Temporada no azul


Sabe aquela sensação de "agora vai"? Então, foi mais ou menos assim que começou o ano para o torcedor do Palmeiras, acostumado a sofrer nos últimos anos. A nova administração, os reforços e o planejamento davam a entender que de fato teríamos um 2015 verde. Talvez as expectativas não tenham sido alcançadas para o que aqueles mais otimistas imaginavam, porém, é impossível negar que o ano alviverde acaba até melhor do que o óbvio para uma temporada de reconstrução.

Se analisarmos o que costuma acontecer no futebol - que de óbvio não tem nada - veremos que times que praticamente começam do zero não obtém resultados expressivos logo de cara. Aquele torcedor mais "pé no chão" sabia disso, e traçava objetivos mais humildes para 2015. Uma vaga na Libertadores estaria de bom tamanho, aliado ao bom rendimento do time e uma excelente projeção para a seguinte temporada. No Palmeiras, as coisas nem aconteceram tão bem quanto esperado, mas ao final da temporada, Mattos, Nobre e a torcida saem com a sensação de dever cumprido.
A torcida espera demais dessa dupla, e até aqui, está satisfeita

Vamos por partes então: Logo no inicio da temporada a expectativa criada em cima do clube era enorme. Praticamente todos os dias algum novo jogador se apresentava nas instalações do Palestra, e cada coletiva finalizada, o esboço do possível time para o restante do ano era discutido.

"Acho que esse veio pra ser titular hein?"

"Mas e o que foi apresentado anteontem? Tem nome, com certeza não veio pra ser reserva"

O debate era intenso, as dúvidas mais ainda. Mas sempre ressaltando que para o torcedor, era aquela boa dor de cabeça, que parecia fazer uma eternidade que não aparecia. Se o último grande título do clube veio com um time comum - para não dizer fraco - não havia por que duvidar de grandes conquistas com o novo plantel, mesmo desentrosado.
Oswaldo de Oliveira tinha a "dor de cabeça boa" com tantas opções no elenco

Veio o campeonato paulista, e logos nas três primeiras rodadas o "choque de realidade" batia na porta dos torcedores. A excelente vitória na estreia logo foi esquecida pelas derrotas para Ponte Preta e um Corinthians reserva, e o pior, em casa. Serviu para botar o pés no chão. Para acordar e ver que ainda era um esboço de grande time, e não um grande time propriamente dito. Depois dessas derrotas, vieram apenas mais duas, acompanhadas de 11 vitórias e 1 mísero empate. O clube chegava com moral alta e confiança lá em cima para a fase de mata-mata.

Nas quartas, passou aos trancos e barrancos por um Botafogo bem armado, e na semi final teve seu ápice. Visitou o grande rival Corinthians (aquela altura considerado por muitos o melhor time do Brasil), jogou mais e levou a partida para os pênaltis, onde Fernando Prass se consumava como um herói. Papel ainda mais consolidado mais tarde. Com a moral altíssima, o clube chegava como favorito para a final contra o Santos, mas mesmo vencendo em casa, não suportou a pressão na Vila e saiu com o vice-campeonato. Se para muitos o estadual não é de grande valia, para o palmeirense seria grandioso. O título não veio, mas eliminar os rivais era um enorme combustível para o Brasileirão que estava por começar.
Festejar na casa do rival foi inesquecível para os alviverdes

O inicio do campeonato nacional era o começo pra valer da temporada. O g4 era o grande objetivo, mas o sonho, obviamente era o título. Porém, mais uma vez o tal choque de realidade dava um banho de água fria nos torcedores otimistas. As atuações do time alviverde não convenciam e chegavam a dar sono, e nem mesmo uma enorme vitória em Itaquera contra o Corinthians foi capaz de segurar Oswaldo de Oliveira por muito tempo no cargo. O experiente treinador não conseguia dar uma cara ao time, muito menos um grau alto de competitividade. Para muitos o certo era mantê-lo para seguir com o projeto, porém, parecia não dar mais. O Palmeiras não saia do lugar. Não evoluía.

Para reger então o "novo Palmeiras" o escolhido foi o atual bi-campeão Marcelo Oliveira, já conhecido de Alexandre Mattos, principal responsável pelo projeto do clube paulista. O treinador aos poucos encaixou o time, e chegou a acumular sete vitórias consecutivas, flertando com Libertadores e principalmente com o título. A sequência se encerrou e a má fase tomou conta. O alviverde novamente se mostrava inconstante. As características de um time "não-pronto" eram visíveis.

Com as chances de almejar algo cada vez mais longes, o time abraçou a Copa do Brasil, e tinha nela a grande oportunidade de conseguir a sonhada vaga na Libertadores e ainda fechar um ano com chave de ouro. As duas vitórias diante do Cruzeiro mostravam que o clube estava ali para brigar pelo título. E assim foi. O Inter foi a vitima seguinte, em seguida um aguerrido Fluminense também foi deixado para trás, e por fim, o favoritíssimo Santos, que perdeu para um Palmeiras mais motivado do que nunca.
Título e provocação: a coroação da temporada do Palmeiras

No fim, a temporada acaba muito mais positiva do que aparentava pelo decorrer do ano. O time agora tem uma base forte para a temporada que vem, e aliado a isso, conta com uma grande previsão de investimento, para montar um time forte para a maior competição do continente.

Os altos e baixos prevaleceram, mas a glória no fim chegou. Uma recompensa para uma torcida que cansou de sofrer, mas nunca cansou de apoiar o alviverde, que novamente impõe respeito, fazendo jus ao seu hino.
Ver o Allianz Parque lotado foi rotina na temporada. A torcida apoiou sempre.
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