São 23 anos sem um título, muitos fracassos e vergonhas, vários treinadores. A paixão do torcedor aumentou, vários jogadores muito bons passaram, técnicos de inestimável valor foram queimados, outros sem merecer ganharam chance e, por fim, outros, ainda, não conseguiram a chance que mereciam (como Bianchi, por exemplo).
A seleção Argentina disputa amanhã, contra o Chile, segunda final de Copa América em dois anos - terceira consecutiva se considerarmos o Mundial do Brasil de 2014.
A seleção, com uma sucessão de tangos melancólicos e dramáticos, música símbolo da Argentina, empilha, em 23 anos, uma sucessão de trabalhos que inexoravelmente caminharam ao fracasso se olharmos do ponto de vista estrito do resultado.
Nesse sentido podemos considerar, então, que temos uma legítima peça de teatro: o cenário é o campo de jogo, o enredo será o próprio jogo que, como é a vida real e não uma ficção teatral, não saberemos como acontecerá de fato em campo. O diretor da peça é Tata Martino que, como um grande organizador dos atores em campo, será aquele que poderá ordenar as coisas para que tudo termine com um final feliz, onde o herói beijará a mocinha e todos serão felizes, embora não para sempre, mas no mínimo até a próxima copa do mundo. O fato é que, aconteça o que acontecer, os personagens podem ser considerados os mesmos e eles são os seguintes:
O mocinho: Lionel Messi - Messi é, sem dúvida, a grande liderança dessa geração Argentina, seja dentro ou fora de campo: muitos pensam que por sua personalidade mais tímida e contida "la pulga" não se impõe por trás das cortinas, mas nada mais errado, prova disso foi reclamar da demora para embarcar até a viagem final e uma clara "cara feia" para a situação caótica que vive a AFA fora de campo. Porém, do mesmo modo como Messi pode ser o "mocinho", também poderá ser o vilão, se tiver uma atuação apagada.
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| Lionel Messi: mocinho ou vilão? Cenas do próximo capitulo. |
A mocinha: a taça - em todo romance ficcional (seja no teatro, seja no cinema ou nas novelas televisivas) sempre esperamos a concretização do romance, o desfecho da história. Nada mais emblemático que o momento em que o mocinho beija seu par romântico e aparece aquelas três letrinhas apontando "FIM". O beijo entre Messi e uma taça de seleções ainda não aconteceu e boa parte do mundo esportivo espera por esse momento mágico em que o mocinho irá beijar a "moça dourada".
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| Conseguirá Lionel beijar sonhada copa? |
O vilão: A seleção chilena - se alguém pode impedir o beijo e roubar a cena é a seleção chilena, impedindo, novamente, o mocinho de beijar a "moça dourada". Será que, mais uma vez, o homem do cavalo negro e capa "rubra" ("roja") que onde toca não nasce nem o mais rude capim irá aparecer? Ou o mocinho irá conseguir derrotar o vilão e fazer com que a história tenha, finalmente, um final feliz?
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| Os onze candidatos a verdugos: a seleção chilena. |
A música: "Cambalache" - como não poderia deixar de ser, todo drama precisa de um tema, de uma música emblema, de um pano de fundo (nesse caso um "tango de fundo") capaz de casar perfeitamente com a história e, nesse caso, nada narra melhor do que o tema "Cambalache", amplamente conhecida pela voz de Gardel, para simbolizar este momento que pode ser mais uma dor de cabeça a colocar na coleção ou o extravasamento da glória de uma geração que até hoje ganhou tudo por seus clubes, mas nada pela seleção principal de seu país.
Resta-nos assistir e aguardar. Esta novela não é como as demais que possui um roteirista, aquele que escreve a histórica previamente, ademais o diretor pode interferir em seu enredo para modificar o final. Nada está escrito, tudo está por fazer e tudo será escrito com os pés, não com as mãos, apenas o beijo será o clássico beijo apaixonado, porém dessa vez entre o mocinho ou o comandante do exército vilão e uma taça.




