Libertadores da América: como chegam os semi-finalistas


Em primeiro lugar, é quase um dever cívico e moral agradecer aos céus (ou ao tempo, este cretino) o fato mais importante da semana no mundo da bola: ela, a Copa Libertadores, está de volta e nós que somos amantes deste pedaço de chão chamado América do Sul não aguentávamos mais esperar. A CONMEBOL, que não adota o calendário europeu e nem faz com que o seu dure o ano inteiro, faz-nos ficarmos refém do espetáculo do futebol sul-americano durante um semestre inteiro, e ainda consegue a proeza de aumentar a angústia dos classificados às semifinais quase todos os anos, pois sempre há uma competição para paralisar a competição.

E a paralisação deste ano (por conta de uma Copa América aleatoriamente CANALHA, mas de muito bom nível), tal qual as paradas de outros anos, fez com que os times sofressem metamorfoses físicas e psicológicas, sobretudo anímicas para a disputa de foice no escuro que é a Libertadores. O lapso temporal de um mês, na cabeça de brasileiros, argentinos, colombianos e equatorianos (sim!) interessados, na verdade durou três décadas e meia, explicada em alguma equação de Einstein chamada de Equação Fundamental da Libertadores (ns).

Os quatro semi-finalistas do certame mais importante dos clubes da América do Sul são muito diferentes entre si, um marco do fútbol da porção sul do continente americano. Além do mais, a Libertadores precisou de 4 anos de competição para repetir um semifinalista (Boca Juniors, semifinalista de 2012 e 2016), ao contrário de certas competições do hemisfério norte onde a renovação é algo praticamente impossível devido à diferença econômica das potências aos demais.

SÃO PAULO
Permanência de Maicon é um enorme reforço para o tricolor.

O tricolor paulista, classificado em uma epopeia quase desnecessária num grupo relativamente fácil na segunda fase, eliminou o favorito Atlético Mineiro na fase anterior e alçou-se como um dos candidatos principais à disputa do título. Além de todo o histórico excelente na Libertadores e sua camisa de entortar o varal, o clube paulista mostrou bom futebol com o pragmático Edgardo Bauza, que conhece como poucos os caminhos da conquista da América, e será um forte candidato a conseguir seu quarto caneco da competição. Entretanto, a parada de um mês fez com que o clube fizesse uma sangria financeira para manter Maicon, um dos pilares da temporada tricolor. Além disso, as lesões recentes de Kelvin e principalmente Paulo Henrique Ganso fazem com que o São Paulo entre em desvantagem no confronto contra o Atlético Nacional, da Colômbia. Antes do embate, é possível afirmar que, para os paulistas, seria melhor enfrentar o clube colombiano logo na sequência da classificação heroica contra o Atlético-MG, uma vez que o fator anímico aliado ao elenco completo poderia ser um diferencial no embate. O clube chega como décimo colocado do Brasileirão, com uma campanha irregular. A parada, portanto, fez mal ao São Paulo, mas não se pode descartar o clube na disputa pela taça que conhece muito bem.

Destaque para a semifinal: Jonathan Calleri.

ATLÉTICO NACIONAL/COL

Os colombianos do Atlético Nacional, primeiro clube daquele país a vencer uma Libertadores, alçaram-se às semifinais após um confronto de altíssimo nível com outro time qualificadíssimo, o Rosário Central, da Argentina. Apesar dos ares heroicos da classificação, o clube já era apontado como uma das grandes forças para a disputa do titulo continental, pois pratica um futebol muito vistoso, técnico, rápido e envolvente com seus jogadores, principalmente Mejía, Copete, Pérez, Ibarbo e Guerra. Para a disputa da semifinal, o verdolaga, apelido do clube colombiano, perdeu Ibarbo e Copete, negociados nesse período. A reposição, porém, é de muito bom nível e o embate com o São Paulo será de igual para igual, com uma pequena vantagem alviverde por decidir em casa e pelas lesões do clube paulista. O Atlético Nacional é o sexto colocado do Campeonato Colombiano, que ainda está na sua primeira rodada, com um ponto conquistado.

Destaque para a semifinal: Guerra.

BOCA JUNIORS/ARG
O terror dos brasileiros chegou novamente entre os melhores da competição.

O bicho-papão de todos os times brasileiros chegou mais uma vez: ao ganhar corpo no decorrer da competição, o Boca Juniors chega à semifinal após uma classificação dramática nos pênaltis contra o Nacional, do Uruguai, em jogo marcado pela expulsão de Pavón, autor do gol que levou os xeneizes ao delírio na Bombonera. Como em todas as outras vezes em que disputa a competição, o Boca Juniors é muito forte e chega despontando como um dos favoritos para a disputa dessa tão equilibrada edição da Libertadores, ostentando seis títulos e buscando igualar seu rival e vizinho de Avellaneda, o Independiente, como maior campeão da competição. Com um ataque diferenciado, especialmente na figura de Carlos Tévez, o técnico Guillermo Schelotto terá a missão de conduzir os seus comandados a eliminar a surpresa Independiente del Valle, do Equador, que já eliminou o arquirrival do Boca, o River, jogando a segunda partida na Argentina, tal qual será desta vez. Em condições normais, os argentinos são amplos favoritos, mas o favoritismo não entra em campo na Copa Libertadores. O Boca Juniors não se classificou à final do Campeonato Argentino, onde ficou apenas na décima posição entre 15 times da Zona 2. Duelo equilibradíssimo, apesar da diferença de elencos, poderio financeiro e camiseta.

Destaque para a semifinal: Tévez.

INDEPENDIENTE DEL VALLE/EQU
Eliminar o River Plate, com méritos, não é para qualquer um. Olho nos equatorianos.

Sensação da Copa Libertadores, o Independiente del Valle chega às semifinais sem nenhum tipo de injustiça: um futebol envolvente, com bom toque de bola, boas triangulações e muita personalidade. Classificado em um grupo com dois campeões da Libertadores, sobretudo vencendo o Atlético Mineiro, eliminou com muita personalidade e justiça o River Plate, mesmo disputando a segunda partida em Buenos Aires. Passou pelo Pumas do México nos pênaltis nas quartas de final e chega com todo o merecimento a uma semifinal pela primeira vez na sua história, para enfrentar uma das maiores grifes do continente. O Independiente del Valle não é um dos grandes clubes do Equador, posto destinado à LDU, Emelec e Barcelona, mas mostrou na atual edição da Libertadores que pode, sim, sonhar com o segundo título da história do Equador devido a sua organização tática e qualidade técnica. Fundado em 1958, conseguiu chegar à primeira divisão do seu país apenas em 2010. Junior Sornoza, de 22 anos, é o grande destaque do esquadrão que tenta fazer história. Se mantiver o mesmo futebol apresentado nas fases iniciais, será páreo duro para o Boca Juniors.

Destaque para a semifinal: Sornoza.

Semi-finais da Libertadores da América

Dia 06/07/2016
São Paulo x Atlético Nacional
Morumbi, 21h45

Dia 07/07/2016
Independiente del Valle x Boca Juniors
Atahualpa, 21h45

Dia 13/07/2016
Atlético Nacional x São Paulo
Atanásio Girardot, 21h45

Dia 14/07/2016
Boca Juniors x Independiente del Valle
Bombonera, 21h45

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