Da humildade ao gol

Era uma vez um super herói, herói de todos menos alguns, herói de uma nação, o herói que precisa de um só toque para vencer o inimigo, o herói que sempre estava no lugar certo e na hora certa, como todo bom herói, ele tem uma alcunha, mas todos sabem seu nome. Prazer, Hernane, o Brocador.
Hernane é um daqueles personagens peculiares que só o futebol nos proporciona, pois foi de um qualquer que quase foi "dado" ao Avaí, até o homem que se tornou o ídolo e a esperança de gols de toda uma nação.
Os deuses do futebol brincaram com Hernane, pois o ajudaram a ser vice artilheiro num paulista, a ir pra um grande clube, onde nada fez por um bom tempo. Mas os mesmo deuses quiseram ser mais cruéis ainda, pois ajudaram Hernane a brocar e ser o artilheiro do carioca, mas também o viram voltar para o banco, dessa vez para Marcelo Moreno, que chegou no Fla com muito nome, mas com o futebol esquecido nos pampas do Rio Grande.
Mas Hernane foi persistente, e após péssimos jogos de Moreno e constantes convocações para a seleção boliviana, o Brocador recebeu sua chance e nunca mais saiu. O banco, rejeitado por todos levantou a taça da Copa do Brasil e se tornou artilheiro do Brasil com 36 gols em 2013, muito mais que a grife de Love, a marra de R10 ou a habilidade de Imperador.
O mais cômico nessa historia, é que Hernane é um herói sem a técnica para tal, é um jogador comum, na média, sabe disso e por isso tenta o simples, raramente inventa algo, porém abusa de sua sorte gigantesca e de seu senso de posicionamento apuradíssimo. Tudo isso, seguido de um único toque na bola, foram responsáveis pela grande maioria dos gols do artilheiro. 
Mas duas qualidades de Hernane merecem ser exaltadas: A vontade e a humildade. Hernane não desiste nunca, com ou sem sorte, ele tenta, corre, marca, briga, se dedica do primeiro ao último minuto, e o principal: Ele arrisca, por que sabe que se chutar, pode isolar, mas ele tem fé na chance de acertar o ângulo.
Alem disso, mesmo sendo artilheiro do país do futebol, ele não perde a humildade e o jeito de ser. Sempre exalta os companheiros e o time, e nunca a si. Sem cabelo extravagante, sem fama em redes sociais, sem grife, estrelismo, ou milhares de "Hernanezetes", Hernane parece mais um jovem do interior, que do dia pra noite ficou famoso e não se acostumou com isso ainda.
Hernane é único, podia ganhar muito mais dinheiro na China ou no Qatar, mas quis ficar no Flamengo, quis ficar em casa. Quer mostrar ao mundo, aqui das terras tupiniquins mesmo, que atacante tem que fazer gol, e não fama, que não existe gol feio, que feio é não fazer o gol, quer mostrar que o mundo da bola seria bem melhor, se houvessem outros Brocadores.
O cara.
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