Com passagens importantes por Santa Catarina, Bruno Silva é um velho conhecido no futebol brasileiro, mesmo fora dos grandes centros. Hoje no Rio de Janeiro, o volante é peça importante na reestruturação do Botafogo e nos falou um pouco sobre toda a sua carreira e o momento no clube carioca. Confira a entrevista:
1. Muito se elogia o crescimento do futebol em Santa Catarina,
ao mesmo tempo, aponta-se uma crise e uma notável queda nos clubes do Rio de
Janeiro, tanto os grandes como os pequenos. Você estava na Chapecoense pouco
tempo atrás, a diferença da estrutura deles para o Botafogo é muito grande,
qual a maior que notou entre os dois estados?
A Chapecoense é uma equipe que está crescendo
bastante e que tenho um respeito muito grande. É um clube extremamente profissional
e correto nos seus compromissos. Mas, não é possível comparar com o Botafogo.
Estou jogando hoje num dos principais clubes do Brasil, com muitas glórias no
passado e que busca ter um grande ano em 2016. Além disso, o estado de Rio de
Janeiro tem muito mais visibilidade do que Santa Catarina
2. Acredito que tenha sido algo bastante significativo para um
clube como a Chapecoense, conseguir disputar e ir longe em uma competição
internacional. Como foi a sensação de disputar a Sul-americana por um clube emergente
no Brasil e enfrentar grandes clubes do continente como o River Plate e
Libertad?
Acho que o mais bacana foi que medimos forças
contra eles de igual para igual. Isso mostra que hoje não existe bicho papão no
futebol. Tendo um time organizado, bem treinado e bem fisicamente essa equipe
pode ir longe mesmo não possuindo grandes estrelas e camisas pesadas.
3. O Botafogo faz um 2016 "pés no chão", apenas para
se estabilizar no Brasileirão. Você consegue ver, nesse elenco, condições de
alçar voos mais altos nos próximos anos, ou até mesmo surpreender nesta
temporada, alcançando uma colocação na parte de cima da tabela? Como prospecta o
ano do alvinegro carioca?
Estou no meu sétimo Brasileirão e aprendi que o
objetivo é o jogo-a-jogo. São 38 rodadas. O Santa Cruz já foi líder e hoje é
vice-lanterna. O segredo é a regularidade. Começamos com alguns resultados
ruins, mas com a chegada recente de alguns reforços importantes o time
ganhou corpo e estamos crescendo de produção e buscando resultados positivos, como a vitória diante do Internacional no Beira-Rio.
Crescendo, Bruno Silva e seus companheiros conquistaram uma grande vitória em pleno Beira Rio. |
4. Com alguns jogos marcantes. você chegou a marca de mais de
100 jogos pelo Avaí na sua passagem pelo Leão. Quais lembranças você guarda do
clube? Ainda hoje há torcedores do clube catarinense que te acompanham de forma
assídua?
É um clube que me deu projeção nacional. Passei
a ser conhecido no Brasil após me destacar no Avaí. Fui capitão da equipe,
conquistei acesso e fui campeão catarinense diante do maior rival. Tenho
carinho pelo Avaí, a torcida sempre gostou de mim porque meu estilo de jogo é
de muita raça e a nação azurra gosta de jogadores assim.
5. Recentemente, o Botafogo contratou o meio campo Camilo, que
já atuou junto com você na Chapecoense. Com alguns jogos marcantes pelo clube
de Chapecó, qual é a principal contribuição que ele pode dar ao clube? Já ter
atuado com ele antes é um fator diferencial pra fazer com que o meio campo do
Botafogo dê certo?
Joguei com ele no Avaí também. Ele é um meia
que hoje em dia é raro no futebol. Um autêntico camisa 10 que pensa o jogo. O
Camilo sabe a hora de cadenciar o jogo e sabe a hora de dar intensidade ao
nosso time. Já chegou jogando bem, marcando gol e vai acrescentar muito ao
time.
Novamente companheiros, Bruno e Camilo são conhecidos de longa data. |
6. Sabemos que o Ricardo Gomes tem sido um símbolo de superação
pelas adversidades que enfrentou, mobilizou um grande número de pessoas em
torno do bem estar dele. Com essa volta dele como técnico, o que você pode
tirar de aprendizado com alguém como ele dentro e fora dos campos?
Nós corremos por ele. A história dele serve de
inspiração para todos nós. Deu a volta por cima. É um guerreiro e como treinador
é espetacular. Bastante estudioso e conhece do riscado. Foi um dos grandes
zagueiros do futebol brasileiro.
7. Atualmente, temos visto uma tendência de colocarem jogos do
brasileirão em horários mais alternativos. Jogos às 11h da manhã tem sido bastante
criticado pelo fato do calor ser insuportável essa hora em alguns estados do
Brasil, qual a sua opinião sobre este tema? É realmente complicado jogar esse
horário?
Em relação ao horário, atuei em cinco partidas
da Chapecoense no ano passado às 11h e para mim não foi problema. Pelo
contrário, acho até um horário bom de se jogar, apesar do calor em algumas
cidades. Eu gostei dessa novidade no calendário
8. Pelo tamanho imenso do nosso país, é compreensível que
tenhamos histórias sensacionais de alguns cantos do nosso território
relacionado a futebol. Em sua carreira, já passou por vários clubes em
diferentes regiões do Brasil. Quais as maiores dificuldades que encontrou? Qual
foi a história mais incomum que já vivenciou?
As maiores dificuldades são no aspecto
financeiro. Já joguei em clubes pequenos, com pouca estrutura e que todos têm
de se superar para crescer na carreira. Mas até em clubes com mais tradição já
vi problemas financeiros. No Avaí, por exemplo, lembro de jogadores com
dificuldades para pagar colégio dos filhos pelo atraso salarial.
9. O Botafogo vai ter agora a sua arena para mandar os jogos,
mas durante muito tempo na temporada ficou "nômade”. Isso atrapalhou
quanto o desempenho do time? Quão importante é ter uma “casa” pra jogar?
Atrapalha muito. Não só a gente, mas Fluminense
e Flamengo também. Além do desgaste da viagem deixamos de jogar muitas vezes
diante da nossa torcida. Ter estádio cheio te apoiando ajuda muito.
10. Foi um prazer para nós do 4-3-3 concluir essa matéria, tem
algo que gostaria de ter dito? Use esse espaço para isso, um grande abraço!
Só agradecer a oportunidade de contar algumas
curiosidades da minha carreira. Grande abraço e sucesso a vocês e aos
internautas.