O outro lado da moeda


Quinze de novembro, Itália e Alemanha se enfrentam em um amistoso sem alguns de seus principais jogadores (Chiellini, Barzagli, Marchisio e Verrati - Italia/ Neuer, Boateng, Lahm, Kroos e Ozil- Alemanha), porém, tanto Low quanto Ventura (treinadores das seleções) aplicaram um esquema tático interessantíssimo, capaz de tornar um jogo tecnicamente ruim, num embate bastante legal para quem assistiu.

Itália




A Azurra teve a proposta tática baseada num 3-4-3, sempre priorizando a saída de bola sem chutão. Imediatamente que Buffon dominava a bola, Bonucci e Rugani abriam nos lados da área e Romagnolli permanecia centralizado, somando três opções. A transição ofensiva passava sempre pelos meias centrais. De Rossi, em uma partida espetacular, manteve ritmo, pegada e qualidade de passe, Parolo manteve a média e regularidade. Os alas são peças essenciais, Zappacosta demonstrou uma força física absurda indo e voltando o tempo todo, compensou a falta técnica com vontade, enquanto seu contrário, Darmian, fez uma péssima partida tecnicamente e seguiu apenas o rótulo tático. O trio de ataque fazia trocas de posições constantes, confundindo quase sempre a defesa alemã e abrindo espaço um para o outro.

Defensivamente a palavra que define essa seleção é compactação, atacam em bloco (com 7 jogadores) e a recomposição é absurdamente rápida, não permitia a Alemanha ter um contra ataque em momento algum. Sem a bola, os alas recuavam até a linha de zaga formando uma linha de 5, a frente da defesa ficavam De Rossi e Parolo + um dos atacantes que revezavam na recomposição.
Linha de 5, De Rossi e Parolo + 1 um dos atacantes.


Alemanha

A campeã mundial jogou, assim como a Azurra, com líberos e alas, posições que estão retornando ao futebol moderno. A equipe atuou em um 3-5-1-1, uma tática mais efetiva do que a que a rival jogou, porém, ironicamente as peças não fizeram um bom jogo técnico. Assim como a Itália ela atacava em bloco; os dois zagueiros pelo lado subiam por ter uma boa qualidade de passe e avançavam até o meio campo criando uma linha de 3 zagueiros totalmente avançada (inovador). Weigl fazia a ligação defesa-ataque, mas tecnicamente não fez uma boa partida. Gundogan sempre muito bem, durante o primeiro tempo atazanou a defesa italiana com tabelas e passes chaves. Rudy fez o feijão com arroz tanto tático quanto técnico. Kimmich não fez boa partida técnica e nem taticamente, começou carreira como zagueiro, no Bayern joga de volante e pela seleção jogou de ala (polivalente a força.). Por fim, Gerhadt, que também não fez boa partida técnica, mas recompôs bem taticamente. Goreztka jogava mais a frente que todos do meio campo, porém, voltava um pouco para fazer a ligação meio-ataque, fez um jogo ruim tecnicamente, mas foi o mais participativo depois de Gundogan. Muller pouco apareceu por causa da ineficiência desse meio que, como os alas da Itália, são a parte principal da tática. 

Sem a bola, os alas recuavam formando uma linha de 5, mas diferente da Itália havia um quarteto de meias (Weigl, Gundogan, Rudy e Goreztka), a recomposição era muito rápida, evitando os contra-ataques da equipe adversária. 
Linha de 5, mais o quarteto de meias. *Goreztka não aparece na imagem.

Conclusão

Num duelo 'feio' para os não observadores, o conflito tático rendeu um embate além da visão atual dos brasileiros para futebol (salvo exceções). Jogos como esse mostram que, muitas vezes, a tática se sobressai, e mesmo com a qualidade técnica abaixo do que normalmente se esperam de potências como Alemanha e Itália, o embate de estratégias pode render uma excelente partida para quem se presta a realmente prestar atenção no jogo.
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