de Garrincha, para que
ele ganhasse um dinheiro e conhecesse melhor o futebol de Brasília, pois
Garrincha tinha interesse em virar técnico, e na capital federal. Ao chegar na cidade, pôde-se notar a fama que o ponta ainda carregava. Torcedores, e imprensa o aguardavam no aeroporto. Segundo o próprio
jogador, havia 4 meses que ele não jogava futebol.
Manoelzinho mostra a camisa usada por Garrincha em sua última partida |
A partida ocorreu no Natal de 82. Garrincha defendeu as
cores do Londrina de Planaltina contra os veteranos da AGAP-DF
(Associação Garantia ao Atleta Profissional). O último marcador de Garrincha foi Marcelinho, da AGAP. Em
entrevista ao Esporte Espetacular em 2014, ele revelou um pedido indiscreto de
Manoelzinho.
- Ele fez um pedido por um pênalti. E
ele falou: "Marcelo, faz um pênalti nele para ele fazer um gol!". Ele
trouxe uma bola dominada e, nessa bola, ele vinha gingando. E era muito fácil
poder tomar a bola, mas, aí, eu fiquei recuando, recuando e fazendo um pouco de
cena com ele.
Porém,
Marcelinho não teve coragem o suficiente para fazer o penal em cima do “Anjo
das Pernas Tortas”. Só restou para Mané uma falta. Curiosamente, o goleiro da AGAP era um cara que viria a
ser tricampeão carioca (83-84-85) e campeão Brasileiro (1984) debaixo das
traves, defendendo a meta do Fluminense: Paulo Victor.
Paulo Victor, ídolo e ex-goleiro do Fluminense: último arqueiro a enfrentar Garrincha. |
- Eu estava passando férias em Brasília e recebi um convite do
Manoelzinho. Lembro que algumas pessoas atrás do gol diziam: "Deixa
passar, deixa passar", mas não tinha como deixar passar, foi muito em cima
e veio devagar. Acabei defendendo. Logo em seguida, ele saiu do jogo. Para mim
seria realmente uma honra se eu pudesse falar isso para ele. Bate aquela falta
que eu deixaria você fazer o gol – Disse o ex-goleiro, em entrevista também ao
Esporte Espetacular em 2014.
Garrincha desce as escadas para o vestiário do
Estádio Adonir Guimarães no intervalo da partida.
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Mané jogou pouco mais de 60 minutos, mas pouco produziu. Deixou o campo
sem o brilho com o qual Garrincha costumava desfilar pelos gramados Brasil a
fora. Paulo Victor não deixou a bola passar, o eterno 7 do Botafogo não
marcou, e a equipe da AGAP venceu o Londrina de Planaltina por 1x0. Garrincha
perdeu seu penúltimo jogo, e infelizmente o último também, contra o álcool. Morreu em 20 de Janeiro
de 1983, no Rio de Janeiro.