Passaporte 4-3-3 #01 - A redenção de São Patrício


Portugal venceu, no domingo, pela primeira vez uma grande competição de seleções e assim os lusos levaram a taça pra Lisboa. No meio daqueles heróis, se sobressai, claro, o capitão e lenda Cristiano Ronaldo, o alagoano Pepe, o ''cigano'' Quaresma e o experiente Nani.

Mas, no meio de tantos, precisamos falar de Rui Patrício. O goleirão português foi, para muitos, o melhor goleiro dessa UEFA Euro 2016, fechando a meta portuguesa na competição. Apesar das excelentes exibições de Pepe e José Fonte, quando foi chamado à intervir, principalmente nos pênaltis frente à Polônia e na final, brilhou e selou, com a conquista da Eurocopa, o melhor momento da sua carreira até agora.

Revelado no Sporting, uma máquina de fabricar craques, Rui Patrício, natural dos arredores da cidade portuguesa de Leiria, chegou ao clube de Alvalade com 12 anos e por lá mostrou o seu talento nas ''balizas''.
Ver Patrício com a camisa do Sporting já é um costume na Europa.

Predestinado ou não, na sua estreia pelos Leões, no dia 19 de novembro de 2006, lançado pelo agora técnico do Cruzeiro, Paulo Bento, fora de casa frente ao Marítimo, defendeu um pênalti, assegurando a vitória leonina. Começava, logo no primeiro jogo, a mostrar a sua grande especialidade: a defesa de grandes penalidades.

No entanto, seu início no clube não foi fácil. Assumiu a titularidade do time com apenas 19 anos, na temporada 2007/2008 e se mostrava, por vezes, inseguro, sendo contestado em certas ocasiões pelas suas falhas, mas sempre se manteve firme e melhorou com o passar do tempo. Logo nas suas duas primeiras temporadas de serviço no Sporting, conquistou 4 troféus, todos como titular.

Atingiu o seu auge atuando pelos Leões na temporada 2012/2013, a pior temporada da história do clube, em que o time ficou numa miserável 7ª colocação, conseguindo sequer uma vaga européia. Nessa temporada, o goleiro se destacou e salvou o quase falido Sporting de uma humilhação maior. Foi, inclusive, considerado um dos melhores goleiros da Europa na temporada e chegou a ser sondado pelo Mônaco e pelo rival Porto, porém se manteve leal ao clube que apostou nele.

Desde então, nunca mais assumiu um protagonismo tão grande, devido ao ''renascimento'' do clube, porém sempre se manteve em um alto nível, protagonizando, contra o Chelsea na temporada 2014/15 pela UEFA Champions League, uma das melhores exibições da sua carreira.
Apesar da derrota por 0x1 frente ao time inglês, Rui Patrício protagonizou naquela noite uma excelente exibição com uma série de defesas difíceis. No final, José Mourinho o parabenizou.

Na mesma temporada, foi herói novamente, defendendo um pênalti mesmo jogando machucado contra o Braga na final da Taça de Portugal, ajudando assim o Sporting a quebrar um jejum de 6 anos sem títulos, ganhando pela 16ª vez a competição.
Rui Patrício mostra a sua grande especialidade: pegar pênaltis. E não foi diferente na final da Taça de Portugal 2014/15.

Outra das suas grandes qualidades, provavelmente a segunda mais visível, é o 1on1 contra o atacante. O goleiro português possui uma grande capacidade de reflexo e tem um ótimo tempo de saída do gol, encurtando o ângulo de chute do adversário e diminuindo a sua capacidade de reação, anulando assim várias oportunidades flagrantes do oponente.

Naturalmente, seguiu em alto nível pelo clube de Alvalade, rejeitando ainda propostas do estrangeiro e se tornando um ídolo do clube, envergando a faixa de capitão (dividida com Adrien Silva), sendo apelidado de São Patrício. É já o 6º jogador com mais jogos disputados com a ''mítica'' verde-e-branca, são 373 ao todo, a apenas 80 jogos do recordista Hilário, que tem 453.


Muitas vezes criticado por esporádicas falhas saindo do gol ou por alguns vacilos, na gíria os ''frangos'', ninguém é perfeito e o goleiro superou como sempre as críticas. Hoje, em Julho de 2016, é campeão da Europa e certamente um dos melhores goleiros do mundo. Voa, São Patrício!
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