MODÃO CAIPIRA #33 - Glórias Estaduais Parte I


Com o início da temporada futebolística no Brasil, termina a abstinência do povo que sente muita falta de ver a bola rolando, e começam os importantes campeonatos estaduais. E hoje, o Modão Caipira começará uma pequena série, de três posts, sobre os campeões e vice-campeões do Paulistão que são do interior. Contaremos um pouco da situação em que ocorreram os títulos ou vice-campeonatos, tentando resgatar um pouco da memória de glórias dos clubes em questão e também tentando explicar como esses times conseguiram chegar tão longe num campeonato que normalmente é monopolizado por 4 equipes. Hoje, começaremos com alguns vice-campeões, em ordem cronológica:

O primeiro a chegar perto do título foi a Ponte Preta. Em 1970, a Macaca de Campinas conseguiu um vice-campeonato, para surpresa de todos. O clube havia sido recém-promovido, e empolgou muito no primeiro turno, conseguindo ficar na liderança. No fim do campeonato, que era de pontos corridos, perdeu o gás e acabou sucumbindo ao São Paulo. O clube terminou a competição com a mesma pontuação do Palmeiras, na vice-liderança, e com o regulamento da época, o vice-campeonato foi dividido entre a Ponte e o Alviverde. O destaque daquela grande equipe da Ponte Preta era o mestre Dicá, além de outros nomes importantes como Manfrini e o técnico Zé Duarte.

Time-base: Wilson; Nelson, Araújo (Samuel), Henrique e Santos; Teodoro, Roberto Pinto e Dicá; Manfrini, Alan e Adílson (Nelson Oliveira). Técnico: Zé Duarte.

O próximo a conquistar um vice-campeonato, seria o XV de Piracicaba, no ano de 1976. Naquele ano, o campeonato foi dividido em duas fases, e na segunda seria decidido o campeão, com 12 times disputando um turno único. Nesta segunda fase, Palmeiras e XV se destacaram, e fizeram um dos jogos da penúltima rodada. O Palmeiras venceu a partida e foi campeão, enquanto o XV garantiu o vice-campeonato no último jogo, com uma vitória por 1x0 sobre o São Bento de Sorocaba. Os destaques daquele esquadrão histórico eram o zagueiro Fernando, o meia Muri e os atacantes João Paulo, Nardela.

Time-base: Donah; Volmil, Fernando, Eloy e Almeida; Muri e Vagner; Pitanga (Capitão), Nardela, Benê (Paulinho) e João Paulo. Técnico: Dema
Equipe titular do XV no Paulistão de 76.


Nos anos seguintes, a Ponte Preta bateu na trave mais três vezes. Chegou ao vice-campeonato em 1977, 1979 e 1981. Sem dúvidas, essa foi a melhor época da história da pontepretana, e me arrisco dizer que foi uma das melhores fases de um time interiorano na história.

Em 77, muita gente conhece a história do campeonato, que foi o ano da quebra do jejum de títulos do Corinthians. O alvinegro da capital ficou 23 anos sem ganhar um título, e conseguiu isso numa final contra a Macaca de Campinas. Nas duas primeiras fases, a Ponte fez campanha regular e classificou-se para a terceira fase. Nesta última, fez ótima campanha e alcançou a vaga para disputar a final contra o Corinthians. Foram três partidas no Morumbi, com uma vitória do Corinthians por 1x0 no primeiro embate, uma vitória pontepretana por 2x1 no segundo (gols de Dicá e Rui Rei), e a derradeira vitória corintiana no jogo desempate por 1x0 com gol de Basílio. Os principais nomes daquela equipe extraordinária da Macaca eram Rui Rei, Dicá, o goleiro Carlos e o zagueiro Oscar, com menções também para Vanderlei, Lucio e Marco Aurélio.

Time-base: Carlos; Jair Picerni, Oscar, Polozzi e Odirlei (Ângelo); Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lucio, Rui Rei e Tuta. Técnico: Zé Duarte.
O time que entrou pra história por "tirar" o Corinthians da fila em 77
Dois anos depois, com a base mantida, a Ponte foi novamente vice-campeã, e novamente perdeu a final para o Corinthians. Do time de 77, a maioria dos destaques continuaram, com exceção de Rui Rei e Oscar, podendo substituir estes por Juninho (zagueiro), Osvaldo e João Paulo (atacantes). Novamente o campeonato foi dividido em fases, com a Ponte classificando-se bem nas duas primeiras até chegar na semifinal, contra seu maior rival, o Guarani, que vinha de um título brasileiro. Com duas vitórias (2x1 em casa e 1x0 fora), o alvinegro de Campinas se classificou para a final, com destaque para Osvaldo que marcou todos os gols anotados a favor da Macaca na semifinal. Porém, na final, mais uma vez o time interiorano sucumbiu à força do time da capital, e nos três jogos que, assim como em 77 foram disputados no Morumbi, aconteceram duas vitórias do Corinthians (1x0 e 2x0), além de um empate (0x0).

