A era Mano e o recomeço com Deivid




Dúvida, afirmação, consolidação, projeção, decepção, gratidão.

São essas, em ordem, as palavras que definem o trabalho de Mano Menezes a frente do Cruzeiro. A chegada aconteceu em meio a desconfiança da torcida, em um momento muito ruim e turbulento. O time ocupava a 16º posição, a 1 ponto da zona do rebaixamento, parecia completamente entregue ao primeiro descenso de sua história com o pífio trabalho realizado pelo "dinossauro" Vanderlei Luxemburgo. A chegada de Mano Menezes, guardada as devidas proporções, era como um transplante cardíaco tendo ele como o cirurgião. Ele poderia realizar a arriscada cirurgia com sucesso e também estaria sujeito a cometer falhas, que por mais bobas que fossem, poderiam facilmente se tornar em uma tragédia.

Muita desconfiança deu lugar a uma surpresa muito positiva. Mano Menezes não só salvou o time do rebaixamento, como também foi capaz de recuperar o coração cruzeirense, que estava machucado, magoado com todos os erros cometidos e decepções no decorrer do ano. A arquibancada vazia deu lugar a um colorido mar azul, o ensurdecedor silêncio que era marca registrada nos jogos do time comandado por Luxemburgo, já não existia mais. O time era outro e a torcida também. A união time e torcida transformou o Cruzeiro de um time entregue a um possível rebaixamento, em um improvável candidato a vaga na Libertadores.
Mano potencializou demais as individualidades, graças ao bom coletivo. Willian é um grande exemplo disso

Uma equipe obediente taticamente, firme defensivamente e que atacava com muita qualidade e velocidade. Jogando em um 4-2-1-3, com Henrique fazendo o primeiro volante e Ariel Cabral, grata surpresa, fazendo as vezes de um “falso volante”. Marcos Vinícius o meia centralizado, mas com muita liberdade para criar e chegar na frente. O surpreendente Willians, que evoluiu bastante nas mãos de Mano Menezes, jogando em uma posição semelhante a que Carlos Sánchez atua no River Plate, na meia direita. De Arrascaeta caindo pela esquerda e Willian como falso 9 comandam o rápido ataque celeste. Com um futebol objetivo e bom de se ver, o Cruzeiro que a algum tempo atrás era considerado um dos piores do campeonato, já tinha seu jogo qualificado por muitos como 3º melhor futebol jogado no Brasil atualmente. É claro que Mano tem muitos méritos no encaixe e bom futebol do time, mas Deivid, escolhido da diretoria para ser o substituto de Mano Menezes em 2016, foi responsável por promover muitas mudanças positivas na equipe. Mudando posicionamento de jogadores, dando orientações e trocando algumas peças. É bom lembrar que a mudança de fase do Cruzeiro veio após uma vitória sobre o bom time da Ponte Preta por 2x1, em Campinas. Naquela ocasião, Deivid foi o comandante do time, que mostrou muita determinação e inteligência para vencer a partida. E até vestígios do que viria a ser o Cruzeiro do Mano Menezes.

17 jogos, 8 vitórias, 6 empates e 2 derrotas, com 62,50% de aproveitamento. Alcançou uma expressiva marca de 13 jogos de invencibilidade. Fica um ponto de decepção com o Mano por parte da torcida, pela escolha dele pelo futebol chinês. Mas tem que ser exaltado o trabalho realizado por ele, que além de salvar o time da segunda divisão, arrumou uma casa que estava com a estrutura comprometida e deu as chaves para o presidente Gilvan, que com aval de todos da diretoria e conselho, anunciou Deivid como treinador para a temporada 2016, tendo como seu auxiliar técnico o ex-jogador Pedrinho e como preparador físico o Alexandre Lopes.
Deivid e Pedrinho: as apostas do Cruzeiro

Enquanto atuava na França, o ex-atacante fez um curso da UEFA de preparação de treinadores e quando ainda era auxiliar técnico de Vanderlei Luxemburgo, também cursou o preparativo da CBF. É arriscado? Sim, pois Deivid ainda não trabalhou oficialmente como treinador em nenhum clube. Porém, na mesma medida que é arriscado, pode também ser um sucesso, pois é um cara que se preparou, estudou e estuda para ser competente e vencedor na nova área que escolheu. Como já citado acima, Deivid foi responsável por promover muitas mudanças no time do Cruzeiro e comandou o time contra a Ponte Preta. Como na chegada de Mano Menezes, fica um ponto de interrogação na cabeça do cruzeirense do que pode ser o ano de 2016 para o time estrelado, a aposta no jovem técnico pode dar muito certo, como também pode dar muito errado. O Cruzeiro não está dando um tiro no escuro, Deivid tem um potencial imenso para a área, mas a torcida sempre quer alguém de renome, já que foram falados os nomes de Seedorf, Aguirre,(que acabou fechando com o rival) Guto Ferreira, Cuca e até em uma possível volta de Marcelo Oliveira. 

A melhor coisa que o torcedor cruzeirense pode fazer no momento é apoiar Deivid e aguardar o ano de 2016. Estamos em dezembro, o clube está com o caixa cheio e promete um ano de investidas, diferente de 2015. Estão sendo falados nomes como de Renê, lateral esquerdo do Sport Recife e Leandro Fernandéz, atacante do Godoy Cruz da Argentina. 

Os jogadores mostraram sua preferência por Deivid no comando do time para a próxima temporada desde que Mano confirmou sua saída, isso será uma das coisas essenciais para o sucesso do novo treinador a frente da equipe. Junto com o apoio de sua imensa torcida apaixonada. É um novo Cruzeiro, tanto em termos de comissão técnica, como em termos de diretoria. Aquele Cruzeiro organizado, de futebol vistoso, vencedor e disputando todos os campeonatos para ser campeão é o que o torcedor espera ver em 2016, mas terá de ser paciente e apoiar o time a todo momento, porque será um ano de recomeços para o time azul. Porém, com essa nova mentalidade, de optar por gente nova, capacitada, com potencial e não optar por medalhões consagrados, ditos os "dinossauros da bola", o Cruzeiro mostra que está renovado e plantando coisas boas, para colher nas próximas temporadas e voltar a ser aquele time vencedor de sempre.
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