Continuidade e os acertos de Tite


Depois das turbulentas e quase simultâneas eliminações na Libertadores e no Campeonato Paulista, da saída de vários jogadores do elenco e principalmente de Paolo Guerrero, muito se falou sobre o Corinthians e a dificuldade que Tite teria em montar a equipe. As projeções da maioria das pessoas não era boa, e muitos insistiam que o time iria passar por apuros durante o Brasileirão.

No início, parecia mesmo que o timão estava destinado a irregularidade. Defesa sofrendo e ataque praticamente improdutivo. As derrotas para Palmeiras, Grêmio e Santos mostravam as inúmeras deficiências e a dificuldade que o time tinha para render. O detalhe porém era a falta de continuidade. Tite tentava encontrar maneiras do time jogar, e modificava demais o 11 inicial. Seja por lesão, suspensão ou pela Copa América, no caso de Elias.

A competição de seleções acabou, o camisa 7 voltou e Tite definiu como queria o seu time. Tirou Dracena e Ralf, consolidou Felipe e Bruno Henrique e remontou o 4-1-4-1 que vinha sendo utilizado no início da temporada. Acertou em cheio.


O rendimento defensivo da equipe melhorou muito, e hoje é a melhor defesa do país. Muito por causa da saída de Fábio Santos, que deixava o lado esquerdo muito frágil e também pela entrada de Felipe, zagueiro de velocidade que mesmo sem a técnica e capacidade de Gil é muito útil para sair pro combate e principalmente no jogo aéreo.

Outro ponto chave da equipe como já dissemos foi a entrada do volante Bruno Henrique, que tem mérito na melhora do sistema defensivo e no rendimento da equipe do meio campo pra frente também. Mesmo não sendo o exímio cão de guarda que Ralf fora um dia, o camisa 25 marca demais e vem sendo perfeito taticamente. Além disso, qualificou demais a saída de bola, e além de dar liberdade para Elias e Renato Augusto, também os municia na criação de jogadas.
O Corinthians depois das mudanças e da volta de Elias. Imagem: ESPN
Criação essa que começa de fato nos pés de Renato Augusto ou Elias, mas muito mais pelo camisa 8, que flutua de um lado para o outro, e aciona um dos jogadores de lado, Love para o pivô ou até mesmo Elias como elemento surpresa.

A repetição leva a perfeição. Manter a mesma formação é importantíssimo quando se fala em um time num processo de transição. Pode-se criticar o fato do Corinthians ter jogado tão recuado contra o Atlético-MG por exemplo, mas são times em estágios diferentes, e Tite sabe disso. Vem dando cada vez mais corpo ao seu elenco na base da continuidade. Se mudam as peças, o esquema não muda, e aos poucos a confiança vem sendo recuperada.

O segredo do bom rendimento está no meio de campo também, mas principalmente na defesa, cada vez mais regulada por Tite. Méritos para o treinador, que se no início do ano foi muito supervalorizado pelos tais estudos na Europa, acabou sendo subestimado demais quando as eliminações vieram e vem provando de novo o grande profissional que é, colocando o Corinthians numa posição surpreendente para quem passou por tantos problemas.
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