Time-base:  Carlos; Toninho Oliveira, Juninho, Nenê e Odirlei; Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; 
Lucio, Osvaldo e João Paulo. Técnico: Zé Duarte.

Mais dois anos se passaram, e a Ponte chegou novamente à final. Seria em 81 o ano do tão aguardado título? Não, o São Paulo não deixou que isso acontecesse e venceu a final contra o time de Campinas. O regulamento daquele ano foi extremamente complexo, e depois de várias fases de classificação, houve novamente uma “semifinal” entre Ponte e Guarani, que na verdade era chamada de final do 1º turno, e dava o direito do vencedor disputar a finalíssima do torneio. A Ponte Preta novamente bateu seu maior rival, com um empate em 1x1 e uma vitória por 3x2 em sua casa. O São Paulo venceu o segundo turno, e a final, como era de praxe na época, foi disputada com jogos no Morumbi. No primeiro jogo, empate em 1x1, mas na segunda partida o Tricolor venceu por 2x0 e frustrou os planos da melhor geração da história da Ponte Preta de conquistar um título. Nomes como Carlos, Dicá e Marco Aurélio conquistavam ali o terceiro vice-campeonato em cinco anos. Chicão era o principal nome que chamava atenção e era diferente dos que estavam nos campeonatos anteriores. Mas, a sequência boa da Ponte parou por aí, e ela só voltou a conquistar um vice-campeonato mais de 25 anos depois, em 2008, porém isso contaremos mais para frente.

Time-base: Carlos; Toninho Oliveira, Juninho, Nenê e Odirlei; Zé Mário, Marco Aurélio e Dicá; Édson (Serginho), Chicão e Osvaldo. Técnico: Jair Picerni
Jogadores da Ponte saúdam a enorme torcida da Macaca no Morumbi.
Em 1988, foi a vez do outro lado de Campinas chegar perto do título estadual. O Guarani, que já havia conquistado o Brasileirão dez anos antes, e acabou sendo vice-campeão em 86 e 87, chegou até a final do estadual, mas parou na força do Corinthians de Ronaldo, Biro-Biro e Wilson Mano. Com uma boa campanha na primeira fase, o Bugre se classificou para a fase seguinte em segundo do seu grupo, atrás exatamente do alvinegro da capital. Na segunda fase, num grupo com São José, Inter de Limeira e XV de Jaú (enquanto no outro estavam os 4 grandes), o Bugre conseguiu ficar na liderança, e chegar na final. Na decisão, o primeiro jogo foi no Morumbi, e o Guarani conquistou um empate em 1x1, com direito a golaço de bicicleta do Neto para o time de Campinas, e empate de Edson para o Corinthians. O segundo jogo, dentro do Brinco de Ouro da Princesa, terminou o tempo normal em 0x0, indo para a prorrogação. No tempo extra, Viola fez o gol do título e calou a torcida bugrina. Os principais nomes daquele time do Bugre eram Ricardo Rocha, Paulo Isidoro e Marco Antonio Boiadeiro, além claro do excepcional trio de ataque formado por Neto, Evair e Careca.

Time-base: Sérgio Nery; Marquinhos, Vágner, Ricardo Rocha e Albéris; Paulo Isidoro, Tosin e Marco Antônio Boiadeiro; Neto, Evair e Careca. Técnico: Carbone
Evair e Neto comemoram gol pelo Guarani em 88. O ataque infernal ainda contava com Careca!


No ano seguinte, mais uma vez tivemos um vice-campeão do interior. Em 89 foi a vez do São José chegar até a final da competição, mas foi derrotado pelo São Paulo. Nas primeiras fases, conseguiu manter uma boa regularidade, e conquistou uma vaga na semifinal para enfrentar o Corinthians, campeão do ano anterior. Perdeu o primeiro jogo, mas deu o troco no segundo e chegou à final. Com um acordo, os dois jogos foram disputados no Morumbi, e no primeiro jogo o São Paulo abriu vantagem com o placar de 1x0 a seu favor. Na segunda partida, com um público próximo de 100 mil pessoas, o Tricolor segurou a Águia do Vale, e com um empate por 0x0 se sagrou campeão. Os destaques daquela grande equipe do interior eram Tita, Toni, Marcinho e o zagueiro Juninho, que já havia sido vice-campeão pela Ponte Preta anos antes.

Time-base: Luiz Henrique; Marcelo, Juninho, André Luís e Joãozinho; Delacir, Vânder Luís e Fabiano; Toni, Marcinho e Tita (Henrique). Técnico: Ademir Mello.
Equipe titular que fez história na Águia do Vale

Semana que vem, nós voltaremos para mostrar os outros vice-campeões do interior, a partir do ano de 1990, e por fim, traremos a história de todos os títulos paulistas conquistados pelas equipes interioranas!
Compartilhar: Plus